𝐈'𝐌 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐈𝐍𝐄

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O CLIMA É MEIO ESTRANHO. Desde que acordei não me sinto bem. Meu coração apertado me causa a pior sensação que poderia sentir em toda essa semana. O fato do meu namorado não responder nenhuma das minhas mensagens e ligações também. O que me confortou foi que sua mãe me confirmou de que ele estava em casa, mas não tinha saído do quarto desde acordou.

Noah não é a pessoa com a melhor saúde mental que eu conheço, assim como eu. Ele quase nunca está 100% bem consigo mesmo, mesmo fingindo muito bem. Ontem, como todas as noites em que não dormimos juntos, lhe mandei várias mensagens, dizendo quão lindo, talentoso e o melhor namorado do mundo ele é. O que não era mentira, ele é tudo isso, mesmo não percebendo.

O caminho para casa dele foi o mais longo da minha vida. Os minutos pareciam não passar e o motorista do aplicativo pegou, com toda a certeza, o caminho mais longo. Assim que chegamos, agradeço o motorista, lhe desejando um bom trabalho. Passo pela porta da frente, que como sempre essa hora da manhã, 11h, exatamente, estava aberta. Não encontro nem Lins, nem Wendy, nem Marco na sala, então sigo direto para o quarto de Noah.

Não me surpreendo com a porta destrancada, já que perdemos a chave por ai em uma das nossas peripécias. Assim que finalmente encontro o loiro, ando até ele devagar. Digo que a imagem na minha frente quebra meu coração aos pouquinhos. Ele está sentado em frente ao espelho, segurando o violão, enquanto toca algo avulso. Também não vestia nada além de uma cueca, o que me faz perceber que ele não teve força alguma pra se quer vestir uma roupa.

— Amor? – digo suavemente, tentando não assusta-lo.

Ele não se vira pra mim e continua tocando, sem sequer mover o resto do corpo além dos dedos. Tiro meus sapatos, colocando-os do lado da sua cama e ando até ele, me ajoelhando atrás do mesmo. Encaro seu rosto abaixado pelo espelho, mesmo assim reconheço o rosto de choro recente. Não digo nada, apenas sento e o abraço por trás, deitando minha cabeça nas suas costas.

Everytime i go outside, I don’t feel like myself, I really need some help – ele começa a cantar — Tell me if you notice that I'm sad. The only one who see it is my dad.

A letra acaba comigo. Eu queria tanto poder ajuda-lo nesse quesito. Eu queria tanto tirar toda a dor dele, mesmo que fosse passando ela pra mim.

I like to pretend that i'm happy, cause no one seems to ask me, how i'm really doing and I don’t think that's right  – ele canta devagar e meio falhado, com a voz embargada pelo choro — So can you see? I'm about to lose my mind. Can you feel? We're running that out time. Can you tell them, that i'm not fine? Can you see? We all are gonna die.

E me encontro chorando junto. Não tenho certeza se ele consegue sentir as lágrimas escorrendo por suas costas, mas elas definitivamente estão escorrendo pelo meu rosto. Saber que uma das pessoas que eu mais amo no mundo inteiro está passando por um momento merda e não tem nada mais que eu possa lhe fazer além de apoiar é horrível.

— Desculpa – peço, apertando seu corpo contra o meu.

— Não é culpa sua – ele sussurra e um breve alívio que corre pelo meu corpo, por ouvir sua voz pela primeira vez no dia.

— Eu queria poder te fazer se sentir melhor – fungo, sentindo meus pulmões cheios de muco. Saco.

— Você já faz. Sempre. Você ultimamente é a única coisa que me faz sentir melhor – ele tira o violão do colo, colocando-o de lado.

— Eu te amo – lhe dou um beijinho nas costas.

Ele parece limpar seu rosto, já que sinto seus braços levantarem de leve. Ele me faz o desabraçar, porém se vira para mim e em alguns segundos estamos deitados no chão e ele com a cabeça nos meus peitos. Acaricio seus cabelos enquanto ele funga baixinho, me apertando contra seu corpo. É impressionante como isso é íntimo. Eu não preciso dizer nada para tentar conforta-lo e ele não precisa dizer nada, também.

one shots 𓆜 noah urreaOnde histórias criam vida. Descubra agora