Capítulo 13

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Capítulo 13

A manhã já tinha chegado e Selena, desde que saíra do quarto - desta vez com o colar de seu pai -, tentava ao máximo evitar encontrar com Edmundo. A tempestade tinha acabo e, por mais que ela trouxera estragos, Lena quase sentia falta dela. Agora que ela havia acabado, Selena não tinha a menor coragem de olhar nos olhos dele. Como ela simplesmente aceitara dormir sozinha ali naquele quarto, naquela cama? E eles não tinham nada, era simplesmente inaceitável! No momento, ela nem mesmo percebera, estava tão envolvida pelas sensações maravilhosas que só a presença lhe trazia que nem mesmo revira seus valores morais! Não que Edmundo não a respeitasse - longe disso! -, mas é que ela aprendera certas coisas e ela ainda assim era íntegra. Não dera nem seu primeiro beijo ainda e já dormira ao lado de um garoto!

Sentia-se extremamente envergonhada e, por isso, quase implorara para Caspian que ficasse quando o vigia gritou "terra à vista". Mas ela sabia que baixaria no camarote cada santo marinheiro querendo saber porquê não desembarcara junto e isso chamaria muita atenção. Atenção até demais e desnecessária. E se ela queria evitá-lo, nada melhor do que seguir sua rotina e falar com ele nada mais que o necessário. Então agora estava em um dos dois botes que partiram do Peregrino até a praia de uma ilha vulcânica. Estava na com Ripchip numa ponta, enquanto Edmundo estava no outro bote.

- Os fidalgos não pararam aqui, Alteza. Não tem o menor sinal de vida. - disse Ripchip para o outro bote, onde estavam Caspian, Edmundo, Eustáquio, Lúcia e dois outros marinheiros, após uma boa observada na ilha, enquanto ainda se encaminhavam até lá.

- Tem razão. - concordou Caspian. - Assim que chegarmos à ilha, você e seus homens vão procurar comida. Nós três e Selena vamos procurar pistas.

Selena sentiu um aperto ao ouvir seu nome. E Eustáquio ficara indignado ao perceber-se excluído.

- Não quis dizer nós quatro? - perguntou ele, na ponta do bote.

Seus companheiros de bote olharam-no interrogativamente.

- Por favor, não me deixem sozinho com aquele rato! - implorou o menino.

- Eu ouvi, rapaz. - disse o rato, do outro bote.

Eustáquio ficou momentaneamente calado, até que virou o rosto e murmurou para si mesmo. - Orelhudo.

- Continuo ouvindo. - disse o rato e todos ali riram; menos Eustáquio, emburrado demais para demonstrar qualquer emoção longe do desprezo.

Desceram, então, na ilha, e Eustáquio rapidamente conseguiu fugir, saindo de fininho para seu interior. Caspian e os outros três já percorriam atrás de alguma coisa, e Selena permanecia calada, causando desconforto em Edmundo, que estivera mais acostumado em tê-la como companhia. Encontraram uma corda amarrada numa pedra, e indo até o fundo de uma fenda rochosa.

- Vejam! - exclamou Caspian, se aproximando. - Não somos os primeiros nessa ilha!

- Os fidalgos? - perguntou Edmundo.

- Pode ser... - respondeu Caspian e Selena sentiu seu coração se apertando, como se algo terrível estivesse para acontecer.

Caspian pegou uma pedra e jogou, procurando calcular sua profundidade. A pedra bateu algumas vezes, carregando um eco fino e incerto.

- O que será que tem lá embaixo? - perguntou-se Caspian.

- Vamos descobrir! - exclamou Edmundo.

Edmundo o primeiro a descer, tendo certa dificuldade em fixar os pés nas paredes pedregosas para manter o equilíbrio. Virou-se e se deparou com uma gruta extensa, e não parecia ter um fim à vista. Muitas colunas de pedra argilosa e um lago logo à sua frente. Ele então ouviu um barulho atrás de si e viu que Lúcia vinha descendo. Ajudou-se a descer, amparando-a pela cintura. Quando Lúcia colocou os pés no chão, Edmundo esperou por Lena, sabendo que possivelmente ela seria a próxima. Selena não queria descer. Ela não sabia ao certo, mas simplesmente odiava a ideia de ter que descer, mas de algum modo, ela sabia que precisava. Era algo importante.

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