Os descendentes ainda conversam animados a minha frente. Aidan e o gêmeo Phinix, que eu descobri que se chama Kol, ainda trocam flertes e risadinhas, mas não pude deixar de notar o pequeno brilho que se instala no olhar dele sempre que a maga, acho que seu nome é Arey, entra em seu campo de visão. Os demais conversavam entre si, exceto eu, a herdeira das bruxas e, ocasionalmente, Peter. Já tinha se passado uma hora, e trinta e seis minutos desde que o jantar se iniciou, não deve demorar até que encerrem; estou ansiosa por isso, quero descansar.
- Não é verdade, Kat? - Ai pronunciou animado me chamando a atenção.
- O que, exatamente?
- Pelo Caos, Katrina! Você não ouviu nada? Nadinha? - ele perguntou exasperado. Respondi com minha mais bela cara de tacho, logo vendo ele bufar. - Eu estava contando ao Kol de quando a gente voou em um Nyris pela primeira vez. Não é verdade que conseguimos ultrapassar as nuvens?
- Ah... Sim, é verdade - respondi simplista.
- Isso é tão incrível! É realmente trágico que os Nyris só aceitem ficar perto de feiticeiros, eu sempre quis voar em um! Eles são tão lindos, e poderosos! É verdade que eles podem mudar de forma?
Resolvi fingir que não escutei a pergunta.
- Mas então... Katrina - Falou comigo o paquera de Aidan. - Você quase não falou conosco. Gostaríamos de saber mais sobre você, sabe... meu amig- AI! - ele ia falar alguma coisa quando se sobressalta em meio a um grito fazendo a mesa acordar. - Por que você fez isso?! - rosnou para Peter.
- Me desculpa, foi um espasmo - respondeu sorrindo amarelo.
- Continuando a pergunta do meu lindo irmão, fale um pouco sobre você - desta vez foi o segundo ruivo, Kal. - Tem namorado? Namorada? Gosta de doces? Fale algo.
- Deixem a garota em paz, seus palermas! - reprendeu severamente Arey. - Assim vocês vão a assustar, não conhecer!Que bonitinho, ela acha que eles podem me assustar. São todos tão intrometidos nessa escola, isso pode ser um problema.
- Sinto muito, não sou ninguém, e não há nada sobre mim interessante a ser falado - respondi com a cara fechada.
Os outros parecem ter ficados surpresos com minha resposta, imagino que por serem da elite sempre tenham a atenção de todos; Aidan, por outro lado, me olha com um sorrisinho. É um fato que eu detesto falar sobre mim, nem poderia, então me coloco em meio a uma armadura de mau humor e respostas secas para que não tentem se aproximar, obviamente com a devida educação que me foi dada.
- Meus caros alunos e convidados - viro meu olho quando ouço Nakamura se pronunciar. - Infelizmente, nosso jantar deverá se encerrar... Espero, sinceridade, que todos tenham aproveitado nossa comida, e da nossa hospitalidade. Depois daqui seguirão rumo a sua mansão de província, onde poderão continuar a se conhecer. E amanhã, após o almoço, as inscrições para a escolha do campeão da disputa, se iniciará! Agradeço a todos pela colaboração. - terminou seu pequeno discurso se sentando.
Em algum momento, toda a comida da mesa desapareceu, e todos os alunos da Elite se levantaram junto aos escolhidos para irem até sua mansão de província. Eu me levanto junto e Aidan para irmos com os restante, mas sou impedida por uma voz:
- Senhorita Merlin, o diretor deseja vê-la em sua sala. Teria a gentileza de me acompanhar? - pergunta o valiriano que nos trouxe para o grande salão.
Afirmo com a cabeça, rapidamente me despedindo de Aidan, e começo a seguir o mesmo pelos corredores. Enquanto andamos pude observar pequenos detalhes na estrutura da grande mansão, sempre tinham detalhes em prata e dourado pelo caminho, e ametistas na decoração. O caminho foi silencioso, estranhamente confortável. Quando noto, estamos em frente a uma grande porta, de aproximadamente três metros e meio de altura, a ela, diferentemente do resto da estrutura, era totalmente preta, com rubis cravados formando o símbolo de Estheriam.
- Me despeço aqui, senhorita. É uma honra conhecê-la.
E assim, ele se foi. Bato três vezes na porta, esperando a permissão para entrar, que logo é concedida. Entro na sala do diretor, ela é ampla, cheia de livros, novos e antigos. Ela destoa do resto, assim como a porta, já que a cor vermelha se mostra presente por quase toda ela.
- Mandou me chamar, diretor Nakamura - pronunciei, finalmente dirigindo meu olhar para o citado.
Alastor Nakamura é um feérico com aproximadamente trezentos anos, ele era um homem bonito, tinha um rosto definido com pouquíssimas rugas, seus cabelos era em um tom preto, que de alguma forma conseguia remeter ao vermelho, ele usava um terno formal preto, que o dava um ar de poder, e era isso que ele era, poder encarnado. Alguns o chamam de "O grande feiticeiro", o que é contraditório, já que o diretor era um mestiço, mesmo que ninguém percebeceria se os olhos de elfo estelar não o entregassem. Esclera negra, remetente a noite, com seu núcleo em um vermelho brilhante.
- Realmente, mandei... - ele me respondeu enquanto seu olhar sobre mim era analítico, ele estava sentado em sua cadeira enquanto apoiava seu rosto em uma das mãos. - Mas... Não me chama mais de padrinho, Katrina? - questionou enquanto levantava suas sobrancelhas em uma expressão de dúvida, um sorriso felino é visto em seus lábios.
- Não achei correto, devido a não estarmos em um ambiente conhecido. Peço perdão - falei enquanto abaixava minha cabeça em respeito. - No que posso ajudá-lo, padrinho?
- Certo - ele disse fazendo uma careta de desgosto para minha resposta. - Foi muito conveniente você ter sido uma dos escolhidos junto ao seu amiguinho - ele dizia com um tom de desprezo ao se referir a Aidan. - Você estar aqui, torna minha vida mais fácil, e ela não costuma ser nada fácil! Tenho um trabalho pra você, Querida.
- Estou a suas ordens, Mestre - respondi sem expressão facial alguma, o olhava de forma seria e analítica.
- Como você deve, tragicamente lembrar, os paladinos atacaram Pandora a uns bons anos, o que quase inciou uma guerra entre as raças. Após isso, seus herdeiros foram tirados da Escola e eles cortaram quase todo o contato com as outras quatro raças, por fim passando anos no silêncio. Semanas atrás você coletou a informação de que eles estavam perturbados, ansiosos... Temo que isso esteja relacionado a Disputa - ele despejava informações atrás de informações. Eu já estava ciente de todas, mas ele gostava de me torturar com a espera.
- Eu sei, deduzi isso também - falo ansiosa, queria falar mais, pedir para que ele parasse de enrolação, mas eu não teria coragem de afrontar ele. Nunca mais.
- Sua missão, Katrina, é observar e proteger Peter Vandecor. Se aproxime dele.
Eu estava pronta para questionar o porquê de ser justamente a ele, quando uma luz se acende um minha mente. Os boatos são verdade, então? Os paladinos atacaram Pandora com o principal objetivo de massacrar os Vandecor.
- Entendo. É só isso, Mestre?
- Por agora, sim. Se retire.
Concordo com a cabeça me levantando, quando estava prestes a sair ouço me chamar mais uma vez:
- Ah, e Katrina... Não ouse se apegar ao garoto, nem a nenhum deles - ele falava com a voz fria, absurdamente sombria. - Eu já fui piedoso demais, permitindo sua aproximação do filho de Selene.
Concordo com a cabeça, sem coragem de encarar seus olhos, então me retirando as pressas de sua sala. Não, Nakamura, você não foi piedoso, você foi covarde demais para enfrentar minha madrinha.Capítulo seis disponível em: https://m.dreame.com/novel/RJfk3TOG6sCzMPdE+OF7ag==.html ou abaixe o app Dreame pela play store e pesquise " A Herdeira de merlin"
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A Herdeira de Merlin
Fantasy❝ Antes de ferir um coração, tenha certeza que você não está dentro dele. ❞ Em um mundo onde o grande véu esconde as terras feéricas, os alunos da elite dão o sangue para responder as espectativas de suas futuras nações, mas a chegada de uma...