Grace não é como as outras garotas da idade dela. Enquanto todas estão preocupadas com a sua panelinha da escola e o que vão fazer com suas vidas depois do ensino médio, a garota está vivendo a vida no piloto automático. Ou melhor, sobrevivendo, com...
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Existem poucas pessoas no mundo que merecem ser felizes. Park era uma delas. Jayden é uma delas.
Eu, definitivamente, não sou uma delas.
Por isso corro o mais longe possível dos seus olhos azuis.
Eu fui atrás de Harry, não sei com que coragem.
Acho que enterrei a minha dignidade.
Mas eu precisava de algo que afastasse Jayden de verdade.
Não foi proposital, mas ele ter nos visto na segunda foi um acerto e tanto. Por mais que quando eu tenha entrado no meu quarto, tenha chorado ao som de Cigarettes After Sex, enquanto imaginava a boca dele na minha.
Não sei o porquê de eu continuar fazendo essas coisas, porra. Mas também não sei como agir diferente.
Pego meu celular e apago o número dele, pedindo a Deus para que agora seja a hora que ele desiste de mim.
Não preciso ser resgatada da cova a qual estou me enfiando.
✿
Meu aniversário não foi uma data boa nos anos após a morte de Park. Nem para mim, nem para os meus pais.
Mesmo assim, eles faziam questão de dar um jantar para a família, todo ano. Eu odiava esses jantares.
— Grace! Você não está prestando atenção! — Henry acusa e eu acordo do devaneio — Estou procurando a peça que encaixa aqui, mas não acho.
Encaro o quebra-cabeça quase todo montado na mesa de centro e as peças espalhadas no chão.
Finjo procurar a peça, mas também não estou achando. Na realidade, esses são meus momentos de fuga. Henry me lembra o que Park costumava ser. Mas hoje não está funcionando, já que o garotinho bufa e ajeita o óculos.
— No que você está pensando? — pergunta — É por causa do idiota do halloween?
Dou uma risadinha e encaro o garoto
— Como pode dizer que ele é idiota se não o conhece? — pergunto
— Qual é, Grace?! Ele estava com roupa normal em pleno Halloween! — diz como se fosse óbvio
Solto uma gargalhada alta
— É, ele é bem idiota. — digo rindo — Acredita que ele não sabia o que era a minha fantasia? — pergunto e ele da de ombros
— Tudo bem. Eu também não sabia.
Ele parece finalmente achar a peça, e quando a encaixa, no topo da cabeça do homem de ferro, comemora.
