Capítulo 20

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AMANDA

É meu terceiro pote de pudim e... contando. As coisas não pareciam certas eu me sentia com raiva, raiva de mim, do mundo, de tudo. Eu queria simplesmente gritar e me debater como uma pessoa louca mas eu fiquei ali, sentada, entrando em um buraco fundo de incompreensão, angustia, tristeza, mas principalmente incompreensão.

Minha vida foi tirada de mim, quem na vida tem um parto e fica em coma depois? Eu nunca tinha visto isso na vida, não era real, eu tinha que estar em uma espécie de pesadelo. Pelo menos, foi o que eu pensei. Naquele precioso momento, quando encarei os dois pedacinhos do céu na minha frente, eu podia tocá-los, beijá-los, aninhá-los em meus braços. Ou chorar, chorar pelo tempo que eu perdi.

Não fui a pessoa que trocou a fralda deles, ou quem deu o primeiro banho. Meu Deus, eu nem pude amamentar meus filhos! E tudo isso por quê? Quem eu deveria culpar? Eu deveria culpar Maluma? Deus? Os médicos? O Hospital? Parte de mim queria um pouco de explicação, uma base para sustentar a angustia que aquilo estava causando-me, mas a outra parte - engulo outra colherada de pudim - queria apenas sucumbir de novo ao sono profundo, eles se viraram tão bem sem mim, que utilidade eu teria?

_Tem que me dizer o que está pensando - ouço Maluma dizer, não consigo encará-lo, não quero encará-lo - Se você não quer conversar comigo Amanda, vai ter que conversar com alguém.

_Como você se sentiria? - pergunto a ele do meu canto no sofá após outra colherada de pudim - Se planejasse por longos meses o modo em que criaria seus filhos? A primeira fralda - sinto lágrimas brotando nos meus olhos - O primeiro banho, as canções que cantarolaria quando desse de mama e então...

_Amanda você... - suspira Maluma agachando-se no chão próximo a mim.

_Não Maluma - sorrio encarando meu potinho vazio - Por que você não me fala? Hum? É porque você não pode. Dois anos, eu estive dois anos em coma. Oh. Meu. Deus. Eles já sabem falar?

_Algumas palavras, Isabela sabe mais que Miguel - continua Maluma delicado.

_Uol - fungo em um sorriso - Parece que ninguém precisa da mamãe aqui.

Maluma retira o pote de pudim de minhas mãos e as segura. Sinto sua mão maior que a minha fria ao toque. Mas o frio era bom, o frio era o que fazia sentido agora.

_Eles precisam da mãe deles, sempre vão precisar de você.

_Mas não é só isso, verdade? - sorrio ao desfazer-me de suas mãos e sentar em uma posição mais ereta - Você não foi um pai presente Maluma, não não não, deixe-me terminar. Eu acordei há três dias e o que eu percebi foi. Estive em coma por dois anos. Bryan assumiu a responsabilidade para si mesmo, porque você foi preso. Os gêmeos cresceram em meio a um tiro de guerra porque você e a sua amante, vadia, eu não, não quero saber! Estiveram brincando de caçar assassinos, traficantes e gangues por dois anos! Eu não estava aqui, mas você estava aqui! E em vez de cuidar deles, como um pai faria! Você foi dar tiros, colocar algemas e prender bandidos!

_Amanda a historia não é bem assim - Maluma estava começando a ficar nervoso - Não diga desta maneira, eu posso explicar.

_E que maneira você quer que eu veja? - questiono ao me levantar - Você fez um acordo, okay. Você prendeu o homem Maluma e o que você fez depois? Hum? - ele ficou em silêncio encarando-me do chão, covarde - Você gostou Maluma e você quer saber o porque você gostou? Porque ser um policial é o único trabalho em que você é bom, o único trabalho em que você pode matar com legalidade, ser cruel sem descumprir uma lei.

_Você está sendo cruel Amanda, essa não é você - diz ele levantando-se.

Limpo as lágrimas de minha bochecha e encaro o teto. _Você transou com ela?

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora