Capítulo 19

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Capítulo 19

- Viajantes de Nárnia, bem-vindos! - exclamou a mulher e todos se curvaram, admirados por tal beleza. - Levantem-se. Não estão com fome?

- Quem é você? - perguntou Edmundo, com os olhos arregalados e levemente entorpecido.

Selena nada disse. Sentiu algo queimando em seu peito ao ver o deslumbramento quase automático de Edmundo quanto àquela mulher. Aquilo seria ciúmes? Talvez, mas Selena continha-se, sabendo que boa parte daquilo era algum tipo de encanto de atração. Afinal, ela mesma se sentia admirada com a beleza singela da mulher à sua frente.

- Eu sou Liliandil, filha de Ramandu. - disse a mulher, aproximando-se de Edmundo pelo outro lado da mesa. - Sou a guia de vocês. - completou, com um sorriso no rosto.

Caspian e Edmundo trocaram olhares rápidos, mas voltaram a olhar para a mulher, abobalhadamente encantados. Selena, então, percebeu algo mudando em seu interior. A raiva espumante simplesmente transbordou em seu interior a ponto de amenizar qualquer coisa. Ela estava entorpecida de qualquer coisa, qualquer sentimento. Ela estava... Indiferente. Como se não se importasse com nada. O que ela não sabia, porém, era que isso era outro truque da névoa verde. A névoa vinha lutando contra ela, procurando implantar algum medo ou simplesmente enlouquecê-la a cada vez que ela afirmada que não tinha nada. Agora, a névoa finalmente concedeu esse "nada". Selena agora, não sentia nada.

- Você é a estrela? - perguntou Caspian, alheio a qualquer coisa que não seja aquela mulher.

Ela assentiu, enquanto os dois reis continuavam se aproximando em passos lentos. Lúcia olhou de relance para Selena, desconfiada por ela ainda não ter dado qualquer sinal de ciúmes, que ela mesma já teria dado se fosse a amiga. Ela reparou que os olhos de Selena tomaram uma coloração verde nebulosa, completamente diferente do verde folhagem que pegava naturalmente quando ficava diretamente ao sol. Lúcia reparou, mas a informação não chegou na velocidade necessária à sua mente.

- Você é muito linda. - sussurrou Caspian.

- Se for uma distração para você, eu posso mudar de forma. - disse Liliandil, timidamente desesperada.

- Não! - Edmundo e Caspian exclamaram em uníssono.

Edmundo pareceu acordar do transe e um silêncio desconfortável para ambas as partes se seguiu.

Até que Liliandil o interrompeu, dirigindo-se a alguém que não lhe dirigiu a palavra ainda.

- Não devia se sentir intimidada ou ofendida? - perguntou a Selena, com o cenho franzido e um olhar desconfiado.

- Eu? - perguntou Selena, com um olhar vazio e o tom de voz indiferente.

- Sim. - disse Liliandil. - Era o comum para uma garota cujo o namorado se distraiu com outra. Ou até mesmo o primo.

Selena olhou para Edmundo e Caspian. Ela estava sendo controlada pela força da loucura da névoa, sentia como se os pensamentos e ações de seu corpo não fossem seus. Como se... Estivesse presa em seu próprio corpo, gritando desesperadamente por liberdade.

- Eu não. - ela disse, mesmo não sendo o que queria dizer. - Deixo esses babões por sua conta.

E ela virou-se, e saiu andando por entre as árvores.

- O que há com ela? - perguntou Caspian para ninguém em especial, observando o lugar por onde Selena saiu.

- Um feitiço. - respondeu Liliandil, chamando a atenção deles. - Um feitiço poderoso que só pode ser quebrado por algo poderoso.

- O que quer dizer? - perguntou Edmundo, finalmente liberto de tal encanto da estrela azul.

- Os olhos dela. - disse Lúcia, ofegando ao perceber que deixara um detalhe passar. - Os olhos dela estavam verdes.

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