TODOROKI
Eu estava correndo atrás de algum sensei já faziam 2 minutos, mas pelo visto apenas os estudantes tinham saído pra ver o que aconteceu. Eu tive que ir pro dormitório dos professores pra saber se era mesmo o alarme de segurança, e eu fui recebido por um Eraser Head mais descabelado que o normal, e com uma cara de morte que superava as do dia a dia. Parei na frente dele e então o maior começou.
- Todoroki? O que você... - Uma explosão se ouviu não muito longe de onde estávamos, e percebemos que algumas árvores perto dos muros pegavam fogo - Merda, será que nós vamos precisar dos estudantes? - o sensei sussurrava pra si mesmo.
- Sensei, há muito mais estudantes do que professores, nós podemos ajudar! - mais explosões eram escutadas, cada vez mais perto, e nós dois estávamos em alerta.
Pro nosso alívio, era o Bakugou que usava suas explosões pra ir mais rápido até os muros, ele passou sem falar nada a não ser "MORRAM", mas duvido que ele tenha nos visto. Eraser Head me olhou, e antes de dizer o necessário, respirou fundo.
- Garoto, se você encontrar algum estudante querendo lutar... - ele ergueu seu dedo indicador, assim como o tom de voz também - Avisa que eu deixei. Estejam livres pra rebater qualquer vilão que atacar... Suspeito que seja a Liga dos Vilões, afinal. - agradeci e saí correndo, dizendo pra todo estudante que via no caminho, lutasse.
Aquele lugar estava um caos, e eu podia simplesmente me esconder e esperar outros heróis profissionais, ou tropa de choque, mas aquele meu maldito lado heróico gritava dentro do peito dizendo que eu tinha que ser útil pros outros, e eu realmente tinha que ser. O ruim era que correr por tanto tempo começava a ficar cansativo, e não havia um maldito vilão pra eu encarar nesse lugar inteiro.
Entrei em uma parte com mais árvores e continuei correndo, e alguns metros à minha frente eu vi alguém vestido de preto que passava rapidamente também. Era uma pessoa alta com sobretudo preto e cabelo de mesma cor, que eu nunca tinha visto antes, então eu pensei que podia ser um vilão.
- Quem é você? - gritei pro cara, ele virou seu rosto pra mim e quando me viu, percebi que algumas partes de sua pele faltavam, mas surpreendentemente, o tal vilão pareceu se assustar mais comigo que eu com ele, porque me olhou e começou a correr mais - Ei, volta aqui!!
Correr no mato resultou em ser mais difícil do que parecia: eram troncos de árvore, insetos e galhos pra todo canto, o que dificultava muito pra correr. Eu podia me mover com o gelo, mas particularmente tinha receio do que a individualidade daquele cara podia ser. Enfim, depois de meio minuto correndo atrás daquele animal, decidi que ele estava apavorado com um simples aluno e que não devia ser perigoso, e por isso podia alcança-lo sem esforço com meu poder. Como sou muito azarado, na hora em que ia usar meu gelo, alguém bateu de lado comigo e nós dois caímos.
- ME DESCULPA, EU TAVA... Shoto? - o garoto sardento de cabelos verdes parecia aliviado e surpreso por me ver. Compartilhamos do mesmo sentimento. Melhor um Midoriya que um vilão, não é mesmo?
- Tudo bem, agora levanta! - falei dando um pulo e pegando o braço do menor, que acabou se levantando - Vamos atrás daquele cara! - e assim ficamos correndo por um tempo, até que o vilão mostrou seu poder.
- Se afastem!! Eu NÃO quero machucar vocês! - ele falava com a mão na boca, tentando abafar a voz talvez - Agora se distraiam com essa árvore aqui, pequenos otários. - falou quando mostrou um fogo azul pra uma árvore, o que deixou ela em chamas. Aquilo seria muito ruim pra suas vizinhas que logo pegaram fogo também.
Mas como assim, ele não queria nos machucar??
- ENTÃO POR QUE VEIO AQUI, SEU BASTARDO?? - gritei ao mesmo tempo em que peguei meu amigo de cabelo verde pela cintura, logo criando uma ponte de gelo a qual nos ajudou a passar pelo fogo azul. Chegamos ao nosso destino, o tal vilão com parte da pele exposta - Quem é você, e o que quer aqui?
Ele mantinha os olhos vidrados em mim e por um momento parecia familiar. O negócio era que eu estava assustado na minha primeira luta com vilões de verdade, e não podia ficar perdendo tempo com suposições ou mera intuição, eu devia apagar ele ali mesmo, mas algo no olhar dele me impedia de fazer isso.
- Os heróis profissionais chegaram, temos que ir, Dabi! - eu não soube reconhecer a voz, e nem queria. Sabem a famosa quebra de paradigmas que acontece quando algo foge totalmente da sua realidade? Foi aquilo que eu senti, e foi uma sensação cortante no peito.
- Touya...? - as palavras saíram como um sussurro da minha boca, e todo aquele gelo que eu formava pra fazer a ponte, caiu, junto comigo e o meu melhor amigo.
- Mas, a menina loira chamou o vilão de Dabi, não é o nome do seu...? - olhei pro Midoriya com uma expressão no rosto que o fez ficar quieto. Não que fosse a minha intenção, mas eu devia estar no pior estado possível.
- Dabi é um apelido que eu dei pra ele quando menor. Touya é o nome dele. Do meu... - minhas pernas tremiam e eu soltava lágrima atrás de lágrima, e à medida que o meu rosto ia ficando molhado, o esverdeado parecia se desesperar mais - Irmão...??
Touya estava diferente, havia pintado o cabelo antes vermelho, estava tão alto quanto o papai, e seu controle sobre o fogo parecia tão melhor... Embora fisicamente seu corpo parecesse fraco, ele mesmo assim parecia tão apto pra um ataque desse porte... Ele mudou tanto que até se virou pro mal.
Mas seu olhar, ahh, isso não mudou nada.
- Porra, Toga!! Na frente do meu maninho não! - olhei pra ele mais uma vez, coisa que pareceu tão difícil quanto correr atrás dele incansavelmente, e aquela situação toda era a pior possível, mas eu comecei a rir entre os meus soluços.
Acho que tanta insanidade acaba por quebrar as pessoas.
- Kurogiri!! Aqui! - uma voz qualquer disse, mas já não importava mais. Nada importava. Todos os sons pareciam distantes e foquei meu olhar no chão. A terra molhava aos poucos com o meu gelo derretendo sobre ela. Passei a mão pela superfície macia e úmida pensando se essa sensação me acalmaria um pouco.
- VOLTA AQUI, TOUYA TODOROKI!! - ouvi o grito do meu lado, vindo da única pessoa que, até agora nunca me decepcionou - Eles... Fugiram por um buraco, acho que era a individualidade de um deles. - Midoriya se abaixou e me abraçou, ele tinha a voz embargada e, embora não visse seu rosto, tinha quase certeza que chorava - Eu sinto muito, Shoto...
Eu não lutei, deixei o inimigo sair ileso do campo de batalha. Eu não fui capaz de conversar com meu irmão.
Sou tão fraco assim?
Tão frágil?- Todoroki, vamos procurar algum sensei... Eles devem saber o que fazer. - meio trêmulo, se ergueu e me levantou junto - Vai ficar tudo bem, está ferido?
Seu cheiro natural fora substituído pelo de terra molhada, o que me chateou. "Mas é só um pouco de terra" você pode pensar. Pra mim, ver seu uniforme sujo e em vão, significou a derrota de um maldito híbrido que nasceu com um único objetivo de ser o melhor. Significou que eu fui inútil em um combate que botava em risco não só minha vida, mas de alguém que eu me importo.
- Midoriya, me perdoa? - voltei a chorar, como nunca o fiz na frente de ninguém, e apreciando o silêncio entre nós dois, continuei falando entre soluços - Eu não sou capaz de seguir em frente...
Uma vez ouvi dizer que se prender ao passado e às pessoas faz mal.
- Não se desculpe, tá tudo bem. - sua voz trêmula denunciava que ele não estava em sua melhor forma também.
Vendo o meu estado atual, essa frase é a maior verdade já dita.
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.Aviso rápido!!
Vi que alguns de vocês reclamaram de levar spoiler e eu só posso dizer que sinto muito por isso, mas na época que escrevi essa fanfic, o Dabi ser irmão do Shouto era uma teoria no fandom, apenas."Mas autora, você acabou de confirmar que realmente são irmãos" isso é algo que está na internet em todos os lugares desde que foi confirmado canon, realmente não posso fazer nada sobre isso, me perdoem.
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Dazed and Confused - TodoDeku
FanfictionIzuku Midoriya não sabia que estudaria junto com seu melhor amigo na melhor academia de heróis até entrar lá, assim como não sabia que ia se apaixonar por um dos garotos mais complicados e emocionalmente difíceis da turma.