Saíram do hotel e começaram a caminhar pela calçada, procurando o carro de Thomas no meio de um monte de outros carros estacionados ali. Amália arrastava a enorme bagagem atrás de si e seus cachos já começava a cair no rosto, atrapalhando sua visão.
— Onde deixou seu carro?
— Logo ali. – Apontou ele mais à frente – Se adivinhar qual é, eu deixo você dirigir.
— Está falando sério?
— Sim.
Amália parou em frente a uma fileira e um carro lhe chamou a atenção. Ele era antigo, provavelmente de colecionador, onde os faróis deveriam estar, era apenas uma grade, logo ela deduziu que os faróis estavam em um compartimento no capô do carro, a traseira era um pouco longa fazendo o automóvel parecer maior, os bancos trabalhados em couro preto e a cor preta do carro reluzia.
Ela parou em frente a ele e apontou dizendo:
— Esse tem a sua cara.
— Uma ótima escolha, mas não é.
— Mas... Achei que gostasse dos clássicos.
— E de fato gosto, mas eu tenho uma coluna quebrada e uma perna que manca que não me deixam usar um clássico desses. Eu preciso de um carro com câmbio automático ou adaptado, e esse não tem nenhuma das duas coisas.
— Então onde está o seu?
Thomas tirou a chave do bolso e apertou um botão desligando o alarme e destravando o carro, que estava ao lado do carro antigo. Ele deu um sorriso sarcástico para ela e disse:
— Foi por pouco.
Amália não teve tempo para responder, uma moça saiu do hotel e veio na direção de Thomas, depois entregou uma gravata e disse com a voz, aveludada:
— Vê se não esquece da próxima vez.
— Ah, obrigado, docinho.
Ela deu uma piscadinha para ele e saiu rebolando de volta para o prédio. A mulher parecia uma gata no cio!
Thomas esperou ela entrar totalmente no hotel e logo depois foi em direção a uma lixeira e jogou a gravata dentro.
— Por que fez isso? – Questionou Amália.
— Porque a gravata não é minha. Entra logo.
Ele abriu a porta do carro esporte e entrou.
— Gênio, preciso que abra o porta malas para eu colocar minha bagagem.
Thomas apertou um botão no painel do carro e logo o teto começou a se abrir, tornando o carro um conversível. Amália ficou parada olhando indignada para ele. Como podia alguém ser tão exibido?
— Coloca a mala aí atrás. Não temos o dia todo para ficar aqui.
Amália bufou e logo acomodou a enorme bagagem no banco de trás, abriu a porta do carona e se sentou ao lado de tomas, com os braços cruzados e uma expressão furiosa.Logo ela colocou os óculos escuros novamente e ficou olhando para frente, sem sequer dar uma palavra a ele.
Thomas observava a garota em toda a sua fúria e achava aquilo divertido, embora admitisse que tinha ido um pouco longe demais.
— Eu acho que você precisa colocar o cinto de segurança. – Debochou ele.
Amália rapidamente colocou o cinto e ele deu partida no carro e logo tomaram o caminho para sua casa.
Atravessaram a cidade toda, passando pelos bairros mais simples aos mais nobres, e a cidade era realmente bonita, as ruas eram limpas e arborizadas, e apesar de ser verão o clima era frio.
Passaram por um último bairro, onde havia vários condomínios e depois entraram em um asfalto já saindo da cidade e subindo uma colina, onde tudo ao redor eram árvores ou campos abertos. Amália se incomodou um pouco com aquilo, mas preferiu ficar quieta. No entanto, ela não pôde aguentar, no meio do caminhou, perguntou:
— Para onde está me levando? Vai me sequestrar, matar e jogar onde ninguém possa achar?
Thomas deu um sorriso ladino e respondeu:
— Não me dá ideia! Só estamos indo para minha casa.
— E onde você mora, homem das cavernas?
— Logo ali.
Ele apontou para frente e logo Amália avistou uma casa um pouco mais acima na colina, era simplesmente majestosa. Não era grande, mas seus dois andares mostravam a fachada imponente de pedras escuras, algumas árvores eram tão altas que chegavam a ser maiores do que a casa e o local todo era cercado por diversos tipos de árvores, dando a impressão de que Thomas morava no meio de um bosque.
— Uau! – Foi tudo o que Amália conseguiu dizer.
— Quem é o homem das cavernas agora? – Debochou Thomas.
— Você mora em uma casa feita de pedras... Então acho que continua sendo você.
— Touché.
Eles entraram por um portão enorme de ferro que dava em uma estrada de cascalho que subia até a casa. Alguns minutos de subida e já estavam em frente a casa. Amália desceu e andou pelo lugar, o jardim era repleto de flores, azaleias, gardênias, orquídeas e camélias se espalhavam pelo local, até mesmo lavandas estavam ali.
— Não é você que cuida disso tudo, não é? – Perguntou Amália.
— Claro que não. Essas flores são todas da Marina. Deixei ela plantar aqui. Já conheceu o outro lado?
Amália atravessou o jardim e a vista do outro lado da casa era simplesmente incrível, era muito alto e na colina abaixo uma plantação inteira de lavanda se destacava. Muito mais abaixo, distante de onde estavam, um enorme lago se abria e percorria uma extensão que se perdia de vista.
— Puta merda! – Foi tudo o que ela disse.
— Gostou?
— Você é dono disso tudo aqui?
— Sim, dessa terra que estamos até mais alguns quilômetros para trás, onde tem uma fazenda de gado.
— Você cria gados?
— Eu não, o fazendeiro arrendatário que cria.
— Quanto você tem de terra, além dessa casa e da fazenda?
— Uma parte do lago.
— Está de brincadeira com a minha cara! – Zombou ela.
— Não. Essas terras foram divididas em várias fatias entre os primeiros moradores, as maiores fatias ficaram com a minha família e outras três que prefiro nem citar o nome. Eu tenho essa casa, ou seja, essa colina toda. A fazenda, e um pedaço do rio.
— E eu achando que a casa da Micaela era um exagero!
— É porque ela não exibe o que tem. Ela é mais rica do que eu e o Nicolas. Tem parte das duas empresas!
— É verdade. Me esqueci que sua família tem uma empresa. É do que mesmo?
— Belmok tecnologia. Um dia eu te mostro. Agora vamos entrar e comer alguma coisa, estou morrendo de fome.
Thomas abriu a porta e Husky rapidamente veio cumprimentar pulando em cima do dono, depois correu em direção a Amália e cheirou, reconhecendo ela, o cão começou a abanar o rabo e latir.
Ela fez um carinho nele e só então notou a decoração da casa. Por dentro era ainda mais impressionante, tudo era de madeira, da maior qualidade, e parecia muito limpo e polido. Logo na entrada se deparava com uma escada de madeira, que levava ao andar de cima, um pouco antes da escada um enorme espelho estava fixo, dando a impressão que o lugar era maior. Em frente ao espelho havia uma abertura que levava a uma sala com uma enorme janela que ia do teto ao chão, as cortinas vermelhas com detalhes dourados estavam abertas, e algumas poltronas ficavam de frente uma para a outra sobre o carpete bege. O lustre pendurado dava um certo requinte ao local.
— Vai ficar parada aí babando? – Soou a voz de Thomas atrás dela.
— Eu nunca tinha visto uma casa assim!
— É muito antiga. Depois que saí do hospital, minha avó achou que seria bom eu respirar um pouco de ar puro e então se lembrou dessa casa. Mandou reformar e nos mudamos. Marina e seu esposo Pietro vieram junto para nos ajudar.
— É incrível. Sua avó mora aqui também?
— Já morou. – Respondeu ele subindo as escadas – Vem vou te mostrar seu quarto.
Ela o acompanhou subindo os degraus acarpetados, virando à esquerda mais um lance de degraus levava a um corredor também feito de madeira, que tinha alguns quadros pendurados, eram pinturas ou até mesmo fotos. Mais uma vez ela se deparou com lustres pendurados ali. As seis portas estavam bem distantes uma das outras e Amália se perguntou porque de serem tão distantes e sua dúvida foi logo sanada, quando Thomas abriu uma das portas ali presentes. O quarto era gigante, talvez o apartamento de Amália coubesse ali.A cama de casal, que possuía um dossel, ficava encostada na parede esquerda do quarto, aos pés dela, um divã bege descansava. Do lado esquerdo da cama, duas janelas enormes, com cortinas douradas, davam vista para o jardim e as árvores lá fora. Mais a frente da cama um tapete descansava no chão e separava a cama de um sofá cinza. Ao lado direito da cama ficava o criado mudo com um pequeno abajur em cima, logo depois o guarda roupa cobria parte da parede que a porta ficava. Na outra extremidade do quarto, ficava um banheiro.
— Tenho que admitir que isso é melhor que um quarto do hotel. – Disse ela.
— Então até que foi bom eu cancelar sua reserva. – Respondeu Thomas petulante.
— Não me lembra disso, ainda não te perdoei.
— Mas garanto que vai perdoar quando testar a hidromassagem.
— Você é um exibido.
— Se eu posso me exibir... Então por que não me exibir? Fique à vontade para arrumar suas coisas, vou estar na cozinha, desça lá caso queira se juntar a nós.
Dizendo isso ele saiu e a deixou sozinha. Amália demorou alguns instantes para se recuperar do choque inicial ao ver aquele quarto, parecia que estava em um conto de fadas. Ela corria o risco de parecer uma adolescente boba ao fazer o que estava pensando, mas ninguém a veria mesmo. E quem poderia julgá-la por desfrutar de tamanho luxo? Ela correu e pulou em cima da cama, se afundando naquele colchão macio e nos travesseiros que eram mais macios ainda. Aquilo era o paraíso!
Se levantou, abriu as janelas e inspirou aquele ar puro com cheiro de flores. Agora ela entendia porque Thomas quis tanto voltar para casa."Então... O que acharam da casa do Thomas? Ele é um "burguês safado", não concordam? E o que será que vem pela frente? Não percam os próximos capítulos e não se esqueçam da estrelinha para a tia aqui!
Obrigada pela leitura!"
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Descoberto - A vida secreta de Thomas Belmok - Escândalos Na Coroa 3
Romance"Eu não sou um herói, e você tem que parar de tentar enxergar isso em mim." Thomas Belmok é um homem que não teme a morte. Já a encarara de frente e agora leva a vida de modo leve, aproveitando cada segundo. Sua fama de canalha faz com que as pessoa...