Capítulo 63

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No dia seguinte, todos tomavam café juntos e Thomas não queria desgrudar de Colin, ao que parece, ele tinha até o levado para dormir em seu quarto, mas a dúvida ainda permanecia na cabeça de todos ali: Ele se lembrava de tudo?

Amália o encarava com expectativa, mesmo que não percebesse que estava fazendo aquilo. Thomas se sentiu um pouco incomodado, e logo perguntou:

— O que foi?

— Hã? – Se surpreendeu ela – Nada eu só... Quer dizer... Então se lembrou do Colin?

— Lembrei. – Respondeu ele, com um sorriso – Lembrei de quando o conheci e de mais algumas coisas, embora ainda tenham ficado algumas lacunas.

— E se lembrou de algo mais?

— Não. Só dele.

— Ah.

Ela abaixou a cabeça e continuou comendo o pedaço de pão, parecia um pouco decepcionada, assim como Marina e Pietro também. Thomas acabou percebendo e meio desconcertado, inquiriu:

— Você quer saber se me lembro de vocês, não é?

— É... Seria bom, se... Lembrasse.

— Eu... Me desculpe. Não consigo. Eu sei que vocês estiveram por muito tempo na minha vida, consigo lembrar de coisas nas quais sei que eram vocês, mas... É como se... Como se no lugar de vocês tudo estivesse vazio, não consigo vê-los na cena. Entendem?

— Nós entendemos perfeitamente. – Respondeu Pietro, colocando a mão sobre o ombro de Thomas – E não precisa se preocupar em se lembrar de nós, deixe que sua mente faça isso no tempo correto. Tenho que certeza que assim como se lembrou no Colin, se lembrará de nós.

— Obrigado.

Amália se contentou em ficar quieta e terminar seu café, não poderia dizer que estava totalmente feliz. Estava muito alegre por Thomas ter se lembrado de Colin, claro, ele era mais importante, mas uma parte de si estava devastada por não ter sido lembrada, não poderia força-lo a nada.

Naquele dia, ela ficou mais quieta do que de costume, então tentou se alegrar de alguma forma, brincando com Colin. Suas lições com Martin já haviam terminado e ela estava procrastinando para voltar para casa, em partes porque Thomas precisava dela ali, ou talvez fosse ela quem precisava dele.

Acontece que ela se apegara tanto a todos naquela casa, que a ideia de despedida a fazia se sentir profundamente triste e incomodada com aquilo, por isso, agora, estava aproveitando sua folga para ficar mais tempo com o bebê. O garoto era esperto e já sabia colocar as devidas formas geométricas em seus lugares, isso graças aos brinquedos educativos que Thomas havia comprado para ele.

Estava sentada no chão da biblioteca, juntamente o pequeno, Husky e Lupi, quando Thomas adentrou o lugar, com o celular na mão e uma expressão de dúvida no rosto. Encarou Amália e perguntou:

— Eu era apaixonado por você?

— O quê? – Se surpreendeu ela – P-por que pergunta isso?

— Porque seu contato no meu celular está salvo como Heulwen. Olha sua foto aqui!

Ela soltou um longo suspiro e respondeu:

Heulwen é a palavra que você usava para me provocar. Sempre me xingava com esse nome.

Thomas a encarou por alguns segundos, com uma expressão confusa, logo depois abriu um largo sorriso que evoluiu para uma gargalhada.

— Qual a graça, Thomas?

— Você não sabe o que significa?

— Você nunca fez questão de me contar, e por isso me provocava me xingando, porque eu não tenho ideia do que isso seja... Certeza que é algo relacionado com bruxa.

— Não é nada disso. Não chega nem perto de ser um xingamento.

— O que é então?

— Significa luz do sol, em galês.

Diante daquilo, Amália ficou sem palavras. O tempo todo ele a chamava de luz do sol? E por que nunca contou?

— Por que luz do sol? – Inquiriu ela.

— Não sei. Talvez porque você iluminava meu dia, por isso perguntei se era apaixonado por você. Tem certeza que não tínhamos algo?

— Uma amizade colorida talvez. – Respondeu ela, com a voz baixa.

— A gente transou?

— Sim, Thomas, a gente fez isso. Mas não foi nada mais que isso.

Ele apenas a observou por alguns segundos e deu de ombros, logo depois mudou de assunto, parecia incomodado em falar naquilo.

— Pode ir comigo até o cemitério?

— Cemitério? O que quer lá?

— Me despedir dos meus pais, nunca pus os pés lá.

Amália se calou novamente. Como ele nunca tinha ido visitar o túmulo dos pais?

Pensando bem, depois de tudo o que ele lhe contara sobre o que passou, Amália começou a entender o porquê de ele não ter ido naquele lugar. Era tudo doloroso demais para uma pessoa lidar, e talvez somente naquele momento ele se sentisse confortável para fazer aquilo. E estava pedindo para ela ir junto dele, em um momento que era importante, Thomas a queria do seu lado, mesmo que não se lembrasse. E isso bastou para Amália, se ele queria, então ela estaria a seu lado.

Cerca de uma hora depois, estavam no cemitério. Thomas se encontrava em frente à lápide dos pais, era um silêncio absoluto, onde os únicos sons ouvidos eram os pássaros cantando. Ele não sabia exatamente como se sentia, já estava tão machucado, que seus sentimentos permaneciam amortecidos.

Um pouco mais atrás dele, estavam sua avó e a moça mais bonita na qual ele já tinha postos os olhos, ela lhe dissera que se chamava Amália. E apesar da decepção estampada nos olhos dela, ela insistia em dizer que os dois não tinham nada, além de uma ligeira amizade

Mas se assim era, então por que diabos, ele sentia que havia algo a mais?

Por que aquele burburinho no estômago se formava quando ele estava perto dela?

Eram muitas perguntas sem respostas, ou pelo menos não quiseram dar as respostas a ele. Sendo assim, Thomas virou as costas e começou a sair daquele lugar fúnebre, no qual quase estivera.

Ele queria poder esquecer tudo e nunca mais voltar naquele lugar, mas sabia que um dia voltaria... Todos nós teremos o mesmo destino.

Mas por enquanto, ele pretendia viver muito ainda, existiam pessoas que o amavam e precisavam dele, principalmente um certo bebê, que com pouco tempo de convivência se tornou a pessoa mais importante em sua vida. O motivo pelo qual ele vivia.

"Vocês teriam amado o Colin. " Pensou consigo mesmo, enquanto deixava a lápide dos pais para trás.

Descoberto - A vida secreta de Thomas Belmok - Escândalos Na Coroa 3Onde histórias criam vida. Descubra agora