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Já vazia quase duas semanas que souberam do desaparecimento dos pais de Bakugou, ele foi o primeiro a notar a ausência deles. Não havia se passado nem um dia do sumiço e o garoto já ligou para o diretor da escola atrás de informações. No começo, ele parecia desacreditado, até um pouco perdido. Mas com o passar do tempo, ele ficou péssimo. Sempre saindo para beber e voltando tarde para desmaiar na cama.

Obviamente, os três heróis profissionais ficaram pressionados. Até agora eles não presenciaram nenhuma ação do inimigo, e o sumiço dos pais de um dos seus ajudantes era uma péssima notícia. Mirio passou a expandir sua papelada, cuidando de cada detalhe atrás de alguma pista. Nejire e Tamaki ajudavam quando não estavam em patrulha. Kirishima ficou encarregado de sempre ficar de olho em Bakugou, para que ele não fizesse nenhuma loucura. Midoriya... ele não falava. Parecia alguém sem alma, completamente vazio.

Essa reação despertou preocupações em todos, nem Bakugou tinha reagido dessa maneira. Obviamente, ele fazia e ouvia tudo que falavam. Mas, nunca emitia um som sequer, parecia ter perdido a capacidade de falar.

Depois de outro longo dia, Midoriya e os três heróis profissionais estavam reunidos na sala. A televisão estava ligada no noticiário, que só mostrava notícias ruins. Izuku continuava com um rosto indiferente, os círculos escuros abaixo dos olhos mostravam que ele não dormia a um bom tempo. Mirio sempre ouvia ele chorar desesperadamente a noite, como estava preocupado, passou a dormir junto dele. Isso parecia deixar ele mais calmo, mas Nejire e Tamaki pareciam incomodados, até enciumados.

Quando estavam prestes a se retirar para seus quartos. Bakugou chegou, fedendo a álcool. Ele avançou em cima de Midoriya, segurando ele pelo colarinho do moletom.

— Essa merda é sua culpa! — Gritou, com a voz carregada de ódio.

— Por favor, se acalme. — Pediu Tamaki, que franziu a sobrancelhas pela voz alta. Estava com a cabeça estourando, só queria deitar no silêncio do seu quarto.

— Me acalmar? MEUS PAIS SUMIRAM! — Bakugou ergueu a voz, querendo colocar tudo para fora.

— Eles podem estar bem, Katsuki. Fique calmo. — Mirio tentou mediar, de maneira positiva. 

— Hahaha bem... aham, bem... — riu, sem saber mais como resolver aquilo. Sua raiva crescia, e não havia ninguém em quem descontar. A única pessoa que sabia tudo era Midoriya, então, decidiu que ele seria o culpado, mesmo que no fundo não achasse aquilo.

— Por que você não fala nada? Isso é sua culpa! Me responda! — gritou, sacudindo Midoriya furiosamente.

O garoto continuou quieto, sem expressão. Ele não respondia, não olhava diretamente, nenhuma palavra saiu de sua boca.

— Solte ele, Bakugou. Midoriya não tem relação alguma com o sumiço, você esta bêbado. — Reclamou Nejire, sentindo uma mistura de decepção com preocupação.

— Vamos, seu merdinha. Diga algo, ria, chore. — Bakugou provocou, segurando o rosto de Midoriya.

Os olhos dos dois se encontraram, ambos sabiam exatamente o que o outro sentia, não era necessário palavras. Os olhos de Midoriya mostravam a dor e a culpa que carregava, os de Bakugou ódio e perda. Nenhum deles queria que as coisas chegassem a aquele ponto, e nenhum deles queria brigar. Os dois só queriam um abraço, apoio e o conforto um do outro.

O entendimento mútuo fizeram os dois chorarem, ainda se olhando. Bakugou soltou a blusa de Midoriya e sentou ao seu lado. Os dois não podiam conversar, mas nunca comentaram nada sobre chorar juntos. Ficaram assim por um tempo, um ao lado do outro, chorando como se não houvesse amanhã. Ao redor, ninguém entendeu nada. Só continuaram parados, depois de perceber que Bakugou não atacaria mais, eles se retiram.

— Cadê Kirishima? Ele não deveria estar de olho em Bakugou? — murmurou Nejire, preocupada.

— Não sei. — Tamaki deu de ombros, se dirigindo ao seu quarto.

— Ele observa a distância, ainda não deve ter reparado que Bakugou já voltou. Logo ele está de volta, você vai ver. — Mirio colocou a mão no ombro da amiga, tentando acalma-la.

— Hum... ei, vamos dormir juntos hoje? Quero dizer, nós três. — Apontou dela a Tamaki, que já estava na porta do seu quarto, e para Mirio. O homem sorriu, mostrando todos os dentes.

— Esta com ciúmes do meu pequeno Izuku? Que feio. Mas, sabe, eu vou adorar...

Em um beco escuro, três pessoas trocavam informações. Uma das sombras sorria o tempo todo, uma permanecia quieta e ameaçadora no fundo, e a última parecia animada e curiosa.

— E ai, como foi a reação dele? — Perguntou a sombra curiosa.

— Ficou bem abalado. — respondeu a sombra risonha.

— Eu queria ter visto, merda. — Comentou a sombra curiosa, pisando forte no chão.

— E os outros? Vamos fazer algo a eles? — perguntou a sombra risonha, parecendo animada por um massacre.

— As ordens são para observar de longe, analisar a nova rotina. E Izuku não fez nada ainda, não precisa ser punido. — Comentou a sobra curiosa dando de ombros.

— Ele falou com Bakugou novamente? — perguntou a sombra distante, irritado com o papo furado.

— Não, nem olhou diretamente pra ele. — Respondeu o risonho.

— Ótimo, se ele abrir o bico novamente nos mande mensagens. — Avisou a sombra distante, puxando a sombra curiosa e se virando para sair.

— Sim, senhor. — Respondeu a sombra risonha, acenando alegremente com as mãos.

Não me deixeOnde histórias criam vida. Descubra agora