MIDORIYA
Olhando pra todo tipo de desgraça que acontece comigo, eu posso dizer que talvez a pior delas tenha sido o Kacchan acordando na hora em que eu e o Kirishima estávamos dando um show de viadagem na cozinha. Na verdade, eu que fiz a merda e agora me sinto um lixo, mas se formos pensar mais afundo, na verdade, eu apenas fiz o que o loiro sempre fez: fiquei com alguém pelo momento.
E eu não sabia que ele gostava do Kirishima pra valer.
Mas mesmo que a culpa não fosse 100% minha, eu tinha que me desculpar, quer dizer, somos amigos há tanto tempo e não é possível que por causa de um momento, isso tudo acabe sem pelo menos uma conversa. E era exatamente isso que eu ia fazer, como bom samaritano que eu sou.
O quarto dele ficava distante do meu, então eu peguei força de vontade do meu furico pra levantar da cama e tomar uma atitude, e meu pai amado, eu tava com uma energia do caramba pra ir lá fazer as pazes, tipo animado mesmo. Imagina eu e ele voltando a fofocar que nem antes? Ou as nossas piadas internas de volta, os nossos cuidados um com o outro, os abraços...
Eu queria tanto tudo aquilo de volta, e isso que faziam uns dois dias que eu tinha perdido esses privilégios. Queria continuar consultando ele pra conselhos e também contar sobre o Todoroki. Assim como também ouvir tudo que ele tinha a dizer, porque durante os últimos anos sempre foi assim.
Antes de abrir a porta, notei uma sombra que vinha do corredor e entrava pelo pequeno espaço entre a porta e o chão, e eu nunca fiquei tão feliz, sei lá mas na minha cabeça, era como se fosse o Bakugou ali do lado de fora esperando que eu abrisse o muro que nos separa, por não encontrar coragem pra bater ali e perguntar se podia entrar.
Eu me adiantei e fui até a porta, a abrindo, o que parece ter sido um erro.
— Midoriya, bom dia! — o cabelo vermelho espetado na minha frente, apenas serviu pra reforçar uma coisa muito importante: que eu sou mesmo um azarado e iludido.
— Oi Kiri... Quer entrar? — a minha cara devia ser a pior possível, mas tudo bem. Tinha que ser simpático com o meu amigo.
— "Oi Kiri, quer entrar? Pode deitar na minha cama que eu deito em cima de você!" — essa voz que resmungava era de Bakugou, ele estava no corredor, provavelmente havia chegado segundos depois de Kirishima — Sabia que não devia ter descido. — o loiro se virou pra sair andando pelo corredor, e eu desesperado, empurrei o Kirishima pra um lado e saí do quarto.
— Kacchan! O que tá fazendo aqui? — ele se encostou na parede sem protestar, apenas parou de cara feia e sem muito rodeio, foi direto ao ponto.
— Eu tinha vindo conversar contigo pra me desculpar já que você não sabia daquilo. — deu uns passos pra frente e me puxou, pra ter certeza que o ruivo não ia ouvir — Mas agora que sabe e vai fazer de novo, tudo bem também. Se vai ficar com o meu macho então tudo bem.
— Seu? Porra, para com isso. — de novo, achando que tudo e todos deviam servir em direito dele.
— Deku, eu já tinha te falado, mas como ótimo amigo que você é, me apunhala pelas costas. — até aqui, eu permanecia bem, mas não pude evitar de empurrar ele — Para com essa porra, tá errado e não admite.
— Ele acabou de entrar no meu quarto, eu nem sei o que ele ia me dizer, se manca! — ele estava com a cabeça baixa, encarava o chão, parecia murmurar coisas pra si mesmo.
— Idiota de merda, acha que me engana? — eu costumava ser bem paciente com ele, mas se ia agir como se não soubesse do meu jeito de ser, então eu tava pouco me fodendo. Peguei seu antebraço com força, o puxando pra perto, quase o obrigando a olhar pra mim.
— Isso é o problema, essa forma que você tem de ignorar tudo, até o seu melhor amigo só pra passar por cima! — ele nem se importava muito com o que eu dizia, mas com o local que eu segurava — Olha pra mim caralho!!
— Eu não sei do que você tá falando seu merda. — me empurrou e caí pra trás, então Kirishima chegou pra ajudar — Sai daqui, cabelo de merda! — o ruivo recuou um pouco depois de ver que eu estava bem, mas permaneceu no corredor.
— Mas você sabe, que é tudo você! No mundo não existe outra pessoa que não seja Katsuki porque você é um egocêntrico de merda! — eu consegui o derrubar e ficar por cima dele, onde eu apenas apertava seus pulsos pra que não saísse dali.
— Eu não sou... — ele fazia muita força pra tentar me tirar de cima, mas em um mundo que o Full Cowl existe, eu não podia deixar isso acontecer — Egocêntrico. — ele soltou uma explosão do meu lado. Aparentemente não foi pra me machucar, mas fez um barulho imenso e eu me assustei, recuei e ele se pôs de pé.
Em menos de 1 minuto, todos os meninos estavam vendo a briga. Acho que mesmo que a explosão tenha sido forte, não chegou até a parte das meninas.
— Não, é? — ele acabou me colocando contra a parede e ficava repetindo a mesma coisa sobre eu ser um traíra — Só você pode pegar quem eu quero e não pode acontecer o contrário?
Eu terminei de pronunciar a frase e os meninos ficaram todos surpresos, uns perguntavam aos outros sobre quem ficou com quem. Olhei pros lados e tanto o Shoto como o Kirishima pareciam ter entendido que a briga toda acabava de se voltar a eles.
— Eu podia comemorar o seu desespero por que eu beijei o Kirishima, mas sabe de uma coisa? A partir do momento que eu soube que você tava apaixonado por ele, eu não quis mais nada! Vai se foder você!! — empurrei o loiro, que tinha parado de me conter contra a parede e soquei seu braço, dando continuidade à nossa lutinha — E eu nem sei porque ele foi no meu quarto hoje!
Acho que só então eu percebi o que disse. Eu entreguei não só pra sala inteira, mas pro próprio Eijirou, que o loiro gostava dele. O ruivo parecia surpreso, e Katsuki mais furioso ainda, me socou no rosto.
Eu olhei pros lados, e quando me dei conta, Todoroki já não estava mais lá.
Me senti a pior pessoa do mundo. Eu sabia que o Todoroki gostava do Bakugou, que o Bakugou gostava do Kirishima, e que o Kirishima não sabia disso. Feri o bicolor que andava mal, o orgulho do loiro, e um ruivo que só queria diversão. Me vendo daquele jeito, eu apenas decidi aceitar apanhar, mas assim que Bakugou viu que eu não resistia, parou.
Logo, ele abriu caminho no meio dos meninos e sumiu. Todos pareciam meio sem jeito e perguntavam se eu precisava de algo. Quem sabe um tiro resolvesse, mas não ia dizer isso pra eles.
Fiquei pensando muito em qual teria sido a reação de Shouto... A de Kirishima... e que humilhei o meu melhor amigo na frente de todos.
Resolvi deixar os três sozinhos tendo o tempo deles, não queria estragar mais as coisas do que eu já tinha feito, então aproveitei esse tempo pra eles, e o fiz meu também. Precisava pensar e muito.
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Dazed and Confused - TodoDeku
FanfictionIzuku Midoriya não sabia que estudaria junto com seu melhor amigo na melhor academia de heróis até entrar lá, assim como não sabia que ia se apaixonar por um dos garotos mais complicados e emocionalmente difíceis da turma.