Capítulo 24

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Capítulo 24 - Fim

- Então é isso, não é? - perguntou Selena, apoiada na parte intacta da parede de uma ruína na Ilha de Ramandu, onde a estrela Lilliandil havia-lhes mostrado a Ilha Negra.

Agora, nessa ocasião, Selena observava a ilha que a partir dali teria vida. Olhava para a ilha, evitando olhar para o moreno às suas costas.

- Parece que sim. - respondeu Edmundo, desviando o olhar para uma árvore que farfalhava ao vento.

Ele não queria que houvesse aquele clima estranho. De jeito nenhum! Ambos sentiam que o momento da despedida estava próximo e ele queria aproveitar o resto de seu tempo em Nárnia junto com ela. Era errado, por acaso? Era errado querer passar os últimos minutos que tinha junto com a pessoa que ele mais ama nesse mundo?! Claro, ele entendia a dor que ele sentia pela despedida estar se aproximando, pois era a mesma que sentia. Mas ambos davam-se conta de que não seria fácil quando chegasse a hora. Ambos sabiam, e concordaram em criar as lembranças necessárias para amenizar a dor. Mas não pensariam que a dor, ainda assim, seriam tão intensa.

E Edmundo queria, de algum jeito, estender o momento entre eles. E fora o que tantara fazer desde que souberam que estavam próximos do País de Aslam.

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~*~ FLASHBACK ON ~*~

Edmundo se separou de Lena, a contra-gosto, e se virou para Caspian, que tinha uma mão apertando confortavelmente o ombro de Lúcia e um sorriso aliviado no rosto.

- Conseguimos. - disse Lúcia, visivelmente feliz e extasiada. - Eu sabia.

Selena riu, envolvendo a cintura de Edmundo com um braço enquanto ele a abraçava pelos ombros. - Modéstia à parte, Lu.

Lúcia revirou os olhos, mas não tirou o sorriso do rosto.

- Você não vai estragar minha felicidade, Lena! - brincou ela.

- Claro que não! - exclamou Selena, aproximando-se com Edmundo. - Afinal, parece que eu também previ isso!

- Mas não fomos só nós. - disse Edmundo, trocando um olhar cúmplice com as duas meninas.

- Tá falando do...? - começou Caspian, procurando raciocinar o que se passava na mente do amigo.

- Ei, Lúcia! - eles ouviram uma voz. - Ei, pessoal, eu estou aqui na água. Lúcia! Eu estou na água!

E conheciam aquela voz. Correram os quatro até a borda do navio, e viram um garoto na água, tentando nadar até onde estavam. Era Eustáquio! Ele voltara a ser um menino!

- Eustáquio?! - exclamou Lúcia, surpresa ao vê-lo.

- Eu voltei a ser um menino! - comemorava ele, batendo os braços na água cristalina para se manter sobre a superfície. - Eu sou um menino!

- Caspian, tire-o da água antes que ele se resfrie. - pediu Selena, sorrindo também ao vê-lo.

- Eustáquio! - gritou uma outra voz, antes que o rei pudesse reagir, e o ratinho Ripchip apareceu sobre a beirada quebrada do barco. - Suas asas foram aparadas!

E, com um pulo majestoso e animado, ele foi à água, comemorando com o garoto que tinha um sorriso quase rasgando-lhe os lábios.

- "Onde o céu e o mar se juntam

Doces ondas lá espumam"

Cantarolava o ratinho, com as risadas de Eustáquio como música de fundo. Em um ato que fez o menino franzir o cenho confuso, Ripchip parou de cantar a música, abriu a patinha em concha e bebeu da água do mar cristalino que o envolvia. E, uma surpresa, mais agradável que pavorosa. Doce. As águas daquele mar eram doces, como dita na música que ele tanto cantarolava pelos cantos.

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