Harry me beija com vontade, enquanto suas mãos descem para o fecho da minha calça. Seguro as mãos dele e afasto.
— Okay. Já tá bom. — digo claramente incomodada, mas ele parece se incomodar ainda mais
Havíamos acabado de voltar do cinema, mas ao contrário das outras vezes, eu preferi assistir o filme.
— Qual é a porra do problema com você, Grace? — ele pergunta irritado
— O que? — pergunto engolindo em seco
— Você nunca mais quis transar, mal deixa eu tocar em você! — ele reclama — Se você não queria voltar porque veio atrás de mim, porra? — grita
Encaro a minha casa pela janela do carro
— Harry, estamos na porta da minha casa, eu não vou transar com você aqui.
— Você não se importava com isso antes. Nunca se preocupou com seus pais, mas já faz uns meses que você não é mais a mesma. E depois que terminamos, piorou. Parece que quer me punir. Se não ia me perdoar, porque quis voltar? — o loiro pergunta claramente irritado
Fico em silêncio, não tinha o que falar.
— Você ainda quer estar comigo, Grace? — pergunta e eu fico calada
Eu não ia dizer sim, nem queria dizer não. Na realidade, não queria dizer nada. Queria que ele terminasse logo de uma vez.
Harry se inclina sobre mim, abrindo a porta do carro.
— Tchau, Grace. — ele diz e assim que eu desço, arranca o carro sem mais despedidas.
Suspiro, aliviada.
Eu preciso de um cigarro.
Entro na minha casa e subo as escadas, me jogando na cama assim que adentro o quarto.
Pego um cigarro no bolso da jaqueta e penso algumas vezes em ligar para ele.
Eu não ia fazer aquilo.
Quando comecei a ficar com Harry, era por diversão. Era divertido estar com ele. Quase sempre estávamos bebados ou chapados e eu conseguia com Harry um pouco de distração.
Então, não. Eu não me importava se ele me traía ou não. Só fiquei chateada por ser com Nadine, que sempre foi o mais próximo que eu tive de amiga.
Quando eu conheci Jayden e ele disse que eu parecia ser o tipo de pessoa que não fazia o que esperavam, uma lâmpada acendeu na minha cabeça. E de repente, ele parecia me conhecer o suficiente para saber tudo o que eu ia fazer a seguir.
Mas tudo bem, não me importei. Torci para nunca mais dar de cara com ele, mesmo que eu já o tivesse visto na escola antes.
Quando beijei ele a primeira vez, cogitei mudar de cidade. Okay, ele tinha meu coração na mão e podia me destruir, por mais que fosse mais fácil eu destrui-lo.
Posso magoa-lo do mesmo jeito em que posso ser magoada. E tenho medo dos dois.
✿
Faz algumas semanas que estou mais quieta que o normal.
O jantar no meu aniversário foi um fiasco. Meus pais fingiram que sempre tiveram apenas eu como filha, mesmo que fosse aniversário do Park também.
Eu tenho 17 anos de pura inutilidade e egoísmo.
Quando Henry descobriu que tinha sido meu aniversário, ele me deu uma casinha feita com palito de picolé.
Perguntou também o que Jay tinha me dado. Eu disse que nada. Não estava merecendo. E era verdade, até agora.
— Eu comprei para você. — ele diz, impassível
Encaro o disco de vinil de Cigarettes After Sex e quero sorrir. Eu estaria realmente animada se não achasse que isso era uma despedida.
Jayden está na minha frente. Veste um moletom cinza e seu cabelo castanho está desgrenhado. Seus lindos olhos azuis estão tristes, e isso parte meu coração.
A brisa fria do inverno chega, mas o clima parece mais frio que o normal, mesmo que eu esteja com um casaco. As minhas pernas cobertas apenas pela meia calça preta e a saia jeans sentem o vento frio.
— Martin me disse que era seu aniversário. Eu fui numa loja e comprei. — explica, me encarando o observar claramente confusa
— Assim? Depois que eu sumi? — pergunto
— É. Você realmente não merece. Mas já comprei, prefiro te entregar do que ficar encarando na escrivaninha do meu quarto.
Assinto, entendendo. Era uma despedida, ele estava se desfazendo de qualquer coisa que o lembrasse de mim. Como era possível terminar algo que não começou?
— Okay. Obrigada.
— Eu quis saber o porquê de você ter sumido, mas quando te vi com Harry entendi.
Meu coração aperta.
— Sinto muito, Jayden.
Jayden da de ombros e eu engulo em seco, triste por fazer aquilo com ele. Não vou falar que Harry e eu terminamos, que o loiro sequer me tocava sem que eu pensasse nele.
— Ele te faz feliz? — pergunta e eu assinto com um meneio de cabeça, a mentira pesando mais ainda no ar — É o que importa. — diz e o sinal toca. Precisávamos voltar para a sala.
Ele dá um sorriso triste e se afasta. Eu encaro Jayden diminuindo enquanto eu encaro suas costas.
Eu menti para ele sobre Harry porque já consegui exatamente o que eu queria: ele estava afastado. Já até se desfez do que comprou para mim.
Agora não posso voltar atrás, não posso vacilar um mínimo minuto sequer. Eu não precisava estar realmente com Harry para Jayden achar que eu estava.
Não vou para a sala. Pego minha mochila e corro para o meu carro.
Dirijo até uma loja de conveniência e consigo comprar cigarros e uma garrafa de vodka com minha identidade falsa.
A garota com cara de tédio no balcão não se importa em realmente se certificar se eu tinha 21 anos, o que é ridículo, já que pode dar um trabalhão para ela depois, mas é melhor assim.
Mais tarde, quando chego em casa, coloco o vinil para tocar e me jogo na cama, ouvindo mais vez Nothing's Gonna Hurt You Baby.
Mordo o lábio, pensando em como ele se preocupou em escolher um presente para mim e me encontrou com Harry quando foi entregar.
Eu era muito babaca.
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Capítulo pequeno só para dizer: Fluorescent Adolescent tá chegando na sua reta final!!!!!!! E aí, o que estão achando? Não deixem de comentar e votar! ⭐️🤞🏻
Obrigada pelo feedback até aqui.
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Fluorescent Adolescent | ✓
Teen FictionGrace não é como as outras garotas da idade dela. Enquanto todas estão preocupadas com a sua panelinha da escola e o que vão fazer com suas vidas depois do ensino médio, a garota está vivendo a vida no piloto automático. Ou melhor, sobrevivendo, com...