Sacrifício

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—Vocês vão mesmo manter o menino preso? — Mirio pela milésima vez foi reclamar com os polícias, irritado demais com a atitude dos heróis.

— Senhor, entenda. — Uma atendente tentou explicar — O aluno Bakugou Katsuki pode estar ligado diretamente ao traidor, até sendo um deles.

— Vocês são cegos?! É obvio que Izuku foi forçado! — Mirio bateu com o punho no balcão, desabafando sua raiva.

— Vou falar com ele. — Endeavor entrou na delegacia e anunciou com a voz calma — Herói Lemillion, mantenha a calma.

— Endeavor! — Mirio suspirou aliviado — Pedi para Kirishima te chamar, não achei que apareceria tão rápido.

— Vocês foram barrados e presos assim que entraram na cidade, era meu dever estar aqui. — Endeavor respondeu indiferente — Mas, por mais que eu consiga liberar o garoto, o público já começou com especulações.

— Tenho certeza que Bakugou não se importa, apenas ajude-o a sair desse lugar. — Mirio sorriu, finalmente recuperado sua postura.

— Ok. — Endeavor concordou e saiu em direção aos policias.

Na sala com pouca iluminação, Bakugou se encontrava com as mãos presas em algemas especiais. Alguns policias fazerem perguntas através da parede de vidro, mas Bakugou não abriu a boca para responder. Ao ver Endeavor entrar, o menino finalmente arrumou a postura na cadeira.

— Garoto, parece que estão te tratando como um criminoso. — Endeavor sorriu ao vê-lo preso firmemente.

— Comparado ao o que Deku deve estar passando, estou sendo tratado como um rei. — Bakugou resmungou — Vão me tirar desse lugar ou me prender de vez? Não aguento mais ouvir esses idiotas.

— Me diga, o que você sabe? — Endeavor não respondeu, fazendo um pergunta padrão.

— Provavelmente, menos que você. — Bakugou sorriu de lado.

— Resposta inteligente. — Endeavor concordou — Se não confia em mim, tente falar com um de seus colegas. Mas, precisamos da sua ajuda para localizar os reféns.

— Os reféns? — Bakugou repetiu quase assustado — Finalmente alguém incluiu o Deku nos reféns.

— Não acredito que o aluno em questão tenha motivos para trair os heróis, e confio no julgamento de All Might. — Endeavor explicou com calma — Mas, me é estranho o motivo de sua desconfiança com todos. Você sabe de algo, não é?

— Vamos deixar uma coisa bem clara. — Bakugou sorriu, sem saber se a pessoa na sua frente é de fato o herói ou não — Se eu não confio em ninguém, não vou falar com ninguém. Mesmo se meus pais aparecerem, não vou abrir o bico. A decisão se vão me soltar ou não é de vocês e, sinceramente, gostaria de evitar contato com os outros. Apenas a voz dessa gentalha falando o que não sabe me irrita, pelo menos os vilões sabem calar a boca.

— Tudo bem. — Endeavor se levantou para sair, mas antes se virou para um espelho ao seu lado — Soltem ele, Shoto e os outros moleques são o suficiente para mantê-lo na linha.

— Hã? — Bakugou não reagiu.

— Eu confio em você também. — Endeavor murmurou antes de se retirar.

...

Midoriya se ajoelhou, esperando pelos comandos de seu pai. O vilão parecia muito cansado, mas sorria satisfeito.

— A garotinha é incrivelmente quieta, mas inútil. — O homem comentou — Eu já sabia disso, e pensei muito sobre quem poderia ficar e controlar seu poder. No final, a opção perfeita é você. One for all e o poder de Eri tem a mesma natureza, creio que alguns dias sejam o suficiente para que conquiste êxito.

— Pai, não tem medo que eu use o poder para te machucar? — Midoriya cerrou os dentes, irritado.

— Por que você faria isso? Eu sou seu pai. — AFO gargalhou alto com a voz rouca — E se eu me ferir, creio que Inko e os outros sofram algo pior que a morte. — Ameaçou com a voz indiferente — Já que você não tem nenhuma reclamação... tragam a garota.

Assim que falou, Dabi entrou segurando Eri nos braços. Para surpresa de Midoriya, ela estava sendo bem cuidada. As roupas novas e bonitas, cabelo arrumado e comia um doce despreocupada. Ao ver Midoriya, abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Deku, foi como você disse! — a garotinha desceu dos braços do vilão e correu ao homem de joelhos no chão — Eles não me machucaram, me deram coisas legais para comer e me permitiram brincar com sua mãe! — começou a contar com tom infantil.

— Que bom, minha menina. — Midoriya sorriu gentilmente e acariciou seus cabelos, no fundo sabia que Eri estava sendo usada como aviso — Logo tudo vai acabar e você vai voltar ao professor Aizawa.

— Venham, se aproximem. — AFO interrompeu e esticou seus braços, ao ver os dois responder obedientemente, sorriu largo. Ao tocar neles, transferiu o poder da menina ao seu filho. O chifre dela diminuiu ate sumir, e na testa de Midoriya cresceu calmamente. Mas, diferente de Eri, o chifre parecia muito maior.

— Ah, sumiu. — Eri tocou na própria cabeça confusa, mas parecia muito feliz com o fato.

— Levem-na até seu quarto. — AFO recolheu suas mãos.

Dabi não se moveu, quem entrou para pegar Eri foi o doutor, que sorriu para Midoriya antes de fechar a porta. No lugar, apenas os três ficaram.

— Precisei escolher alguém para ficar com One for all por um tempo. — AFO começou a falar — Não poderia te deixar com dois poderes, e não posso me dar ao luxo de tomar posse dele no meu estado. — O vilão apontou para os aparelhos, indiferente — Te darei três dias para aprender a domar o poder da menina, até lá vou usar alguém de hospedeiro para manter o poder de All Might. Sei que Tomura poderia me trair por você, então escolhi um dos mais fiéis, Dabi.

— Eu não posso ficar com os dois? — Midoriya perguntou por reflexo, chocado por ter que dar seu poder a alguém.

— Dois poderes incríveis em um herói? — Dabi desdenhou — Nós temos cara de idiotas?

— É como o menino disse. — AFO não se deu o trabalho de explicar — Apenas de a ele o poder.

Midoriya hesitou por um momento, mas ainda arrancou um fio de seu cabelo e passou ao vilão. Todos já sabiam da natureza do poder, foi basicamente a primeira coisa que o forçaram a falar. Dabi pegou e engoliu diretamente, então saiu da sala.

— Oh, antes que me esqueça... — AFO pareceu animado — Uns boatos interessantes se espalharam, sobre você ser um traidor e meu filho. Eu gostei disso. Quero que o anúncio de nossa guerra seja feito por você, vou fazer uma transmissão para a cidade toda.

— O que? — Midoriya ficou paralisado — E eu vou dizer o que?

— Pensei em usar um sacrifício. — O vilão sorriu largo — Eliminar a esperança diante de todos e usar seu rosto como a imagem da nova era.

— Eliminar a esperança... não poderia ser... — Midoriya murmurou assustado.

— Você matará o símbolo da paz na frente do Japão inteiro, acho melhor se preparar. — All for one gargalhou, uma risada tão potente que dava calafrios.

Não me deixeOnde histórias criam vida. Descubra agora