Dazed and Confused - TodoDeku

0.3

MIDORIYA

Chamei Bakugou pra vir comigo, a aula já tinha acabado e todos já estavam indo embora. Todoroki Shouto estava andando pelo mesmo corredor em que eu conversei com ele mais cedo, e esse foi o momento ideal pra ir agradecer.

— Todoroki... Shouto? — sabia seu nome mas não sabia como chamar ele, exatamente — Eu só queria agradecer por me ajudar hoje com o Aizawa, imagina se eu perdesse duas aulas inteiras dele, loucura né? — eu tava começando a ficar nervoso, e mesmo que ele parecesse não se importar com a minha falta de jeito, eu havia cantado ele hoje cedo sem querer, o que ainda me envergonhava.

Sem querer.

E sobre aquele momento, eu menti pra ele, não é um hábito meu fazer cantadas pros meus amigos, mas naquela hora, pareceu uma boa idéia falar aquilo apenas pra descontrair.

— Sim, seria ruim pra você começar o ano sem saber o básico. De nada. — com o mesmo semblante do dia inteiro, me respondeu. Porque parece que ele não faz mais nenhuma cara além dessa de sério.

Se ninguém tomasse iniciativa, ninguém ia falar mais nada e a conversa estaria terminada. Ao meu lado, Bakugou começou a ficar meio inquieto, assim, se posicionou um pouco mais perto do outro garoto.

— Então você é o Shouto? — perguntou Kacchan se fazendo de sonso, e lá vai ele... — Sabe, o professor All Might pediu pra pegar o número de todos na sala pra criar um grupo da classe, só falta o seu, me passa?

— Ah, claro! — disse com o mesmo entusiasmo de quem vai fazer uma prova de matemática — Me passa o seu celular que eu adiciono o número. — ele pegou o aparelho do loiro e salvou o contato, mas pareceu surpreso quando viu que o tal grupo não existia — Mas e o grupo...? Você ainda vai criar?

— Pra quê a sala toda, se o que eu quero é você? — aquilo foi péssimo, mas Todoroki, pela primeira vez desde que o vi, riu. Foi o menor riso que eu já vi, mas valia como algo.

— Criativo, hm? — ele mudou totalmente a expressão facial, parecia achar a situação meio estranha. Bakugou se preparava pra dar o bote, pegar o número era apenas um detalhe.

— Criatividade é o meu segundo nome... — pigarreou e me encarou — Deku, a sua mãe não tava te esperando pra jantar? — disse Bakugou, voltando seu olhar a Todoroki. Parecia que o meu melhores amigo havia resolvido me dispensar.

— Na verdade você também tá convidado pra... — me olhou feio quando notou que eu ia estragar seu momento — ... É, ela tá me esperando mesmo, vou embora... — se ele queria um momento sozinho com esse tal de Todoroki que conheceu agora, tudo bem. Quem precisa de um bom e velho amigo, né?

— Midoriya... — quem me chamou foi o Todoroki — Vai pegar um ônibus? — assenti com a cabeça, e logo deu alguns passou, começando a andar lado a lado comigo — Também vou, tá? Bakugou, você não vem? — perguntou ao loiro, que parecia insatisfeito com a idéia.

— Vou sim... — meio a contra gosto, nos acompanhou até o ponto, onde ficamos conversando sobre todos os assuntos possíveis.

Mas assim que o ônibus que passa pela minha casa chegou, me despedi dos dois, entrei e sentei na janela, onde pude ver ambos conversando. Por dentro me senti meio sozinho, já que normalmente Kacchan iria andando comigo até casa pra passarmos pela banca e comprar mangás, mas hoje, como eu disse, ele preferiu ir atrás de macho.

Se bem que eu também sou um.

Enfim! A magia da amizade faltou nesse garoto.

[...]

Depois de sentir o meu celular vibrar umas duas vezes no meu bolso, finalmente peguei o aparelho, pensando que devia ser Bakugou, mas me surpreendi logo de cara.

número desconhecido: oi izuku, é o shouto
número desconhecido: eu peguei o teu número com o bakugou pra fazer o grupo da sala

Soltei um riso nasal, não apenas por ler umas mensagens de Bakugou pela tela de notificações, mas por perceber que o Todoroki era bem lerdo. Salvei seu número, pensando se ele era assim tão ingênuo, ou apenas queria brincar.

Pelo seu jeito de ser, duvido que ele quisesse brincar.

Lendo as mensagens do Bakugou, concluí que não aconteceu nada, e ele tava surtando porque o "maldito meio a meio" era muito lerdo, sonso, ou então não queria nada, e isso o frustrou de tal forma que eu nunca tive tanta certeza na minha vida, que ele ia se esforçar pra ter pelo menos um selinho.

Esses garotos de hoje em dia...

Umas horinhas depois dessa conversa, quando tomei coragem pra fazer as minhas lições de casa, meu celular começou a vibrar de novo. Dei risada quando vi que as mensagens vinham do mais novo grupo da sala, criado por ninguém mais, ninguém menos, que o pavê ambulante.

Todos conversavam de forma a quererem se conhecer, e no meio de tudo aquilo, não muito tempo depois, Yaoyorozu mandou um convite a todos, era pra uma festa de confraternização em sua casa. Várias pessoas marcaram presença logo de cara, e eu realmente não sabia se queria ir.

Bakugou me chamou no privado perguntando se eu ia na tal festa, e respondi que iria apenas se ele fosse.

"Tá marcado então ;) eu te busco na sua casa" mandou por último. Pois é, tenho festa pra ir semana que vem.