14/03/2031

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Estava relendo tudo (ordens da psicóloga) e concluí que muita coisa traumática aconteceu em muito pouco tempo. Tipo... Pouquíssimo tempo mesmo. 

Tudo bem que eu passei seis meses praticamente vegetando com o desaparecimento do Michael, mas parece que foi só acordar e tentar melhorar que a vida me derrubou de novo.
Estive pensando nisso, essa semana. Clara estava me contando coisas do ano passado que eu não me lembrava de terem acontecido.
Eventos, festas, palestras... Com fotos e vídeos registrados, eu estava lá, mas ao mesmo tempo, não era "eu". Não me lembro de nada disso e nem sei explicar o motivo de estar conseguindo sorrir nas imagens. Há um blackout assustador na minha cabeça e um pesar profundo no meu peito com a ausência de tudo isso...

Mas parece que só pude viver de novo através destas páginas. O que é engraçado... E me faz pensar e conspirar sobre o futuro, sobre... Se alguém irá ler ou não algum dia. Se ler, que vai pensar de mim? E se não ler... O que eu tenho pensado?

É muito curioso o quanto reler suas próprias palavras pode forçar uma auto-reflexão tão profunda, mesmo que sejam coisas tristes ou aleatórias. Escrever é uma coisa tão ridiculamente arcaica, não? Digo... Muitas vezes me pego julgando que deveria abrir um blog. Inclusive, eu tentei algumas vezes, mas depois de tudo o que aconteceu nesse fim de ano, concluí que coisas virtuais são mais fáceis de sumir do que o tangível. Papel e caneta. Isso dá uma segurança estranha, uma sensação de realidade em meio a um mar... Como era aquela palavra? (oh, estou escrevendo meus pensamentos de novo) Arabesco? Não... Poderia ser. Mas não sei exatamente se essa palavra é o que estou pensando, então vou usar "um mar grotesco de acontecimentos".

E isso soou fúnebre e literal ao meu próprio raciocínio.

Será que escrever mais tem me tornado mais poético? Ou seriam minhas leituras recentes surtindo um efeito positivo?

Sinceramente, a televisão está um horror. Bom, sempre foi. Ou você espreme e sai sangue, ou tem bunda e pinto na sua cara ou é série atrás de série. Me recomendaram Nine Lights, o assunto do momento, mas não tô com paciência e nem com cabeça. Até quero fugir da realidade sim, mas sei lá... Tá tudo esquisito demais.

Clara me pediu para fazer um relatório sobre nossos clientes e eu tenho trabalhado sem descanso nisso. Quase 42% da nossa renda total já era, se eu for ser pessimista. Mas... Quem porras vai querer pagar qualquer coisa numa situação dessas?

Se bem, agora está tudo normal. Carros, trânsito, gente ignorante... É realmente assustador o quanto o presidente Yoshua foi eficaz.

Aliás. Não sei porque, mas o nome dele me faz rir. Yoshua Emmanuel ben qualquer coisa. Não lembro agora, depois eu vejo e escrevo. Esse cara é tão foda que acho que não sou sou o único a querer ser ele quando crescer. Com 30 anos e já conseguiu melhorar tanta coisa...

Preciso parar um dia só pra falar dele e das mudanças que ele tem feito, é impressionante.

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2033 [EM EDIÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora