Capítulo Oito

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    O dia se passou relativamente calmo, hoje. Não fui acordada aos berros em meus ouvidos, não fui incomodada em meu almoço, e nem em nenhum outro momento. Meu único problema hoje foi o Aidan, que não parou de reclamar sobre a questão dele com o Ruivinho Maravilha, mas depois de me cansar de vê-lo dando chilique resolvi colocar um pouco de juízo na cabeça do Platinado...

    - Como ele ousa? Não somos bons o suficiente? - Aidan repetia pela quadragésima nona vez, literalmente, eu contei. - Eu vou mostra pra aquele bundão o que é potencial!

    Enquanto meu melhor amigo repetia a mesma coisa de novo e de novo, eu estava deitada em minha cama somente o observando andar de um lado para o outro em nosso quarto temporário.

    - Eu juro que...
    - Já chega, Ainda Kastilio! - reclamei entediada. - O que o garoto disse é uma fato. Em mais de trezentos anos somente descendentes das famílias governantes foram escolhidos; automaticamente, ele não tem culpa pela opinião ignorante dele. É raro, mas não impossível; contudo, você já pensou que quanto mais raro uma situação, mais tratada como improvável ela é. Ignore-o. E sabe o pior? Você esquece que, mesmo sob os panos, você tem sangue real!

    Ele me olhou digerindo o que eu disse, ele estava com tanta raiva da fala do outro que não viu além. Pouco depois, ele fez uma careta, e então me olhou com uma cara azeda e disse:

    - É, você tem razão. Como sempre! Isso é insuportável, você é insuportável. Sabia disso? - ele quationou me olhando fixamente.
    - Sei. E mesmo assim você não vive sem mim - respondi sua provocação com um sorriso felino, é então estiquei meus braços para ele. - Você sabe, eu sou incrível! - revirando os olhos ele se aproximou, juntando nossos braços e deitando ao meu lado. Enquanto ele se ajeitava em meio ao nosso abraço, comecei a acariciar seus encaracolados cabelos brancos. Sempre odiei abraços, mas o abraço dele sempre me trouxe paz. Ele é minha paz.
    - Tem razão, você é incrível... - ele respondeu muito mais calmo agora deitado confortável com a cabeça na parte superior ao meu seio.

   E assim, nós dormimos. No dia seguinte, Aidan me acordou calmamente para nós arrumarmos e irmos tomar café da manhã.

    - Katrina!

    Saio dos meus devaneios com uma voz feminina me gritando, eu estou sentada na sala da minha atual residência, lendo um livro de maldições, ou estava.

     - Boa tarde, Arey - respondi de forma solene a maga que se aproximou animada de mim. - Posso ajudá-la em algo?
     - Sim!

     Merda. Por que eu fui perguntar? Esperei com meu olhar cético ela dizer o que queria.

    - Nós estamos apostando sobre os escolhidos, e eu ficaria muito feliz se você se juntasse a gente, sabe? Todos estão se divertindo, até Aidan está lá, e você tá aqui, sozinha... - ela fala olhando para o chão com as bochechas coradas. - Eu gostaria muito de me tornar sua amiga! - ela, bruscamente, levantou seu olhar sorrindo enquanto juntou suas mãos a frente do corpo.

     Curioso.

    -Entendo, posso ir, sim.
    - Sério? - questiona animada e, levemente, surpresa.
    - Sim, mas quero algo antes.
    - Claro! O que quiser.

    Olhei em seus olhos seriamente, e então perguntei:

    - Por que, tão de repente, você quer se tornar minha amiga?

     Sua expressão se converteu em genuína surpresa, e agora me olhava com os lábios levemente abertos. Acho que ela não esperava algo tão direto e indiscreto. Ela me olhou, como se pensasse em uma resposta, e então disse:

A Herdeira de MerlinOnde histórias criam vida. Descubra agora