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MIDORIYA

Uma outra coisa importante que aconteceu recentemente, foi que eu consegui me tornar amigo do Todoroki - mesmo que de uma forma estranha. Tenho pelo menos vinte e cinco por cento de certeza que ele deixou que eu me aproximasse, pra ele estar relativamente mais perto do Bakugou.

Logo agora que o loiro não quer mais nada, e já partiu pra outro.

Não faz muito tempo desde que começamos a nos falar mais, e não, isso não me chateia. Acontece que eu ando me sentindo... Diferente em relação a ele. Não olho pra ele do mesmo jeito que olho pros outros, e isso é péssimo, porque me sinto vulnerável perto de um grande amigo.

Amigo...

Enfim, hoje eu estive ouvindo um pouco de música quando ia pra escola, e tirei meus fones quando vi o meu melhor amigo. Bakugou estava encostado no muro da escola e parecia um pouco nervoso, uma das pernas dele não parava quieta, e ele ficava olhando pros lados como se procurasse um rosto específico. Me aproximei um pouco mais e parei do lado do loiro, que quando me viu apenas soltou:

- Deku, nem te conto, eu marquei de ver o Kirishima no sábado. Agora sim a semana tá valendo a pena! - olhei em volta pra ver se encontrava o menino com dentes de tubarão, mas ele simplesmente não estava em lugar nenhum, quem sabe já tivesse entrado na sala de aula né?

- Nossa, isso é ótimo! - eu sabia que o Kacchan tava querendo o Eijirou desde que o viu, então era como uma conquista dos dois. Pra ele por ficar com quem queria, e pra mim, por não ter mais que aguentar esse asno falando de macho sem parar.

- Sim, e depois dele, tava pensando no amigo dele... Me esqueci do nome, mas é o Pikachu da sala. - franzi o cenho um pouco confuso - Que foi? Ele é bonito oras.

- É sim, mas vai com calma Kacchan, não faz muito tempo você tava todo bobo pelo Todoroki, mal saiu com o Kirishima e agora o Kaminari também? - ele revirou os olhos, porque já tinhamos conversado sobre esse assunto várias outras vezes - Tudo bem que você é solteiro, mas você nunca parou pra pensar que pode machucar alguém?

- Deku, não tenho como saber se ninguém me fala nada. - saiu andando antes que eu falasse mais, me deixando sozinho nessa rua, tão movimentada de manhã.

[...]

O fato de Katsuki estar correndo atrás de seus próprios interesses (no momento Kirishima), fazia com que eu ficasse de lado. Portanto, estava fadado a passar algum tempo com Todoroki Shouto a sós.

Eu pegava o meu prato com uma mão enquanto a outra segurava os talheres de plástico, Shoto levava os nossos sucos até uma mesa num canto não muito cheio do refeitório da UA. Era mais um dia que eu passava o dia com o meio a meio.

- E então Todoroki, a Momo não vêm comer com a gente? - perguntei deixando o prato na mesa e tirando os talheres do plástico, ele negou com a cabeça - E você não vai comer mesmo? - negou novamente com a cabeça, e antes mesmo de ter começado um diálogo estável, ficava sem idéias.

O bicolor parece tão quieto e sério, acho que não sabe como lidar com as pessoas. Ele tem sempre uma expressão tão... Inexpressiva. Nunca sei o que ele pensa, e quando ele faz algo, é tão bem pensado que chega a ser perturbador, mas esse jeito dele me chama pra perto, acho ele misterioso.

Eu tinha que começar a me conter, parar de pensar nele assim.

- Humm, o que você achou do sistema de dormitórios que querem colocar pros alunos? Eu achei bem legal! - falei na maior felicidade e entusiasmo, esperando quebrar o clima até embaraçoso que estava entre nós, mas já devia esperar algo seco vindo do outro

- Eu achei bom mas não legal, até porque isso não seria necessário se a Liga dos Vilões não estivesse atrás de estudantes. - ele deu um jeito de voltarmos pro estágio 1, sem assunto. Olhei um pouco ao redor, procurando assunto, e fiz mais uma tentativa.

- Err, tem razão, mas, assim... Hm, eu quis dizer que deve ser bom pra nossa convivência com a turma, sabe? - ele encarou meu rosto e então botou a mão na minha cabeça, sem fazer carinho nem nada, apenas deixou sua mão ali.

- Vamos falar de outra coisa, sim? - parece que ele tem até medo de pensar em formar laços. O que será que se passa na mente dele? - Coma um pouco, e então falamos mais.

Resolvi seguir seu conselho, esperando que ele quisesse falar mais comigo, e enquanto me deliciava comendo, notei que Shouto olhava a cada cinco segundos pra umas mesas à nossa frente. Pela curiosidade, virei pra trás e percebi que mais pra lá, quem se sentavam eram o Kacchan com Kirishima, Kaminari, Mina e Sero. Não era por nada que o bicolor mantinha seu olhar lá.

- Você e o Bakugou estão mal resolvidos né? - ele desviou o olhar daquela mesa e voltou a me fitar. Por um momento eu pensei que ia morrer com a profundidade que aquele olhar transmitia, fiquei todo arrepiado.

- Você é intrometido, né? - corei e ri pensando que ele queria descontrair, mas quando olhei de novo, ele continuava sério como sempre.

- Ah, não foi a minha intenção, desculpa Todoroki. - voltei a comer, dessa vez cortando o frango que havia pegado, até o momento eu não havia provado dele. Antes de pôr um pedaço na minha boca, Shoto me parou.

- Espera, isso tá muito quente, vai queimar a sua língua. - pôs sua mão direita um pouco acima do meu alimento e então o esfriou um pouco, o suficiente para que ficasse perfeito. Tenho que dizer, ele é bem atencioso.

ATENÇÃO: isso não era pra ser fofo como vocês comentaram k. É por um suposto trauma do Shouto com calor e coisas quentes...

- Obrigado. - comi um pouco mais e então, quando terminei, minutos antes do intervalo acabar, resolvi continuar insistindo num diálogo - Shouto, seu poder é híbrido, certo? A sua outra mão produz fogo? - ele se levantou da mesa e esperou que eu fizesse o mesmo. Recolhi os meus talheres e fui andando com o bicolor.

- Sim, eu produzo fogo com a esquerda, mas... - parecia escolher as palavras com cuidado antes de pronunciar algo - Eu não gosto de usar o meu lado esquerdo, sabe? - seu semblante rapidamente mudou, seu tom agora era baixo, e percebendo isso, quis fazer uma brincadeira pra ver se ele se sentia melhor.

- Isso explica porque você é destro! - assim que terminei de falar, dei algumas risadas, mas parei quando vi que ele estava com uma expressão ainda pior que antes. Nada vindo de mim parecia agradar ele, e eu começava a ficar sem idéias.

Vi que seguiu caminho sem olhar pra mim, e eu podia simplesmente ter dado as costas e ido conversar com alguém que se interessasse pelas minhas piadas.

Mas algo nele me trazia pra perto.

- Eu te incomodo? Nunca vi você rir perto de mim ou algo do tipo, e parece que nada que eu digo te agrada. - acho que falei isso sem nem pensar, mas precisava dizer algo a respeito do jeito que ele parecia não ligar pra mim.

- Não é nada Midoriya, fica tranquilo. - ele não respondeu a minha pergunta, afinal. O bicolor realmente é um mistério pra mim, mas quem sabe, eu descubra algo sobre ele um dia desses. Fiquei sabendo que mês que vem, vamos começar a usar os dormitórios que a escola esteve preparando pra nós, e acho que vai ser uma boa oportunidade pra ter uma conversa de verdade com o filho do herói número 2.

Dazed and Confused - TodoDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora