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MIDORIYA

Eu passei o dia fazendo minha mala, a mesma que eu ia levar pra minha nova vida nos dormitórios da UA, tanto que eu não sei onde entraram tantos pôsteres e figuras de ação do All Might, mas consegui encaixar as coisas direito.

Apenas terminei de tardezinha, então me deitei um pouco, aproveitando o pouco tempo de sono que eu teria, já que Kacchan e sua mãe viriam jantar aqui em casa esta noite. Minha mãe adora esse menino, e parece que além de querer jantar comigo uma última vez, quis aproveitar e convidar seu segundo filho, o não biológico.

Demorou algum tempo pra que eu começasse a sentir o sono vindo, e pouco tempo depois veio a bomba (literalmente).

— Deku!! Acorda seu idiota! — abri os olhos com o susto que foi ter o loiro no meu quarto antes mesmo que eu pensasse em dormir um pouco — A minha mãe vai vir depois, então eu vou aproveitar e te irritar bastante.

Mantive os olhos fechados na esperança de que ele fosse embora, mas acho que esqueci da peça que é Bakugou Katsuki. Ficou me chamando até eu ceder.

— Eu queria dormir, só um pouquinho... — ele bateu na minha cabeça com um travesseiro, primeiro não reagi, mas depois que fez um misto de pequenas explosões perto da minha bunda, eu levantei. Fiquei de frente com ele e deixei minha mão diante de sua testa — Sabe, se eu usasse o air force, seria uma pena pra você...

— Opa, para com isso que da última vez que você me deu um peteleco com o seu smash, eu fui parar no hospital. — e realmente ele foi. Ficou desacordado por quase meia hora, e quando abriu os olhos, queria me matar.

— Tá bom, mas deita aí e não atrapalha! — lancei o meu corpo sobre a cama ao mesmo tempo que o loiro. Ele logo pegou um mangá qualquer e começou a folhear o mesmo, claramente esperando que eu começasse a conversar. Como não ia aguentar um segundo quieto, apenas iniciei uma conversa aleatória — Kacchan, vou te fazer uma pergunta, mas me responde com sinceridade.

— Sempre... — falou entretido numa página específica do mangá, passava o dedo por cima das falas como se quisesse ler mais atentamente. Pigarreei e tive a atenção dele toda pra mim, peguei a oportunidade pra falar.

— Como é ser querido? — ele tirou seu olhar do compilado de imagens, agora me fitando curioso, com cara de quem pergunta por mais — Digo, você fala que quer ficar com tal pessoa e consegue, como é a sensação? — ele franziu o cenho e parecia pensar, uma ou duas vezes abriu a boca pra falar, mas voltava atrás reformulando o que diria.

— Sei lá, boa? — arqueei as sobrancelhas, pensando que a resposta podia ser melhor — Sabe Deku, é uma sensação boa, eu me sinto muito gostoso, namoral. — demos risada e então, ele voltou ao seu semblante normal — Mas por que a pergunta? — brinquei com a barra da minha própria camiseta, antes de falar algo.

— Só queria saber, porque eu nunca me senti assim. — ele segurou a minha bochecha e balançou com força, causando uma dorzinha. Na cabeça dele aquilo podia parecer fofinho, mas é o Bakugou, ele é bruto, e tava fazendo o meu rosto doer.

— Por que só agora você se importou com isso? Que eu saiba você sempre se focou mais em ser herói número 1 que em se relacionar assim com os outros. — ele deu um sorrisinho e se virou pra procurar um salgadinho na minha cômoda, eu sempre tinha um guardado.

— Hum, por nada não. — levantei da cama e fui direto pro meu armário, onde peguei uma outra camiseta, mais bonita que o pijama que eu usava — Vou lá ver se a sua mãe chegou e cumprimentar ela. — queria me trocar rápido, então resolvi ficar com a mesma calça, apenas tirei o pijama que estava vestindo e comecei a dobrar o mesmo quando Bakugou perguntou:

— É o Todoroki né? Gosta dele? — o meu pescoço quase deu um giro de 360 graus, só pra ver seu rosto, e ele sorria convencido de que estava certo — Parece que acertei. — o loiro agora abria um saco de Cheetos e comia me encarando. Larguei meu pijama e minha camiseta no chão e fui na direção do meu melhor amigo, parei na cama e sentei ao seu lado — Caralho, você andou malhando mais? Que bíceps definido!

— Para de mudar de assunto! Como você sabia? Tá muito na cara? — ele enfiou um salgadinho na minha boca e disse "coma", dei um tapa na sua mão, o que provocou um soco no meu braço — Porra Katsuki, é sério, eu deixo tão claro assim??

— O que você deixa claro? — ele queria me irritar, e estava conseguindo.

— Ah velho... — abaixei a cabeça em seu ombro, e ele riu baixinho.

— Eu não acho que você deixa muito claro, tipo, vendo vocês, só parece que são dois bons amigos, nada demais. — suspirei e voltei a ficar de pé, andando em direção à porta — Izuku, é sério. Acho que eu só percebi porque somos amigos há um bom tempo.

Sorri pro meu melhor amigo, mas visava agora em não deixar mais ninguém ficar sabendo disso. Eu deveria agir mais naturalmente perto do Shouto, se quisesse passar despercebido com meus sentimentos.

Ou reprimir meus sentimentos.

No fim de tudo, coloquei a bendita camiseta e saí pra verificar se a mãe do Bakugou estava na sala, tentando agir o mais natural que eu conseguia, mesmo pensando na possibilidade de estar gostando de um amigo meu.

Dazed and Confused - TodoDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora