Capítulo 23

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Capítulo 23

Selena pisou na proa, enquanto Edmundo escalava a madeira sobressalente do que um dia fora a parte superior da cabeça do dragão. Ela respirou fundo, tentando manter a calma enquanto Edmundo se colocava entre os chifres e a língua e a serpente preparava para outro ataque.

- Estou aqui! - gritou Edmundo com firmeza.

Selena pegou a flecha e a preparou. Finalmente sua estreia com aquele arco. Respirou fundo, quando a rocha se aproximava cada vez mais da serpente. Mirou e soltou a corda. A corda passou zunindo ao lado da cabeça de Edmundo, e se fixara no esquerdo da serpente. Ela tombou a cabeça para trás, sentindo a dor, e Edmundo apertou os lábios, virando-se e se deparando com Selena se aproximando dele, mas sendo impedida pelo corpo enroscado da serpente.

- Edmundo, você vai ter que pular! - ela gritou.

- Se segurem! - gritou Caspian.

Edmundo pulou segundos antes de a serpente o atingir. Rolou por todo os seu corpo escamoso, e Selena correu até ele, procurando suavizar o impacto que ele teria com seu corpo. Acontece que ambos foram ao chão, rolando pela escada do leme e chegando inconscientes até o convés.

~*~

O dragão abriu os olhos para encontrar quem nunca imaginou existir realmente. O leão. Aslam, em pessoa, se aproximava dele com um sorriso no canto dos lábios. O dragão se colocou sobre os cotovelos e levantou a cabeça para poder vê-lo melhor. Lindo e majestoso, uma atração involuntária aos olhos do pobre dragão. O leão levantou a cabeça em um gesto decidido, e o dragão usou suas próprias garras para arranhar o peito. O que seria aquela queimação e dor que sentia? Era normal?

O leão levou sua pata esquerda à frente, e puxara a areia, deixando a marca de suas garras. O peito do dragão foi arranhado em sincronia, com marca longas, finas e avermelhadas. O que seria aquilo? Por que seu corpo começava a fervilhar? O leão puxou a areia uma segunda vez, e novas marcas apareceram no braço do dragão. Uma nova puxada na areia, e suas pernas ganharam a mesma marca. O que estava acontecendo com ele, afinal?

O leão abanou a cabeça e fechou os olhos enquanto abria sua boca para um forte rugido. Forte como o mar em uma tempestade, forte como o vento em um furacão. O dragão sentiu a areia em seu redor se levantando e mexendo-se ao redor. Seu corpo foi levantado ao ar, e ele fechou os olhos para sentir a sensação em seu mais puro êxtase.

E então, mais tarde, ele acordou como o menino Eustáquio, nas folhagens da Ilha de Ramandu.

~*~

Selena acordou com a cabeça rondando pelos gritos dos marinheiros e o urros da serpente ainda viva. Percebeu que estava sobre o corpo de Edmundo, e ao vê-lo abrindo os dois com dificuldade, ela se lembrou que também ficara inconsciente enquanto tentava amparar o corpo dele. Queria checar se ele estava bem, mas ainda não era hora de se preocupar com ninguém. Ela se levantou, e o ajudou a se levantar.

- Precisamos matá-la definitivamente. - ela disse, e se virou para ele. - Edmundo, você precisa enfrentá-lo!

- Eu?! - ele perguntou, ainda meio atônito depois de ter batido a cabeça.

- Para se apagar um medo, deve-se enfrentá-lo e superá-lo! - ela respondeu, enquanto eles se aproximavam de Caspian.

A serpente se desgarrou do barco, enquanto alguma coisa brilhava dentro amarelado dentro dela. E então, sua pele se separou em duas, revelando milhões de antenas e bracinhos. Edmundo ficou parado no lugar, estancado enquanto via seu maior medo se multiplicando. Seu lábio tremia, e Selena tentava a todo custo puxá-lo pelo braço, mas ele parecia preso algum tipo de super força gravitacional. Selena olhou para a serpente, percebendo que ambos eram os alvos de seus frios olhos negros. Ela voltou a olhar desesperada para Caspian e este raciocinou segundos antes do ataque. Jogou seu corpo contra Selena e Edmundo, e os três caíram a pouca distância de onde a serpente mordera o chão.

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