Capítulo 4

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Capítulo 4

- Terra à vista! - Selena acordou com um grito próximo demais de si.

Selena abriu os olhos e se assustou quando viu que tudo estava claro. Quando conseguiu focar sua visão, percebeu que adormecera com a cabeça no ombro de Edmundo, dividindo com ele uma coberta quente - que ela não tinha ideia de onde surgira. Ela se espreguiçou, tomando cuidado para não acordá-lo, mas assim que as cobertas se mexeram, ele despertou também.

- Bom dia, dorminhoca. - ele disse em um tom brincalhão, mas mal podia manter os olhos abertos pelo sono e seus cabelos estavam desgrenhados.

Selena riu.

- Olha quem fala! - ela disse, revirando os olhos. E então se lembrou de que dormira enquanto conversava com ele, em seu ombro ainda por cima... - De onde surgiu essa coberta? - ela perguntou meio encabulada.

Edmundo coçou a nuca envergonhadamente. - Você dormiu e eu não ia te deixar sozinha, então eu trouxe minha coberta pra gente.

Selena sorriu e estava preste a dizer algo, quando Phollux - que possivelmente retornara ali quando viu-os dormindo - grita novamente.

- Terra à vista!

Selena indicou que Edmundo descesse primeiro. - Majestade.

- Edmundo. - ele disse e continuou quando ela o olhou confuso. - Me chama de Edmundo.

Selena sorriu. - Só se me chamar de Lena.

Edmundo fingiu pensar por um segundo e disse, antes de descer sem olhar para trás. - Acho que Sel combina mais com você.

O sorriso de Lena se alargou, enquanto o moreno descia as escadas do mastro principal em direção ao convés. Quando chegara sua vez, porém, ela viu Phollux sorrindo-lhe malicioso e brincalhão. E ela sabia bem o que o vigia queria dizer. Então deu-lhe um tapa leve no braço antes de descer atrás de Edmundo. Quando lá embaixo chegou, Caspian já mirava a praia distante com sua luneta. O sol ainda estava baixo no horizonte, era fácil ver uma linda linha fina alaranjada do nascer do sol. Selena foi com Edmundo até o deque do leme, onde Caspian e Drinian discutiam.

- As Ilhas Solitárias. - dizia Drinian. - O Porto Estreito.

- Que estranho! - comentou Caspian, preocupado, passando a luneta para Drinian e logo em seguida para Edmundo. - Nenhuma bandeira de Nárnia à vista.

- Mas as Ilhas Solitárias sempre foram de Nárnia. - observou Edmundo, encabulado.

- Parece suspeito. - disse Caspian.

- Acho melhor a gente desembarcar. - sugeriu Edmundo. - Drinian?

- Me perdoe, Majestade - respondeu o capitão -, mas a cadeia de comando começa pelo Rei Caspian neste navio.

- Tudo bem.

Edmundo ficara decepcionado. Nunca tinha sido o primeiro a decidir nada, por quê agora seria diferente? Selena, vendo a expressão que tomara o rosto de Edmundo, revolveu tentar intervir. Sabia a influência que tinha sobre as decisões de Caspian, principalmente quando muitas delas beneficiariam ao povo. E Caspian gostava de tê-la como concelheira pessoal. Selena então se colocou ao lado de Edmundo e se apoiou na balaustrada lateral do Peregrino, conseguindo uma visão perfeita dos três homens.

- Caspian, tenho certeza de que seria uma boa ideia dar uma checada. - ela disse e pode ver a expressão no rosto do primo mudar. Edmundo deu-lhe um leve sorriso, agradecido por ela estar tomando partido dele. - Não custa nada.

- Vamos usar os botes. - disse Caspian e Selena abriu um sorriso largo, feliz por ver que Edmundo também sorria. - Drinian, pegue alguns homens e vá até a praia.

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