Suspiro e levanto o punho, pronta para bater na porta.
Eu tinha marcado horário, claro, e podia ter cancelado enquanto ainda havia tempo, mas não foi o que eu fiz.
Não sei o porquê de resolver procurar ajuda agora, acho que porque não posso esperar que Jayden me salve.
Eu preciso me salvar sozinha.
É, é isso aí. Eu quero me salvar.
Eu vou e quero me salvar porque acho que mereço uma chance de ser feliz. Talvez essa chance seja Jayden, mas nunca vai rolar se eu não resolver minhas questões internas antes.
Não sei o que aconteceu nas últimas semanas, mas resolvi que hoje, no dia do baile, vou atrás de Jayden. Vou explicar e pedir desculpas.
Vou fazer isso porque ele foi a primeira pessoa que me fez bem em anos. A primeira pessoa que pareceu interessada em conversar realmente comigo, em saber o que eu gostava. Fala sério, ele se preocupou em comprar um presente de aniversário para mim!
E não um presente qualquer, daqueles "comprei isso para dizer que lembrei". Era um presente que ele sabia que eu gostaria.
A porta abre, e a mulher de meia idade sorri ao me ver.
— Imagino que você seja a Grace. — ela diz com um sorriso e eu forço um meio sorriso de volta
Imagino que você seja a pessoa que vai me ajudar.
— Sim, sou eu. — digo e a Dra. Monica da espaço para eu entrar em sua sala
A sala é de um cinza confortável, li em algum lugar que salas de psicoterapia não podem ser brancas já que isso incomoda autistas.
Não sei se é verdade, eu apenas li em uma dessas revistas que ficam na mesa de centro para você ler caso vá esperar muito tempo antes de ser atendida.
Ela sorri, se sentando na poltrona de um azul petróleo, quase preto.
As cortinas são de um creme, que faz com que a luz ultrapasse um pouco, mas tudo bem. Não é algo que me incomoda.
A sala é bem iluminada e com móveis planejados, penso que deve ter sido uma grana alugar essa sala nesse prédio.
— Então, porque está aqui, Grace? — ela pergunta depois que nós duas nos sentamos, eu ajeito a saia nas coxas e engulo em seco.
— Não sei por onde começar. — admito e ela abre um sorriso humorado
— Tudo bem, que tal você me contar sobre como foi a sua infância? — sugere — Muitos traumas são criados na infância, mas só se desenvolvem na adolescência. E se você está aqui, imagino que tenha um trauma, sim?
— É.. acho que sim. — respondo e limpo a garganta, antes de começar — Okay. Eu tinha um irmão gêmeo, e ele era tudo para mim, e isso no sentido literal da palavra, sabe? Era a pessoa para quem eu corria se me machucasse, a pessoa com a qual eu me escondia e chorava em seu colo enquanto nossos pais brigavam na cozinha. Era também quem me defendia no colégio... — lembro com um meio sorriso — Parker era absolutamente tudo que há de bom no mundo. Mas então fomos crescendo, e começamos a nos afastar. Um dia, tivemos uma briga boba, não lembro nem o porquê que ela começou. Apenas sei que eu fui para o meu quarto e desejei que ele morresse. — falo, a esse momento, meus olhos já estavam cheios de lágrimas e meu peito cheio da culpa que me ronda há anos — Park começou a se sentir mal nessa mesma semana. Ou pelo menos, não conseguia mais esconder da gente. Achamos que ele escondeu por algum tempo, até que não foi mais capaz de suportar a dor, e o levamos para o hospital.
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Fluorescent Adolescent | ✓
Teen FictionGrace não é como as outras garotas da idade dela. Enquanto todas estão preocupadas com a sua panelinha da escola e o que vão fazer com suas vidas depois do ensino médio, a garota está vivendo a vida no piloto automático. Ou melhor, sobrevivendo, com...