Juntos

6.3K 742 503
                                    

O loiro caminhava calmamente pelo Jardim da enorme casa, aproveitando a noite calma. Recebeu algumas mensagens dos colegas, contando sobre seus encontros com os vilões, era estranho eles ainda não terem encontrado nada nas patrulhas. Já fazia uma semana, e nada.

Desde que chegou, Nejire tem agido estranho, querendo o tempo todo puxar assunto. No começo ele pensou que só ignorar resolveria, mas só piorou. Nesse exato momento, estava fugindo dela, com medo de toda a falação voltar.

Bakugou subiu em uma das arvores e ficou encostado no troco, encarou o céu, admirando as estrelas. Precisava de paz, silêncio. A volta de Midoriya fez com que seus sonhos voltassem a ser normais, mas isso não significava que estava completamente imune aos pesadelos, hoje mesmo ele teve um.

A brisa gelada afastando o calor e batia em seus cabelos dourados, Bakugou fechou os olhos, sua respiração cada vez mais calma, sem perceber acabou dormindo. Acordou com a voz de alguém xingando baixo, abriu os olhos relutantes e encarou a pessoa brava. Midoriya batia os pés com raiva no chão, andando em círculos. Ele amaldiçoada alguém ou algo varias e varias vezes, Bakugou sorriu vendo isso.

Uma coisa que chamou sua atenção foi a ausência do moletom, aquele que Midoriya usava mesmo estando com um clima bom. Ergueu uma sobrancelhas curioso, se mexeu um pouco na arvore, isso acionou o garoto, que sem pensar duas vezes virou as costas e saiu, andando rápido.

Um carro passou nesse momento, a luz repentina iluminou Izuku, permitindo examinar seu corpo. Por um segundo Bakugou esqueceu como se respirava, seus olhos formaram perfeitos círculos de espanto. Os braços de Midoriya estavam destruídos, com varias marcas de cortes, e hematomas roxos.

Uma onda de raiva atravessou seu peito, Todoroki tinha feito aquilo?
Sem nem pensar, pulou da árvore e correu atrás dele. Quando o alcançou, pegou pelo pulso e puxou de encontro ao seu corpo. Midoriya fechou os olhos com força, seu copo tremia de medo, ele murmurou baixo, para pessoa na sua frente:

— Eu não falei com ele, eu não falei... eu juro, não me machuque... eu não falei com ele... eu não falei, juro. — Seu corpo todo tremia, lagrimas brotaram dos seus olhos. Bakugou ficou assustado, do que diabos ele estava falando?

A raiva que sentia sumiu, suas mãos afrouxaram um pouco. O coração no seu peito ardeu, ele nunca tinha visto seu amigo de infância tão assustado.

— Deku, sou eu... — falou carinhosamente, tentando acalmar o garoto.

Parecia ter jogado sal na ferida, seu corpo congelou, todo o sangue sumiu do seu rosto. Ele abaixou a cabeça e suplicou entre choros.

— Não use a voz dele, não use. Não vou chegar perto dele, eu juro. Só... não use a voz dele.

Bakugou não sabia como reagir, não sabia o que estava acontecendo. Ele puxou o garoto e o abraçou, apertado, tentando demostrar apoio. Midoriya segurou a respiração por um tempo, com medo, depois relaxou e sentiu a fragrância do amigo. A que lhe trazia paz, aquela do carro, que nenhuma individualidade copiava perfeitamente. Abriu os olhos e viu a cabeleira loira, ainda não confiou que fosse realmente Bakugou, então perguntou hesitante.

— Uma vez na loja de conveniência, você conseguiu pegar um brinde com o rosto do All Might. Eu fiquei triste e você me deu o seu, mentindo que já tinha outro. Quando eu descobri, te devolvi, junto com um bilhete. O que estava escrito nele?

— Nada, você desenhou um coração todo torto e feio. — Bakugou respondeu, ainda abraçado no garoto. Achou aquilo estranho, mas parecia que isso o acalmou.

A respiração de Midoriya relaxou, antes de voltar a ficar desesperado. Ele não conseguiria mais fugir da perguntas, surtou completamente sobre pressão.

— Por que você esta aqui as 3 da madrugada? — perguntou com raiva, sentindo suas bochechas corarem.

— Eu estava dormindo. O que você estava fazendo aqui? — Bakugou respondeu e devolveu a pergunta, no mesmo tom.

— E-eu... — antes que conseguisse falar, o barulho de algo se movendo interrompeu. Todos os cabelos de Izuku ficaram em pé, ele agarrou Bakugou e jogou no meio dos arbustos.

— Fica ai, e não fale nada! — ordenou com voz firme.

— Izu, querido. A saudade que eu estava de você nem cabe no peito, como o amor da minha vida está? — A voz rouca de alguém falou, Bakugou não conseguiu reconhecer imediatamente.

— Você me encontra a cada três dias, como pode sentir minha falta? — Perguntou, sua voz carregando um pouco de nojo.

— Eu tinha você todos os dias, é agoniante não ouvir sua voz logo de manhã... — falou manhoso, com voz arrastada. Bakugou sentiu raiva, franziu a testa e prestou atenção na conversa.

— É só gravar um áudio. — Retrucou Midoriya.

— Hehe, o que foi isso? Você ficou só algum tempo com seus colegas e já ficou todo corajoso. Você sabe o que acontece com garotos desobedientes, não sabe? — Bakugou ouviu passos, a pessoa estava se aproximando de Midoriya.

— É melhor você ir embora. T-tem gente acordada na casa, o dono prefere o escuro. — Midoriya falou, sua voz tremula de medo.

— Só passei para ver como você está, já estou indo. Te encontro depois, meu anjo. Ah, não se esqueça que eu sou bem ciumento. — Completou a pessoa, que parecia ter se afastado.

Depois de um tempo as mãos de Midoriya agarraram a camisa de Bakugou, ele facilmente arrancou o loiro dos arbusto. Sem nem olhar ele virou e caminhou em direção da porta.

— O que foi aquilo? Quem era aquele? Por que você se encontra com ele a cada três dias? Por que eu precisava ficar escondido? Por que você ficou repetindo "não falei com ele"? Por que você esta todo roxo? — Bakugou começou o interrogatório. Ele parecia genuinamente preocupado, andando rápido atrás de Izuku.

— Você não pode falar comigo, consegue entender? Se quer meu bem, fique longe. — Midoriya parou na porta e falou ríspido. Depois de fazer sinal de silencio, entrou na casa, indo em direção dos quartos.

— Por que? — perguntou baixo, ainda curioso. Seguiu de perto, não queria que Midoriya fugisse outra vez.

— Bakugou, por favor. Me deixa em paz! — Midoriya falou, com voz chorosa.

Bakugou continuo atrás dele, antes que conseguisse fazer mais perguntas ele viu Kirishima, que estava parado longe, rindo dos dois. O rosto de Bakugou ficou vermelho, ele resolveu continuar essa conversa depois. Antes de sair, ele sussurrou:

— Não sei o que esta acontecendo, mas podemos resolver, juntos.

Não me deixeOnde histórias criam vida. Descubra agora