Capítulo Vinte e Seis

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Ao passar pelas grandes portas do salão onde o baile acontecia com os braços dados ao Vy, fiquei verdadeiramente encantada com a bela visão que atingiu meu olhos. Flutuando por toda a extensão do local pequenas fadas que brilhavam dançavam alegremente iluminando o ambiente, e dançando abaixo delas alguns professores e os estudantes giravam em um ritmo constante, vestido esvoaçando e algumas capas rodopiando o corpo de seus donos são visíveis, a alegria no rosto daqueles que dançavam animados de uma forma inexplicável me encanta profundamente. As paredes ametistas com a junção do brilho das pequenas fadas fazia uma luz roxa circundar todo o ambiente, e no lado oposto de onde eu e Vy estamos uma grande mesa com bebidas e comidas claramente apetitosas chama minha atenção. É, acho que vai valer a pena ter vindo.

- Hey, olha ali - chamo o meu companheiro e aponto para a mesa. - Vamos comer? Sei que acabamos de chegar, mas Arey fez com que eu e Serafin passaremos o dia todo trancadas em um quarto nos arrumando, estou faminta... - disse levemente envergonhada. Por que raios falar que estamos com fome provoca a reação de vergonha?!
- Claro, vamos. Também não comi direito hoje! - Ele fala, parece ter ficado bem contente com a decisão de irmos comer, mesmo que de forma mais contida que um feérico normal. Ele agarrou minha mão e saimos rumo a mesa. No caminho pude observar meus companheiros na festa. Arey e Aidan dançavam muito felizes no centro do salão, complemento rodeados por fadas que pareciam em êxtase em sua volta. Pouco depois observei Kal e uma das gêmeas de Silicios conversando em um canto mais afastado, uma energia sexual pesada em volta deles. Resolvi ignorar este último fato. Não vi Peter ou Kol no caminho, mas assim que estava bem próxima da mesa de quitutes vi Serafin e Mirian conversando enquanto bebiam uma bebida dourada, estavam com os cabelos meio bagunçados e ofegantes, o que só podia dizer duas coisas: Ou tinham acabado de sair de uma dança bem animada, ou estavam em pegação pesada. Que adorável. Acenei rapidamente para as garotas, mas resolvi não me intrometer na conversa delas, até porque estou acompanhada.
- O que você quer comer? - ele pergunta para mim, enquanto pega um bolinho salgado, não sei bem, sou péssima com gastronomia.
- Algo doce, por favor - digo a ele que acena positivamente. Eu poderia pegar, mas já que ele tinha perguntado...

Logo ele me entrega uma especia de comida em forma de tubinho, ela tinha pequenos detalhes brilhantes.

- É um doce típico de Strix, se chama túnel estrelado. É meu doce favorito - ele diz, antes que eu morda o doce.

Acenei positivamente e levei o doce até minha boca, o mordendo. Eu entrei em êxtase assim que aquele doce tocou minhas papilas gustativas, ele era doce, mas não doce demais, ele grudava por um momento no céu da boca e então derretia, liberando uma espécie de líquido levemente azedo. É a melhor coisa que eu comi na minha vida! E ele aparentemente percebeu meu agrado, pois sorriu. Eu também sorri. Levei meus olhos até o doce em minhas mãos, e então entendi o seu nome. O líquido azedo era escuro, com pontos prateados, azuis e vermelhos brilhando ativamente nele, pareciam várias estrelas.

- É maravilhoso! Eu nunca provei nada parecido com isso, pelo Caos como eu só conheci esse doce agora?! - Eu perguntei retórica.
- Nossa culinária é conheci por ser excepcional, principalmente nas sobremesas! Quer experimentar outros doces? - ele fala um pouco mais solto, provavelmente pelo meu tom verdadeiramente feliz.
- Quero! Quero, quero - respondi batendo palminhas. Meu estado eufórico me lembrou uma frase dita por minha madrinha a muito tempo atrás:

" A comida estelar revela o melhor de nós! "

Nunca tive a chance de comer de fato, já que minha madrinha é péssima em qualquer coisa relacionada a cozinha, mas agora posso ver que isso realmente é verdade.

[...]

Já tinha se passado um tempo desde que eu e Vy entramos no baile, e tinha sido realmente divertido. Eu e ele estamos falando sobre nossas escolas, quando vejo pela visão periférica Peter passar com o semblante desagradado a sete metros de distância de onde eu estou, aparentemente ele nem mesmo me percebeu. Acompanhando ele com o olhar pude ver o mago sair do salão, me fazendo soltar um sorriso malicioso.
- Preciso falar com meu irmão, espera um instante? - ele me perguntou gentil, o irmão dele estava um pouco longe de nós com a cara amarrada e sem par.
- É claro, pode ir - respondi sorrindo para o estelar, que depositou um beijo em minha mão antes de se afastar. Ele não podia ter saído em um momento melhor! Sorrateiramente saí do salão, indo atrás da minha presa...

Eu o procurei por um tempo, e finalmente eu o achei em um corredor deserto. Ele estava encostado na parede, seus olhos fechados e o semblante sério. Fui sorrateira ao me aproximar, e quando já estava perto o suficiente me pronunciei:

- Curtindo a solidão?
- Ahhh! - ele grita colocando a mão no peito assustado. - Katrina? Pelo Caos, quer me matar?

Quero... Mas não assim.

- Desculpe. Vi você saindo da festa, parecia irritado. O que aconteceu? - questionei intrigada. Ele me olhou por um momento, e então suspirando ele disse:
- Minha acompanhante, ela é terrivelmente irritante.
- É mesmo? Com quem você veio?
- Se eu te falar que nem sei o nome dela, você acredita? - ele comenta colocando a mão na cabeça. Eu solto uma risada diante da informação.
- Que pena que sua noite esteja sendo ruim. A minha está ótima, aliás! Eu sou uma excelente companhia, e também estou muito bem acompanhada - falei sorrindo, o tom Gentil e sem segundas intenções não combinava em nada comigo.
- Veio até aqui pra isso? Pra esfregar na minha cara que eu perdi a chance de ter a sua magnífica companhia?! - ele pergunta levemente indignado.
- Exatamente. Mas eu também quero saber por que me deixou como segunda opção, acha que não sou bonita ou divertida o suficiente?
- O que? Não! Eu só...
- Você o que, Peter? Por que me deixou como a porcaria de uma segunda opção? - eu pergunto, meu tom agora sério e meio gélido.
- Eu não sei! Estava inseguro? Não justifica minha desistência...
- Inseguro? Desistência? Do que você está falando? - questiono.
- Isso não importa mais, já foi - ele diz sério, olhando para o chão.

Um choque de raiva sobe meu corpo, fazendo com que eu prendesse o corpo do Vandecor na parede. Ele não reage minimamente a meu ato.

- Não importa? - eu pergunto me aproximando de seu ouvido. - Pois vai importar - sentenciou em um sussurro, vendo os pelinhos de seu pescoço arrepiarem.
- Katri...
- Shii... Calado, você não tem lugar de fala - eu proclamo séria, logo levando minha mão por debaixo de sua blusa. - Você... Não me acha atraente o suficiente? Não... Me acha interessante o suficiente? Diz Peter, diz pra mim - eu murmurava falsamente chorosa, vendo o corpo dele duro como rocha.
- N-não é... Não é isso - ele fala falho e ofegante.
- Não? - perguntei antes de juntar ainda mais nossos corpos, aproveitei a fenda de meu vestido e coloquei minha perna entre sua pernas, rente ao seu membro, que ameaçava acordar. - O que é então? Por que eu fui sua segunda opção? - agora minha outra mão acariciava seu queixo, e com minha cabeça entre seu pescoço começo a distribuir sutis beijos sobre a pele pálida do mago.
- Você nunca foi... foi... Segunda opção, Kat. N-nunca... - ele dizia, totalmente sem postura e rendido a mim.
- Então por que me magoou, Peter? - falei afastando minha cabeça de seu pescoço e olhando em seus olhos, o vermelho tão vivo que eu poderia dizer que está em brasas. Ele tinha me magoado? Por isso eu estou aqui?
- Tenho medo, Katrina... - ele finalmente consegue formar uma frase.
- Tem medo... de... Mim? - pergunto, uma nítida confusão e evidente em minha voz. Ele sabe de algo? Como descobriu?
- Não, não de você - ele disse, levantando sua mão e a colocando sobre minha bochecha direita e a acariciando. - Tenho medo de me machucar, porque eu estou completamente rendido a você, Katrina Merlin. Acho que... que amo você.

Eu o olhava estática, pela primeira vez na minha vida eu não sabia o que dizer, e nem o que fazer. Eu odiei essa sensação. Então eu fiz a única coisa que sabia que conseguiria fazer naquele momento...

A Herdeira de MerlinOnde histórias criam vida. Descubra agora