π

10 1 0
                                    

Tem dois sentimentos que são naturalmente meus
A insatisfação
O arrependimento
Eles, diferentemente da alegria, são de dentro para fora
Eles surgem de reflexos meus
Transbordo-me em mim, afogo-me

Ontem fui a uma festa
Fiquei triste na hora por não ter feito o que não fiz
Fiquei arrependida por fazer o que fiz

Um mar de incertezas
Queria estar no barco da racionalidade, vivo nele
Mas as vezes minha canoa balança, e se caio em emoções, perco-me
Perco-me e afundo-me

Ah, sentimento de ser grande
Você e todos seus adultos que te englobam
Um 18 azul
Um 24 de jaqueta
Um 21 sem cabelo
Um 28 que dança rock

Curiosidade faz-me sentar na sacada e assistir-vos passando
As vezes quero mergulhar
Não de cima para baixo
Mas de fora para dentro

Por que tu estás aqui, por que tu existes?
O que me faz querer me afogar em tua mente?
E por que 24 e 28 são tão mais interessantes que 18 e 21?

24 e 28 são números dóceis
18 e 21 querem o inferno
E o 17? Paixão, curiosidade

Acho que eu entendo esse meu mar agora

Mas 24 e 28 querem balões, voarem em seus próprios céus
Não sei se devo atrapalhar seus voos
Eu já atrapalhei seus voos
Corro? Vou atrás desses algarismos?

Se eu não atrapalhar seus voos, atrapalharei o meu?
Não atrapalhar mais voos?
Castidade de mim.

//

Peço que guarde entre seus silêncios

Talvez eu só tenha bagunçado tudo
E, no caos de sentimentos, acabei falando o que não queria
É mentira
Eu queria
Mas não aquilo
Eu não queria o que adolescentes fazem na inconstância das luzes coloridas
Eu não queria o que queima e tonteia

Eu queria a inconstância dessas cores em minha mente
Eu queria as luzes de seu caminhar lógico
Eu queria rodopiar e cambalear de alegria
Eu queria me sentir inquieta enquanto via estrelas
Eu não queria toques, mas laços

A forte curiosidade de entrar nesse museu
-Museu que você talvez ache um acúmulo de caos-
E construir um caminho
Um caminho sólido
Talvez me fez confundir o que é concreto no imaginário do que é o cimento das esquinas

Apenas peço desculpas pelo caos
Não esperava ter sido apresentada aos seus demônios
A surpresa trouxe a curiosidade
E a curiosidade trouxe o caos de palavras
Que trouxe-me até aqui
E aqui estou

E aqui sou

12/12

Tudo: um grande nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora