Capítulo 6

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Capítulo 6

Estavam descendo a rampa para chegar ao porto, quando lorde Bern apareceu.

- Meu rei! Meu rei!

O lorde trazia nas mãos uma espada coberta com um material grosso e duro.

- Recebi essa espada de seu pai. - disse ele. - Escondi numa caverna em segurança, todos esses anos.

- É uma espada narniana antiga. - comentou Edmundo, surpreso e encantado.

- É da Idade do Ouro de Nárnia. Tem sete espadas desta. Presentes de Aslam, para proteger Nárnia. Seu pai as confiou a nós. Aqui. - estendeu-a a Caspian. - Pegue.

Caspian hesitou.

- E que ela proteja o senhor.

Caspian a pegou e a admiriu; a multidão aplaudiu.

- Obrigado, milorde. - agradeceu Caspian. - Vamos achar seus cidadãos perdidos.

Antes que chegassem ao bote, porém, Caspian disse a Edmundo. - Edmundo. - e estendeu a espada a ele.

Não seria justo com o menor. Caspian havia oferecido a espada de Pedro, seu irmão, a Edmundo e ele a negara, alegando que foi dada a Caspian como presente. Seria mais do que justo entregar-lhe ao menos uma espada de que fora de seu tempo como governante daquelas terras. Edmundo admirou a espada e se sentiu satisfeito e agradecido por ter aquela relíquia em mãos.

~*~

Estava quase anoitecendo, o sol quase afundava no oceano, e Selena ainda permanecia acordada, sentada sobre a cabeça de dragão, apesar de tudo que passaram nas Ilhas Solitárias. Drinian, que não poderia dormir no momento, vigiando o percurso que o Peregrino traçava no mar, ia até ela a cada dez minutos, alegando que ela devia estar cansada e que deveria se retirar. Mas sempre dizia que não, que não estava cansada. E realmente não estava, ao menos não fisicamente - mesmo depois de limpar sua espada e suas roupas, outras de tomar um banho e vestir roupas novas. Mas psicologicamente ela chegara a pensar que não conseguiria suportar mais nada.

Ela passara anos esperando por este dia. Anos! Ela estava finalmente indo procurar por seu pai, seu herói! Antes de Caspian dizer-lhe sobre essa aventura ela já tinha se conformado de que seu pai nunca mais retornaria, mas quando soube, seu mundo mudara uma segunda vez. Esperança era a palavra. Ela tinha tido esperanças! Esperanças de que viveria a aventura que sempre sonhou, esperanças de que nada daria errado, esperanças de que acharia seu pai vivo e teriam ao menos um terço da vida normal que tinham tempos antes. Mas toda essa peça de vidro frágil se quebrara no momento em que Lorde Bern dissera para não esperar algo muito positivo. Afinal, Lorde Bern estava preso há anos em uma masmorra nas Ilhas Solitárias, o que teria acontecido a seu pai?

De repente, Selena ouviu passos atrás de si.

- Vai embora, Drinian, não quero ir dormir agora. - ela disse rudemente, pela centésima vez.

Mas então algo diferente aconteceu. Drinian teria insistido imediatamente, como fizera das outras vezes. Ou ele teria mudado de tática? Selena virou-se para olhar quem a observava e encontrou um par de olhos negros analisando suas feições molhadas pelas lágrimas.

Edmundo.

- Bem, eu não sou o Drinian, ainda tenho um pouco de cabelo na cabeça. - ele comentou divertidamente, tentando melhorar um pouco o clima para a menina. E conseguiu arrancar um pequeno sorriso no canto dos lábios dela.

- Oi, Eddie. - ela disse e se virou novamente para frente, tentando disfarçar as lágrimas que ainda se formavam e as bochechas rosadas por chamá-lo tão intimamente.

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