Capítulo 24

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DANIELA

O que eu estou fazendo? Encaro a quarta xícara de café, o que eu estava fazendo? Infernos! Deixo o dinheiro na mesa e saio do café da delegacia. Independente de estar provavelmente sofrendo por amor novamente eu não deveria deixar Maluma me expulsar de minha própria casa.

Tudo bem, tudo bem. Talvez ele não tenha me expulsado definitivamente, talvez eu por medo e um pouco desnorteada com minhas feridas tenha prefiro sair da minha casa às 3 horas da manhã, para evitar encará-lo. Mais - ligo o carro - isso não deveria ser assim. Eu não era mais aquela linda e formosa menininha inocente, que se deixaria sangrar novamente. Eu também não era um joguete, era uma mulher madura, experiente, dona de mim mesma. Eu sou um soldado, eu luto minhas batalhas eu não fujo delas.

Ele tinha que escolher. E como ele não me escolheria - o rancor deveria ser chocolate para que eu pudesse comê-lo - então ele que caísse fora e me deixasse seguir a minha vida. Eu estava tão convicta, tão focada que quando eu estacionei o carro e subi rapidamente pela escadaria do meu apartamento eu não esperava perder minha respiração - e juízo - quando o visse.

Maluma estava sem camisa jogado no sofá e fumando tranquilamente como se não houvesse amanhã. Todos aqueles músculos abdominais contraindo-se ao inspirar. Arrepio-me por um instante e limpo minha garganta - já que estou praticamente salivando - antes de começar meu discurso, três minutos atrás ensaiado.

_São 4h45 e você não foi embora ainda - digo para ele, eu estava pronta, seria um corte limpo - Você não pode entrar em minha casa quando você quiser Maluma, eu quero minha chave extra e quero você fora, não pode e não vai brincar com a minha vida.

Estava tão orgulhosa de mim mesmo.

_Estava esperando você voltar - disse ele sentando-se e apagando seu cigarro deixando-o dentro da lata de cerveja - Estou devolvendo sua chave, tentei fazer sua vizinha, a louca por gatos ficar com a chave mas ela apenas gritou e tentou ligar para a policia. Não estou ficando em sua casa Daniela, assim como não estou ficando em sua vida.

Então ele já havia decidido. Cruel. Ele sempre dava o golpe final.

_E posso apenas prever que você deve ter esfregado seu distintivo nela - cruzo os braços, então ele estava se mandando, que ótimo - Pelo menos tenha a decência de não jogar suas cinzas em meu tapete.

E de deixar meu coração na porta quando você partir, fazendo o grandessíssimo favor.

_Tchau Daniela...e sobre o caso em que estávamos trabalhando, ele será transferido para Jesus, pedi demissão, após ganhar minha liberdade, ser inocentado e ficar dois anos na policia, pra mim já deu, eu posso fazer o que eu quiser de minha vida agora, estou partindo da Colômbia.

_Eu só queria Maluma - sussurro sabendo que ele ainda não tinha fechado a porta - Que você não tivesse me beijado como se realmente me amasse, que não tivesse dormido comigo como se realmente fosse escolher ficar comigo. Por um breve momento achei que tivesse seu coração. E justamente aquela que o tem, não o quer. O destino é mesmo uma cadela.

A porta fechou-se e dessa vez era definitivo, ao menos para mim, eu jamais, nem que o próprio papa em pessoa me ordenasse. Eu jamais permitira que Maluma me machucasse novamente. E eu não podia culpar Amanda por roubá-lo de mim é irônico e verdadeiramente um comentário maldoso, mas a mulher havia me dado dois anos de sua vida. E tudo por uma conspiração mafiosa da qual eu finalmente consegui me desvencilhar. Graças a Bryan.

Então era isso, acabou. O Final. A resolução de minha vida. O cheque mate, o rei venceu. Decido tomar um banho e direciono-me para minha cama. Apenas paro por um momento e sento-me em minha cama, encarando o pedaço de papel que ali estava escrito.

Lembro-me explicitamente de dizer para Maluma jamais entrar em meu quarto, mas já que ele não voltaria para levar um tiro por sua audácia - suspiro - ao pegar o papel. Não fazia mal ler o que ele escreveu.

Daniela,

Eu tenho que te dizer um par de coisas que talvez você não queira escutar. Desculpe-me mais eu tenho meus motivos e nesse jogo do amor, já perdi o suficiente. Nossa historia já havia se convertido em passado e eu prefiro falar claramente, pois prometi jamais voltar a maltratar meu coração. Passamos alguns meses juntos e não posso dizer que não dei o que você merecia, três pela manhã e pela noite um par de vezes. Parece que isso cresceu e cresceu e você levou pelo caminho errado. Mas você não deveria ter esquecido que era apenas um interesse, algo passageiro. Você nunca chegou em um bom momento em minha vida, e se eu te dissesse o contrario estaria mentindo. Analiso e concluo, cada louco deve permanecer consigo mesmo. Não fique sozinha, há homens de sobra, busque alguém que te ama e te apaixone constantemente. Eu não te dei meu coração, verdadeiramente não o dei, talvez eu tenha te emprestado em alguns momentos e nesses momentos eu te dei todo o meu amor, mas já é hora disso ser devolvido. Você pode querer apagar as lembranças ou levá-las com você. Adeus.

Eternamente nunca seu.

Maluma.

_Eternamente nunca seu? Seu grande saco de bosta - amasso o papel e o arremesso pelo quarto - Hipócrita - fungo - Idiota - meu nariz arde e as lagrimas nublam meus olhos - Quem disse sorvete? Eu digo sorvete.

Lembro-me dele dizendo a primeira vez antes de transarmos:

_Você quer se fodida? Isso é a única coisa que terá.

Corro para a geladeira em meio as lágrimas e encaro meu frio congelador com apenas um papelzinho, o ultimo recado de Maluma que eu veria por meses.

Tomei a liberdade de comer o seu sorvete.

E no final, ele realmente havia levado tudo o que eu tinha de bom.

Livro 2 - Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora