Capítulo 8

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Capítulo 8

No dia seguinte, porém, Selena não se sentia muito melhor. Passara mais de doze hores dormindo e a dor latejante na testa simplesmente não passara. Não sentia a menor vontade de se levantar da cama no frio que sentia e dera graças a Aslam que hoje ela não precisaria organizar os mantimentos. Mas mesmo assim, ela se levantou, sabendo que passara tempo demais dormindo e Lúcia e Caspian deveriam estar preocupados - ela não levara Edmundo em consideração, ele poderia nem tem percebido a ausência dela! Então ela se levantou e colocou uma nova muda de roupas, e prendeu os cabelos em um coque alto. Mas ao passar por um espelho que tinha ali perto para chegar à porta, ela parou. O roxo do ferimento agora estava ficando verde e a cicatriz pulsava com o que parecia ser um líquido incolor. E a dor do machucado se espalhava em uma forte dor de cabeça. Mas ela não se deixaria abater e rapidamente soltou seus cabelos, percebendo que era primeira vez que os deixaria soltos.

- Lena, onde esteve?! - perguntou Caspian assim que ela subiu para perto do leme para saber as novidades.

- Alguma novidade? - ela perguntou, tentando se safar da pergunta, mas sabia que Caspian percebera sua estratégia. Ele a conhecia mais que ninguém.

- Nenhuma por enquanto. - respondeu Edmundo, que também estava ali, e olhou preocupado para ela, por vê-la de cabelos soltos. E se ele a achava linda com eles presos, ficava ainda mais encantadora com as mechas castanhas caindo sobre os ombros.

- Menina, está tudo bem? - perguntou Drinian, olhando-a astutamente e ela sabia que dessa vez não poderia fugir.

- Eu estava dormindo. - respondeu Lena.

- Desde ontem de manhã. - ela ouviu a voz de Lúcia chegando atrás de si e sabia que agora estava ferrada. Definitivamente, ela não deveria ter se levantado. - Ela estava passando mal, mas parece que melhorou.

Selena se virou para Lúcia, que chegava com um copo com líquido quente nas mãos, e tentou lhe passar pelo olhar que não dissesse mais nada.

- Beba isso, Lena. - e a menor lhe entregou o copo.

Selena bebeu e sentiu o líquido doce descendo pela garganta, como se tivesse limpando todo o mal-estar que ela sentia.

- Se sente melhor? - Edmundo perguntou, se aproximando com os braços cruzados e um sorriso enigmático no rosto.

E Selena percebeu que tinha algo errado naquilo.

Lúcia pegou alguma coisa em seu cinto e mexeu no ar, com um sorriso no rosto. - Não ia deixar aquela coisa piorar na sua testa. - O frasco que ela segurava era o elixir de cura.

- Edmundo! - Lena tentou ficar brava com ele, mas parecia ser alguma coisa impossível. Ao menos enquanto ele estivesse com aquele lindo sorriso no rosto.

- Não tenho culpa, só pedi pra Lúcia ajudar. - disse Edmundo, se aproximando mais e levantando a franja de Lena.

O ferimento havia sumido.

~*~

Mais alguns dias se passaram sem que nada fosse visto naquelas águas além do próprio Peregrino. Mas então, durante o entardecer e enquanto Selena conversava com Lúcia e Gael, um grito de "Terra à vista" anunciou que se aproximavam de uma nova ilha desconhecida.

- Esperem aqui, eu já volto. - disse Selena.

Ela então saiu do camarote e correu para onde Edmundo, Caspian e Drinian dividiam uma luneta para conseguir enxergar a ilha.

- E então? - perguntou Selena, ansiosa.

- Parece desabitada. - respondeu Caspian. - Mas se os fidalgos seguiram o nevoeiro para leste, devem ter parado aqui.

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