Longe

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Longe.
O brilho dos olhos meus haviam se apagado.
Tudo o que eu via a minhra frente era um grupo de robôs.
Movimentos repetidos de um giz cansado de dançar.
O movimento mesmo que se repetia dia após dia.
Os desenhos, não mágicos, mas iguais
+ - √ x 4 /
E iguais, e iguais

Um mundo sem vida, uma máquina de fazer máquinas
Máquinas de devorar livros
Máquinas de destuir poemas
Máquinas que escrevem muito, mas não dizem nada

Uma frase ecoa em minha mente:
"Repetir o que os outros sempre fizeram? Prefiro fazer o novo"
O meu ex-professor fazia o novo, mesmo dando história
Ao mesmo tempo que nos chamou de macacos de imitação,
coisa que hoje reconheço,
Observo que talvez dê para fazer o novo usando antigo

Bem, palavras surgiram há muito tempo
Não me recordo quando
Nem busquei palavras que me contassem essas histórias
Perguntei aos números, mas eles se calaram.

Vago por versos tentando inovar
Aproveitar e fazer o novo a partir do antigo e batido
E calculado e já somado e já dividido
Multiplicando esses cacos para tentar me buscar

Minha garganta fecha nessa vontade de vomitar
Mas só ingeri números nos meus últimos dias
Não poemas, vomito problemas

Dos senos eu aguardo resposta
Olho livros mortos e infinitos esperando o novo
Me distancio da sensibilidade trabalhando em limites
Gelado, não ouço mais as dores dos sentimentos
De conhecimento, levo apenas os cossenos

Me embolando num mar de subjetividade
Que de sentimentalismo nada tem
Aguardando alguém para me mostrar que também nesse mar,
meu bom homem, dá para nadar.

13/05/2020
Iniciado as 10:05

Tudo: um grande nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora