Capítulo 2

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Capítulo 2

- É um prazer, Selena! - disse Lúcia animadamente, dando um abraço em Selena.

- Me chame Lena, Majestade. - ela pediu.

- Só se me chamar de Lúcia. - completou Lúcia, sorrindo.

Selena virou-se para Edmundo, que ainda a olhava meio surpreso e espantado.

- É um prazer. - ela disse, fazendo-lhe uma revência.

E quase fez uma careta desgostosa quando ele nem ao menos lhe dirigiu a palavra. Sempre fantasiou em conhecer os Reis Antigos, como seu primo Caspian havia feito. Tinha esperanças de que a volta dos mais novos se dessem quando ela ainda estivesse viva e agora que seu sonho se realizara, mal podia pensar em estar no mesmo piso que o garoto. A garota não! Ela havia sido um doce com Lena e ela já quase podia ver uma simpatia pela mais nova crescendo em seu peito, mas o olhar espantado que o rei - aparentemente também aos dezesseis anos - lhe lançava a fazia sentir-se irritada. E ela estava prestes a dizer algo irônico, como era-lhe de costume, ele sendo rei ou não, quando ouviram um grito um pouco mais adiante.

- Cale-se, rapaz! - dizia Ripchip, em cima de um garoto franzino e loiro, que gritava histericamente.

- Tire esse bicho de mim! Tire esse bicho de perto de mim! - e ele jogou o rato para longe.

O ratinho se colocou de pé, ajeitou sua espada e alinhou os pelos.

- Ripchip! - Lúcia disse animadamente.

O rato se virou e se surpreendeu ao deparar-se com Lúcia e Edmundo.

- Oh, Majestades! - ele fez uma reverência.

- Oi, Ripchip. - Edmundo finalmente saiu de seu transe que permanecera desde que vira Selena e cumprimentou seu velho amigo. - É um prazer.

- O prazer é todo meu, senhor. - disse o ratinho. - Mas primeiro o que fazer com esse intruso histérico?

Eustáquio se colocou sobre os joelhos e gritou, apontando acusadoramente para Rip. - Esse rato gigantesco quase arranha a minha cara toda!

- Eu só tentei tirar a água dos seus pulmões, rapazinho. - Ripchip tentou se defender diplomaticamente.

Mas isso fez o garoto se assustar, levantando-se repentinamente assustado e se escorar na balaustrada do barco. Ele apontou para o rato, tremendo de medo.

- Ele falou! Vocês ouviram?! Alguém mais ouviu?! Ele falou.

- Ele fala sempre. - disse um dos marinheiros.

- Fazer ele calar é que são elas. - brincou Caspian.

- Quando não houver nada a dizer, Majestade, - Ripchip logo se prontificou a falar a Caspian. - eu prometo ao senhor que não direi nada.

Selena se agachou à altura do rato e inclinou seu braço levemente. O pequeno ratinho conhecia bem aquele jesto e não foi preciso palavras da menina para que ele subisse por seu braço e se empoleirasse em seu ombro.

- Deixe de ser bobo, Rip, nós te adoramos. - disse a menina.

Lúcia sorriu, confirmando sua afirmação, mas franziu quando reparou em Edmundo ainda encarando confuso a menina. O que será que se passava pela cabeça de seu irmão? Para quem, ainda naquele dia, tentara se alistar no exército inglês antes da idade adequada, não duvidava nada que o moreno achasse um absurdo ter uma garota a bordo. Talvez para ele fosse algo tão ruim e desastroso quanto ter uma garota participando de uma guerra.

- Eu não sei que brincadeira é essa - Eusáquio gritou, fazendo Lúcia acordar de seus pensamento. -, mas eu quero acordar agora!

- Por quê não o jogamos de volta ao mar? - Ripchip perguntou aos reis e Selena segurou a língua para indicar que seria a melhor ideia.

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