Bakugou entrou no antigo quarto de Midoriya muito confuso. A algumas horas recebeu um e-mail programado falando para dar uma olhada em suas coisas. Mas, em que coisas?! Os heróis verificaram anteriormente e não acharam nada.
Ao ver os pôsteres do All Might, os figures e vários livros de anotação, abriu um sorriso. Nerd, Deku é um verdadeiro nerd. Procurando por horas, não achou nada de anormal. Não tinha nada. Nem atrás dos pôsteres, nem nos figures, em nada. Os livros também eram normais, apenas heróis aleatórios e anotações sobre poderes.
Nesse momento, um caderno lhe chamou atenção. Todos pareciam desgastados, mas esse era especial. O caderno que se arrependia de ter explodido, o caderno que havia sumido junto com Midoriya.
Ao abrir no meio do livro, apenas por curiosidade sobre o conteúdo, percebeu que as folhas eram novas, sem marcas de molhado ou queimadura. Retornado a primeira página, sentiu seu coração na garganta ao ler:
“Olá, Kacchan. Estou escrevendo isso no dia após sua fria rejeição. Primeiramente, gostaria de te mandar tomar no cu. Agora, gostaria de me desculpar...”
Bakugou sorriu de lado, quem diabos xinga e depois se desculpa?
“Indo diretamente ao assunto. Recebi uma proposta de Shigaraki, depois de ter me ameaçado com a vida da minha mãe. Obviamente, eu não sou estúpido e contei ao All Might. Mas, não foi uma coisa inteligente de se fazer. Os heróis e os ministros da segurança e da paz entraram em uma discussão ao saber que sou filho legítimo do vilão All for one. Agora foi hora dos heróis me proporem uma missão arriscada, que nem o aposentado número um poderia saber: se entregar aos vilões e trabalhar com eles.”
— Mas que diabos de coisa maluca é essa?! — Bakugou cerrou os dentes com raiva.
“Antes que me xingue, eu pensei muito sobre isso. No final, não consegui tomar uma decisão sozinho. Então, fui até você. Me declarei. Na minha mente dividi as respostas: Se me aceitasse: ficaria e tentaria proteger minha mãe. Se me recusasse: iria me juntar ao vilões para descobrir seus planos.”
— BURRO ESTUPIDO. — Bakugou gritou com raiva, sem saber se era de si próprio ou do garoto.
“Esse será meu diário. Vou anotar aqui tudo que for útil aos heróis, e antes de algo acontecer darei um jeito de te entregar. Dito isso, boa sorte a nós dois.”
Bakugou suspirou e virou a página, encontrando uma linha de rabiscos desesperados.
“DEU TUDO ERRADO, KACCHAN. Tomura é DOENTE. Esse @%$!%%! Não acredito que estou sozinho nessa situação. Mas, isso não importa. Eu descobrir que querem soltar AFO, e com minha ajuda. Não gosto da ideia, estou tentando atrasar isso para tentar avisar algum herói. Me deseje sorte.”
Bakugou suspirou, sabendo que apenas começou o sofrimento.
“Me pegaram tentando escapar. Foi horrível. Estou com nojo de mim mesmo nesse momento. Aliás, não vou conseguir evitar que AFO escape.”
Bakugou soltou outro suspiro e avançou mais paginas, ler essas coisas o deixavam muito mal.
“Consegui conquistar Tomura! Ele pelo menos me ouve... Ah, estou a quase dois meses aqui. Ao que parece, estão planejando primeiramente recuperar o chefe e depois vão começar a tramar uma maneira de derrubar os heróis. Pelo que ouvi, o cara que me deu a vida (sinceramente, minha mãe é uma guerreira) é alguém que se diz benevolente. Patético, na minha opinião. Mas, sei que posso colocar Shigaraki e ele em lados opostos. Um quer poder, o outro destruir tudo e todos. Vai ser difícil, se Tomura perceber vou passar por mais e mais torturas.”
Bakugou passou para a próxima pagina, que eram outras reclamações e teorias. Ao ler mais uma dez páginas, um texto começou um pouco diferente.
“Kacchan, seguinte, eu acho que vou morrer. Pode não ser agora, e sim quando você pegar esse caderno. Eu sei que tanto faz para você, mas eu queria dizer que tudo bem, estou morrendo pelo bem do povo. Bom, vou me esforçar para ser útil.”
— Morrer? Deku vai morrer? Não, não, não... — Bakugou murmurou pra si mesmo, sua cabeça começou a girar por conta do desespero.
“Descobri o plano!!! Eu estou tão feliz!!! Vou tirar algo de útil desse inferno! Eu fui designado pelo AFO para checar e passar a eles tudo sobre alguns heróis específicos, poderes, relacionamentos, etc. A alguns dias Twice fez um clone de você, para brincar com minha mente, isso me deixou claro sobre o que querem fazer. Vão substituir alguns heróis! Vou fazer tudo em dobro, e mandarei os cadernos até você através de meu único aliado aqui. No começo eu não confiava nele, mas depois percebi que tanto faz. Se me trair, não tenho nada a perder.”
Bakugou parou nessa parte para inspirar, esse nerd é um doido de pedra. Os comentários depressivos já estavam aparecendo, o que demostrava sua falta de vontade por viver. Ler isso doía.
“Todos os livros em meu quarto são sobre cópias. Leve todos até Endeavor, que é o único herói que sabe onde estou, e entregue esse caderno junto dos outros. Uma mensagem ao herói número um: Elimine todos que puder, ou as consequências serão devastadoras.”
— Todos?! — Bakugou levantou o olhar, encontrado uma estante com pelo menos uns cem cadernos.
“Mais uma coisa, Kacchan...”
A última anotação parecia um pouco tremula.
“Agora vou ser profissional nos relatórios, então queria me despedir. Eu te amo! Sei que te disse antes, mas queria repetir. É o último que ouvirá (de mim, no caso), eu acho. Cuide de minha mãe por mim, por favor. Espero que encontre alguém para amar, e que seja amado de volta. Não fique sozinho, se entregue de corpo e alma quando encontrar a pessoa certa. Desejo muitas felicidades a você.”
Depois dessa página, as anotações pareciam ser escritas ao herói numero um. Tudo dinâmico e objetivo, resumindo os planos e deixando óbvio suas especulações. Bakugou não perdeu tempo, pegou seu telefone e ligou a Endeavor. Precisam ser ágeis se quisesse ganhar dos vilões e resgatar o garoto, que tinha certeza que ainda estava vivo.
...
Na cidade pequena e afastada, Nejire chegou correndo de outra ronda, ela parecia ter recebido uma notícia ruim.
— Onde está o Mirio? — Nejire perguntou a Tamaki, que lia relatórios.
— Disse que se atrasaria. — Respondeu no automático.
— Por que? — Nejire insistiu em uma resposta.
— Não sei. — Tamaki respondeu ainda sem se importar.
— Tamaki, depois de deixar os garotos com Endeavor, ele não pareceu mais. — Nejire falou com voz aguda pelo nervosismo.
— Onde você quer chegar? — Tamaki soltou os papéis, impaciente.
— Ele te disse que ia se atrasar por quando tempo? A viagem de lá ate aqui não dura tanto. — nesse momento Nejire parecia a ponto de chorar.
— ... — Tamaki encarou o vazio por um tempo — Merda.
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Não me deixe
FanfictionDepois de se declarar a bakugou, midoriya sumiu, ninguem sabia nada sobre seu paradeiro. Dois anos depois, ele aparece. Volta a estudar com seus colegas, tudo de volta ao normal. Mas... aquele sorriso não parece um pouco diferente? Bakudeku