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BAKUGOU

Agora que eu tinha voltado a ser amigo do meu melhor amigo, eu tinha a prioridade de falar com o Kirishima e tentar explicar tudo que aconteceu. Eu nem tava apaixonado por ele mesmo, quem era o Deku pra falar algo na hora da raiva e me deixar mal na frente de todos, não é mesmo?

Só era o meu melhor amigo que me conhece mais que a minha mãe.

De toda forma, eu tinha que ir ver o cabelo de merda e falar com ele, então não era uma tarefa muito difícil. Só tinha que atravessar o corredor do meu quarto, o dele estava na outra ponta. Fácil.

Na verdade, só andar é fácil, mas o tempo que eu passei enrolando no corredor foi incontável. Eu chegava perto da porta e não conseguia bater, dava meia volta, encostava na parede, sentava no chão, voltava pro quarto, saía de novo... Era um ciclo sem fim, e eu me senti o maior idiota, a minha confiança tinha que ser presente sempre, e logo agora sumiu.

- Okay, agora eu vou... - andei decidido em rumo ao quarto dele, mas mesmo assim, amarelava na hora de bater na porta - Vou pro meu quarto, foda-se tudo, não devo explicação pra ninguém. - acho que eu falei mais alto do que um sussurro, porque uma certa pessoa abriu a porta do quarto. E não era quem eu queria no momento.

- Explicação pra quem? - aquele cabelinho de idol coreano, cicatriz no rosto e olhos de cor diferente que nem de um gato vira-lata. Todoroki Shouto parou na minha frente, com cara de quem acabara de acordar, e com o humor de quem acabara de acordar também - Olha, não querendo ser rude, mas eu tava dormindo e você não parava de andar toda hora aqui no corredor, e falando alto também. Dá pra parar?

- Tá, tá, eu vou parar, agora vai dormir. - ele deu de ombros e logo voltou pra caverna particular dele, de onde parecia que não ia sair mais.

Não sei direito, mas acho que eu estava realmente nervoso pra não conseguir bater numa maldita porta e falar pra porra de um cara que eu gostei tanto do beijo dele que agora queria só o beijo dele. Eu tava boiola demais, tanto que comecei a me sentir muito carente, isso era péssimo.

Virei a cabeça pro lado quando ouvi uns passos se aproximando, era o Deku. Não precisei ser nenhum gênio pra saber onde ele queria ir, apenas acompanhei seus olhos verdes e cheguei numa conclusão.

- Meio a meio? - perguntei e recebi um sim como resposta. Ele parecia sem graça e eu queria ver se ele iria ficar tanto tempo na frente da porta como eu fiquei.

- Kirishima? - ele me perguntou e afirmei com a cabeça. Ele suspirou e parecia que ia bater na porta, mas logo seu braço baixou, mostrando que estava inseguro. Eu queria muito dizer pra ele ir logo com isso, mas não podia, eu mesmo não conseguia.

- Na contagem de três... - eu falei e ele entendeu o recado.

- Um... - nos olhamos e posicionamos o braço, cada um na sua porta correspondente - Dois... - uma última respirada antes de perder totalmente o fôlego com o nervosismo, e o momento chegou - Três! - batemos nas portas ao mesmo tempo e recuamos um pouco, eu podia jurar que ouvia a respiração dele, totalmente irregular e ferrada. Eu não devia estar muito diferente.

Assim, as portas se abriram quase ao mesmo tempo e eu não evitei de sorrir quando olhei pro menino de cabelo vermelho e espetado claramente tingido, mas eu gostava assim mesmo. Não só eu como o meu melhor amigo perguntamos se tínhamos permissão pra entrar, e fomos acolhidos cada um de uma forma diferente. Kirishima parecia sem graça ao me deixar entrar, mas Shouto estava feliz ao ver Midoriya ali.

"Tava dormindo..." imitei o meio a meio mentalmente. Sono é o caralho.

Depois disso, de todo o sufoco que passei, só conseguia me concentrar em entrar no quarto sem desmaiar, e por sorte, a minha pressão estava estável. Merda, por que eu sou tão sensível?? Acho que é por isso que fico bravo por nada.

- Pode sentar onde quiser, menos nessa cadeira aqui, eu derrubei ela quando tava mudando as coisas pro quarto, então tá toda ferrada. - apontou pra tal cadeira, era azul daquelas de escritório. Variava muito com o estilo do quarto dele, chegava a ser frustrante a falta de compatibilidade daquela coisa com a decoração, mas preferi não dizer nada.

- Vou ficar de pé, e espero que você também fique. - ele que estava se sentando na cama dele, mas se levantou num impulso e pensei na merda que eu tava fazendo, dando ordens no quarto dele - É, pra me alcançar... Desculpa.

- Desculpa? Tudo bem, você é visita aqui, fica a vontade. - ele tava sorrindo tanto, parecia nem se importar com a vergonha que passei no outro dia, coisa que envolvia ele diretamente - Enfim, sobre o que você quer conversar??

- Sobre eu estar gostando de você. - aquela frase saiu rapidamente e bem audível, ele levantou as sobrancelhas parecendo surpreso - Basicamente, o que o Deku falou aquele dia é verdade. Eu gosto de você, na verdade, eu me apaixonei e agora vim aqui pra esclarecer as coisas, porque você parece bem lerdo. - ele riu meio sem jeito e eu não pude evitar de sorrir junto - E eu fiquei com ciúmes quando vi... Vocês na cozinha.

- Gosta de mim mesmo? - assenti - Nossa, eu pensei que aquele dia na cozinha você tinha se incomodado por sentir ciúmes do Midoriya. - tenho até medo da expressão esquisita de surpresa que eu fiz, mas não pude acreditar.

- Mas... O Deku disse aquele dia no meio da briga que eu estava apaixonado por você. - soltei um riso sem querer - Nem faz sentido você pensar isso, eu peguei ele no soco por um motivo.

- É que hoje por exemplo, vocês estavam até de mãos dadas, um quase deitado no outro... Suspeito né? - então esse imbecil pensou mesmo que era brincadeira...

- Hm, sei que é difícil de acreditar, mas não enxergo todos os homens como um pedaço de carne... Deku e eu somos tão amigos que pra mim é inviável ver ele como algo a mais. - percebendo que a conversa tomava outro rumo, insisti mais uma vez - O ponto é que gosto de você. Fiquei com ciúmes de você.

- Ahh, eu não sabia... Desculpa. - ele olhava pros pés dele e parecia uma criança constrangida, foi fofo - É que eu sou acostumado a isso sabe... Às vezes eu acabo ficando com pessoas próximas, só pra eu me sentir menos inseguro. O Tetsutetsu me disse "você vai acabar machucando alguém", e ele tava certo, me desculpa mesmo.

- Tudo bem. - sabendo disso eu senti uma sensação de missão cumprida. Tinha me explicado, estávamos de boa, agora não tinha mais nada pra fazer ali - Er, eu vou embora agora, até amanhã. - estava me virando pra ir, mas senti sua mão me segurando.

- Bakugou! - falou um pouco alto demais, então acabou corando levemente - Hm, se for te deixar melhor, eu gostei muito de você. Podemos começar do zero, se quiser. - esse desgraçado falou com tanta sinceridade, que eu não pude evitar de concordar com a cabeça - Admito que senti um pouco de inveja do Midoriya, estava bem próximo de você.

Esse foi um daqueles momentos que eu pude lembrar que de fato tenho um coração, e ele batia muito rápido por um cara bem engraçadinho que com certeza, ia me dar dor de cabeça por ser tão imbecil.

- Podemos sim, mas por favor, mantém a boca longe do Deku, eu imploro. - nós rimos e então, como dois idiotas apaixonados, nos beijamos. Beijar depois de uma treta é uma sensação do caralho, e pensei comigo mesmo, que se eu e ele déssemos certo, talvez eu finalmente me sentisse um pouco menos incompleto.

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Mais um porque eu queria ter postado no Natal e acabei esquecendo no meio de tanta comida huahuahsuha ❤️❤️

Dazed and Confused - TodoDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora