Capítulo 2- Amizade

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Edgar PDV

Eu nunca tive um lar certo. Desde que me lembro eu sempre vive em lugares diferentes, acho que tudo começou quando eu tinha uns seis, sete anos e meu pai morreu em um acidente de helicóptero, depois disso minha vida mudou completamente. Minha mãe entrou em um luto tão profundo que a única solução que ela teria para mim, era me colocar em um colégio interno, e foi para onde eu fui, passei toda a minha infância sem ter muito contato com a minha mãe, só a visitava no natal, nas férias e no meu aniversário, isso quando ela não me colocava em colônias de férias, e mais uma vez eu ficava bastante tempo sem vê-la. Chegou uma época em que eu pensava que ela não me queria e por isso ficava sempre me afastando, mas com o passar do tempo eu fui entendendo que ela só fazia isso por que sentia falta do meu pai e querendo ou não eu a fazia se lembrar dele.

Quando comecei a faculdade de administração as coisas mudaram, fui para Harvard, em outro país, experimentei uma nova cultura e aprendi a me divertir, de repente eu comecei a ficar menos chateado por não ter muito a atenção da minha mãe, mas esse ano em especial algo aconteceu, ela me ligou, e praticamente implorou que eu viesse passar as ferias com ela, não tive como recusar e cá estou eu, em uma cidadezinha de interior que não tem nada de interessante, faz uma semana que eu cheguei e só de pensar que ainda faltam mais quarenta e cinco dias para eu voltar já fico com vontade de ir embora logo, literalmente essa cidade não tinha nada, e o pior era saber que a maioria dos meus amigos estavam em um cruzeiro Grego, aproveitando as praias e mulheres por onde passavam e eu estava aqui tomando chá inglês todas as tardes com a minha mãe.

Hoje não sei por que acordei junto com as galinhas, talvez não esteja mais acostumado com esse fuso horário, o que era uma merda, já que todos os dias eu estava acordando cedo e consequentemente tendo que ir dormir cedo também. Já que tinha levantado talvez seja melhor que eu vá dá um passeio de cavalo por ai, desde que cheguei ainda não tinha cavalgado.

-Bom dia mãe. - Falo sentando na mesa de café da manhã.

-Bom dia querido,já tem planos para hoje?

-Acho que vou dá um passeio de cavalo. - Falo pegando algumas uvas. - Tem alguma coisa de interessante pra fazer hoje.

-Hoje meu dia está cheio, tenho algumas reuniões hoje, talvez nem consiga vim almoçar com você.

-Sem problemas, vou tentar me manter ocupado o dia todo.

-Você deve está achando tudo aqui entediante. Eu entendo que Conwy não é uma cidade muito jovial, mas aqui tem algumas coisas interessantes que talvez você possa gostar.

-Não se preocupe mãe, eu estou gostando de está aqui. -Minto descaradamente, mas não queria que ela fizesse chateada comigo.

-Que bom filho, isso me deixa muito feliz.

Depois do café da manhã eu fui direto para os estábulos, coloquei uma roupa de montaria e fui escolher qual cavalo eu andaria. Um de pelo negro me chama atenção, vou até o bicho e passo minha mão nele percebendo que era dócil, seria esse o escolhido para eu andar. Não tive muitas dificuldades para montar o animal, comecei a cavalgar pela área perto da mansão, dei uma volta pelo castelo abandonado até chegar na colina que dava vista pra toda a pequena cidade, parecia até um vilarejo medieval, passo algum tempo ali apenas vendo a paisagem imaginado como seria se eu não tivesse passado tantos anos preso em um colégio e tivesse ficado aqui nesta cidade junto com a minha mãe, talvez tudo pudesse ser diferente.

Voltei para casa pelo caminho que dava para um enorme lago que ficava por trás da mansão, retornei para o estábulo, para guardar o cavalo e foi ai que eu vi algo um pouco cômico de se ver, a mesma garota faxineira que passou mal no meu quarto logo quando cheguei estava tentando escovar um dos cavalos, mas o bicho era arisco e não facilitava nada pra ela.

Meu Céu VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora