8 | Você pode ser o chefe

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Dave e Krist nos deixaram em frente a casa de Cobain. Sorrisos maliciosos estampavam seus rostos e os dois piscaram para mim, me fazendo corar e encarar o chão, a única reação que eu saberia ter. Enquanto isso, Kurt acenava e retribuía vitorioso e convencido, como se dissesse "isso mesmo, caras. Ela é minha."

Quando desapareceram em uma curva, o vocalista abriu o pesado portão para eu entrar e o fechou em seguida. Ambos de nós desejaram trancar o cadeado, o que fez com que nossas mãos se tocassem e se apoiassem entre si para confinar-nos em sua casa.

Cobain não me permitiu afastar dele e logo me empurrou contra a cerca-viva, traçando círculos em meu pescoço e beijando meu maxilar.

Gemi de dor ao sentir seus dedos ásperos onde Courtney havia me apertado, o que fez com que Kurt se afastasse rapidamente. Sobre mim agora havia um par de cristais azuis preocupados. "Eu machuquei você?" Perguntou, acariciando minha bochecha. Seus lábios permaneceram levemente separados.

"Não, não foi você." Coloquei minhas mãos em volta de seu rosto e tentei guardar cada detalhe dele para nunca esquecer. "Courtney teve suas mãos ao redor da minha garganta." Prossegui, preenchendo-o com tristeza e a mim, com arrependimento por ter estragado o clima.

"Eu sinto muito." Ele repetiu diversas vezes até que eu cobrisse sua boca e ficasse na ponta dos pés para poder encarar melhor seus olhos.

"Shh, não foi sua culpa. Você é a parte boa de tudo isso."

"Você jura?" Cobain tornou-se tão entregue, tão apaixonado e seus olhos brilhavam como os de um cachorro quando o dono chega em casa. A voz dele estava doce e inocente, me fazendo derreter por dentro.

"Eu juro!" Respondi como uma criança e mordi o lábio inferior, contendo um sorriso enorme. Kurt me beijou, mas não conseguiu conter os seus e vê-lo ter que interromper algo extremamente carnal para sorrir de forma pura era meu novo tipo de felicidade.

Ao passar seu braço por cima do meu ombro e me levar até a porta, notei seu pesado suéter de lã. Estava quente e aconchegante, mas não pude evitar de pensar como seria o vocalista sem ele.

Como se pedisse permissão ou desejasse ter a certeza de que eu estava bem com tudo o que estava acontecendo, me olhou na porta de entrada. Segurava o único objeto que havia trazido consigo da clínica: suas chaves.

Assenti com a cabeça animadamente e observei meu cabelo se espalhar no ar com o movimento, fazendo-o rir.

"Só você mesmo..." Ele murmurou e tirou seus tênis e suéter, expondo sua camiseta preta. Tentei fazer o mesmo que ele com meu All Star e casaco, mas seu corpo me deixava confusa sobre como realizar essas ações.

"Evelyn?" Estalou dois dedos a minha frente e levantou meu queixo. "Parece que se perdeu em pensamentos. Quer ajuda com o casaco?"

Aceitei seu auxílio e ri da sua ingenuidade. Kurt não sabia o quão lindo ele era.

"Do que você está rindo, garotinha?" Perguntou ao pendurar o que cobria minha blusa. Senti uma onda de frio me embalar.

"Pensamentos? Sério?"

"Que foi? Não era isso? Você está bem?" Uma euforia o invadiu, fazendo-o avançar em minha direção. "Me diga, por favor."

"Kurt..." Eu ri mais e mais alto. "Eu estava distraída por sua causa. Sinceramente, seu interior é de um anjo e o exterior também." Pisquei ao afastar uma mecha do meu cabelo. O vocalista encolheu-se, desacreditado e tímido.

"Ev... E-eu pareço um rato que não come há semanas."

"Hey, nada disso." Sua autoestima baixa fez meu peito doer. O puxei para a frente de um espelho no corredor e colei nossos rostos. Sorri, enquanto ele olhava para baixo. Seus cabelos cobriam boa parte de sua testa e olhos, portanto os afastei. "Olhe o quanto você é maravilhoso."

Salvando Kurt CobainOnde histórias criam vida. Descubra agora