Capítulo 12

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Capítulo 12

Edmundo saiu do camarote de Drinian, finalmente à procura de Selena depois de tanta insistência de Caspian. Mas ele ficara um pouco no meio daquela tempestade. Era difícil de enxergar qualquer coisa com o vento e a água batendo contra seu rosto. Procurou por entre os marinheiros, sem qualquer sinal dela. Até que finalmente a encontrou no lugar menos provável e mais perigoso. Ela estava tentando subir no mastro principal até a vigia, onde uma corda que segurava a vela havia se soltado. Estava mais ou menos na metade, e subia com certa dificuldade. Enquanto a maioria dos marinheiros estavam tratando de suas próprias funções, alguns mais sensatos tentavam colocar juízo na cabeça da menina, para que ela descesse.

Edmundo não conseguia fazer mais que isso. Pois foi em questão de segundos. Uma ventania ainda mais forte que a anterior se abateu sobre o barco e Selena, que já tinha o equilíbrio debilitado pela madeira molhada, escorregou. Edmundo viu a cena que se desenrolou passar como uma fita diante de seus olhos. Ele correu, mas não chegou a tempo. Selena escorreu e caiu para trás. Por sorte, ela conseguiu se agarrar a uma corda que voava por ali perto; o que impediu que a queda fosse muito feia. E Edmundo não conseguira impedir que Selena caísse de costas na madeira, de três metros acima do chão - quando ela escorregara suas mãos da corda.

Quando Edmundo conseguiu se aproximar, Selena estava desacordada e ele rapidamente a segurou nos braços, ouvindo as vozes dos marinheiros à sua volta como se estivessem ao longe. Só havia um lugar que poderia levá-la e ele corria com ela em seus braços até o camarote das meninas, quando viu Caspian ao seu lado. O mais velho não perguntou nada, mas parecia ter visto o que aconteceu. Quando chegaram ao camarote, Caspian abriu a porta bruscamente e viram Lúcia no chão, olhando confusas para eles. Até verem Selena nos braços de Edmundo.

- O que houve? - perguntou, e Gael já acordava sonolenta.

- Ela caiu do mastro principal. - respondeu Caspian, enquanto Edmundo a levava para sua cama.

- Oh! - exclamou Geal, pasmada. - Ela está bem?

- Vai ficar assim que Lúcia me ajudar. - respondeu Edmundo, olhando implorante para a irmã. - Por favor.

Lúcia não disse nada; correu até um armário e pegou seu elixir de cura. Foi até Selena e pingou uma gota em sua boca.

- Mas o que ela ainda fazia lá fora? - perguntou ela, guardando o elixir.

- Parecia que ia ajeitar uma corda que soltou da vela. - respondeu Edmundo, sentando-se ao lado de Lena e cobrindo-a com as mantas que haviam ali. Ela estava congelando.

- Ela vai ficar bem? - Gael perguntou a Lúcia, preocupada com a outra.

- Vai sim. - Lúcia garantiu, mexendo nos cabelos de Gael.

Edmundo se levantou. - Cuidem dela. - pediu.

- Ed, não quer ficar com ela? - Caspian perguntou, arqueando a sobrancelha em um olhar significativo.

- Melhor agora não, Caspian. - respondeu Edmundo, indo com o outro até a porta.

- Edmundo. - chamou Lúcia, já ao lado de Selena e ajudando Gael a secá-la. - Espero que esteja aqui quando ela acordar.

Edmundo sorriu. - Vou estar. - e fechou a porta atrás de si, para a tempestade não invadir o camarote delas.

~*~

Caspian e Edmundo já haviam ido se deitar. E a névoa verde espreitava por ali, descendo do convés até o compartimento inferior, onde era o alojamento dos marinheiros, e foi até a cabine dos dois reis. Caspian dormia profundamente, imerso em seu próprio sonho... Ou pesadelo. Ele se remexia em sua rede, espelhando seus pesadelos de uma maneira real. Murmurava várias e várias vezes pelo pai. Mas, no momento, a névoa verde não se importou com ele. Ele já tinha seus próprios pesadelos e pensamentos o atormentando sem precisar de sua ajuda.

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