A Herdeira de Merlin

Capítulo Vinte e Cinco

        " Eu estava - por mais incrível que pareça - sozinha, sentada em frente ao lago de silicios que outrora estive com Serafin. Observava calmamente a água se mover conforme o ritmo do vento e das folhas que nela caiam. A grama em verde vívida levemente úmida fazia pequenas cócegas em meus pés descalços. Fiquei assim durante curta uma hora e meia, quando minha paz foi interrompida por uma figura que se sentou ao meu lado, ele não dizia nada, somente observava o lago assim como eu, também não parecia que iria falar algo. Com cuidado observei as pequenas sardas semelhantes a estrelas douradas em baixo de seus olhos, que tinham um profundo destaque em sua pele negra, os longos cílios destacando seus olhos de elfo das estrelas, seus cabelos selvagens e brancos balançando contra o vento. Ele era verdadeiramente belo, belo com uma beleza exótica e exuberante da qual só podíamos encontrar nos elfos de Strix. O silêncio não era desconfortável como geralmente seria quando dois estranhos estão sozinhos, mas ainda sim que quis interromper aquela situação:

        — Estou diante do gêmeo que me salvou ou com o irmão dele? — questionei. Diferente dos gêmeos Kol e Kal, era realmente impossível achar uma diferença neles.

        — Sou o Vy.

        — Por que me ajudou no labirinto? — Foi meu questionamento. Isso estava martelando em minha cabeça desde o acontecido e agora eu tinha a chance de achar a minha tão aclamada resposta.

         Ele finalmente desviou os olhos do lago, dirigindo-os para mim. Nossa diferença de altura fatidicamente evidente fazia com que minha cabeça tivesse que se levantar levemente para poder o encarar nos olhos. Ele me olhava seriamente, parecia buscar uma resposta na própria mente ou cogitar se devia ou não me falar. Ele se virou para frente, fechou os olhos, respirou fundo e então pronunciou:

        — Existe pessoas que a querem segura, senhorita Merlin.

         Foi tudo o que ele disse, parecia perdido em pensamentos e seu olhar demonstrava que ele implorava em seu interior que eu não questionasse mais nada. Respeitei, afinal. Irei descobrir de uma forma ou de outra mesmo.

         — Entendo. Já tem par para o Baile? — Ele parecia surpreso, não sei se com minha desistência ou com minha pergunta. Por fim, negou com um balançar de cabeça. — Agora tem, me busque no distrito de Pandora vinte minutos antes do jantar, seja pontual, eu odeio atrasos.

         Ele me olhava tentando analisar o que acabará de acontecer, mas ele não questionou, somente assentiu com a cabeça confirmando que estaria lá.
  
          Alguns minutos depois ele se levantou e partiu, se despedindo brevemente de mim. Naquele mesmo dia Kal me convidou para o baile, e tão rápido quando ele me convidou tive que o recusar. Ele não pareceu verdadeiramente chateado, talvez levemente desapontado, mas ele iria superar. "

       Isso já é passado, esse é o agora:

       — Alguém viu meu coturno? — Arey perguntou meio nervosa.

      Resumindo: Eu, ela e Serafin estamos nesse exato momento nos preparando para o baile, que começa daqui uma hora. Meio ironicamente, nós três estamos praticamente prontas, só faltando um detalhe ou outro, e mesmo assim Arey estava nervosa como se ainda não estivesse nem cinquenta porcento pronta. Me pergunto se a origem de todo esse nervosismo é o Baile ou um certo mestiço chamado Aidan Mirko Estevam Galatikus Kastilio.

       De repente a porta do meu banheiro se abre, e de lá sai uma Serafin Toofh completamente deslumbrante!

       — Ficou... Bom? — ele perguntou receiosa.
       — Bom? Se eu não estivesse meio... Sei lá! Pelo Ai, eu me apaixonava agora mesmo por você garota! — Arey falava encantada.
        — Você está maravilhosa, Sef — disse sorrindo, a garota nos responde com um sútil sorriso e bochechas coradas. Eu não estava exagerando.