Cap. 43- Picnic For Two

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Anna on.

Acordei, pouco tempo depois graças às sonecas que eu vim tendo durante a viagem, e me surpreendi por estar sozinha na enorme cama.
Troquei o pijama por uma roupa melhor e sai do quarto torcendo para encontra Tony em alguma parte da casa que eu já conheça, por que se não vou me perder aqui dentro.

  O andar de cima estava totalmente silencioso, diferentemente do de baixo, ao chegar na escada eu comecei a escutar uma música clássica no piano bem baixinho, tal que foi aumentando quando mais eu descia a escada. E lá estava do outro lado da enorme sala, Anthony sentado no piano, tão concentrado que não me viu descer as escadas e sentar-me no sofá.
  E ali eu fiquei bastante tempo, observando esse homem tão lindo, tocando piano, concentrado em cada tecla que ele apertava.

Elsie: são todos dele - escutei a voz da senhora Downey sussurrada se referindo aos instrumentos e logo após senti a mesma sentar-se ao meu lado.
Anna: não sabia que ele tocava isso tudo - também falei baixo
Elsie: a bateria ele até que tentou, mas Robert disse que se ele continuasse jogaria fora - eu ri com aquilo mas ao mesmo tempo imaginei a briga que foi, Anthony não era tão fácil assim de lidar.
Anna: Tony é muito talentoso - eu disse admirando o moreno a minha frente
Elsie: ele é... a casa era mais viva quando ele tocava todos os dias
Anna: porque ele parou? Ele parece gostar tanto
Elsie: durante a depressão ele parou de tocar, qualquer um dos instrumentos, e depois, quando ele superou, era raro vê ele por aquele canto da casa, depois que se mudou aí mesmo que aquele canto não tinha mais vida.
Anna: entendo - foi a única coisa que eu consegui dizer, afinal acabei de descobrir que Tony já teve depressão e isso foi realmente um choque pra mim.
Tony: espero que não esteja falando mal de mim - ele disse aparando de tocar e nós olhando me fazendo rir
Anna: já sei todos os seus podres Anthony Downey - nós três rimos e o moreno se aproximou
Elsie: vamos, Lary está fazendo um piquenique com os meninos - disse se levantando do sofá e nós seguimos a mesma pelo grande corredor ao lado da lareira.

  Tony passou o braços pelos meus ombros enquanto passávamos pelo enorme corredor indo em direção a um gramado tão grande que eu não conseguia ver o fim, era uma imensidão verde, que eles chamavam de jardim dos fundos.
  E lá estava os dois meninos de hoje pela manhã correndo, Lary e um homem que eu imaginei ser seu marido sentados numa toalha no chão e o Sr. Robert sentado numa cadeira de balanço ao lado deles.

Tony: Johnny? - disse quando nos aproximamos e o loiro se levantou
Johnny: Tony! Quando tempo! - abraçou o mesmo
Tony: não sabia que teríamos uma reunião de família hoje - foi direto e eles se entre-olharam rindo sem graça
Johnny: na verdade...
Lary: Johnny e eu nos mudamos pra cá - informou e Tony ergueu as sobrancelhas e riu debochado
Tony: bom saber que estou por dentro das novidades - ele ria debochado e negava com a cabeça se sentando em uma daquelas mesas de piquenique e eu fiz o mesmo
Robert: não comece Anthony - o pai dele era sério e tinha a voz grossa e intimidadora, Tony apenas fingiu que não ouviu
Tony: então, conte-me como é voltar? - ele perguntou debochado e eu estava estranhando isso tudo
Lary: estamos felizes aqui, as crianças estão gostando, é mais longe do colégio mas vale a pena pra ficar perto do papai e da mamãe - Tony escutava tudo com o cenho fechado e de braços cruzados, dava pra sentir de longe a tensão
Tony: entendi, engraçado, lembro-me como se fosse ontem o jeito como foi embora de casa e..
Lary: foi ótimo - A morena sentada no chão ao nosso lado o cortou - mas nós preferimos voltar, não queria deixá-los sozinhos depois que você foi embora
Tony: preferiu assim que mamãe ficou doente e o papai piorou - eu não estava entendendo a situação, mas dava pra ver de longe que a briga poderia começar em segundos
Robert: Chega Anthony! - o senhor de cabelos brancos falou mais alto e bateu a mão na mesa de madeira
Elsie: temos visita Robert - a senhora de olhos azuis sussurrou para ele que ignorou.

  Anthony levantou-se bruscamente da mesa bufando e saiu pisando forte.

Anna: hm - meu rosto corou, eu podia sentir e não sabia onde enfiar a minha cara - eu acho que eu vou indo - eu disse me levantando
Elsie: oh não Anna, por favor, o dia está tão lindo fique aqui com a gente
Anna: está lindo mesmo Sra. Elsie, gostaria muito de ficar aqui com vocês e aproveitar esse piquenique que parece estar maravilhoso - ela sorriu segurando a minha mão - mas não posso deixar Anthony sozinho - a mesma concordou me entendendo
Robert: desculpe - ele falou baixo quando eu passei por ele, percebi que não era muito chegado a dizer essa palavra.
Anna: por nada Sr. Downey, toda família tem conflitos - ele me olhava atentamente e eu me retirei, novamente rezando para que Tony estivesse eu algum lugar fácil de se achar.

  Eu estava voltando pelo corredor grande quando só então reparei ao lado direito antes de chegar na sala principal uma enorme biblioteca e de lá eu ouvia um som, desta vez de violão e decidi entrar, estava certa de quais mãos tocavam.

Anna: não sabia que tocava isso tudo - eu disse baixo entrando na enorme biblioteca que possuía até escada para alcançar os livros no teto.
Tony: eu tento - ele disse e deu um leve sorriso antes de eu me sentar na poltrona a sua frente - me desculpe por aquilo, é que...
Anna: tudo bem - eu o interrompi, não era o momento dele falar sobre, com certeza ele se exaltaria - eu sei bem o que são problemas de família - ele deu um risada leve e parou de tocar o violão marrom que estava em seu colo.
Tony: minha mãe está certa, está um lindo dia - ele olhava pelas janelas que iluminavam os livros daquela sala - antes de sair ouvi que queria ficar no piquenique - eu já ia falar que não precisava quando ele continuou - se importa se for um piquenique a dois? - eu sorri
Anna: até prefiro - ele também sorriu e levantou rápido.

  Tony deixou o violão no suporte ao lado do piano na sala e passamos pelo portal que havia do outro lado da lareira e nós levava para a cozinha. Tony começou a fuxicar tudo, abrir todos os armários, enquanto eu o observava sentada num dos bancos em frente à ilha da cozinha. Enfim ele fechou uma cesta de palha e nós saímos da mansão. As dimensões de tudo aqui eram absurdos, inclusive da cozinha.

Anna: aonde vamos? - eu perguntei assim que ele subiu em um bugre e me deu a mão
Tony: fazer um piquenique com uma vista muito melhor que a deles - eu ri com aquilo é ele deu partida.

  Saímos da mansão pelo enorme portão preto e ao invés de Tony descer pela estrada para algum dos lados ele cruzou a mesma e acelerou forte o bugre subindo no mato que havia de frente para a casa. E agora sim estávamos no ponto mais alto daquela montanha, ele parou o bugre e me ajudou a descer, colocamos uma toalha no chão e ali sentamos.

Anna: como você sabia que dava pra subir aqui? - o mesmo riu com a minha pergunta enquanto comia um morango
Tony: até meus 16 anos eu não sabia, até que um dia depois de brigar em casa eu peguei o bugre que era novidade na época e sai por aí fazendo um monte de besteira, até que eu decidi passar pelo portão rápido e acabei subindo aqui - ele dizia tudo rindo e eu arregalei meus olhos
Anna: você é louco - ele riu mais ainda - porém privilegiado por ter descoberto essa vista
Tony: e mais ainda por vê-la contigo - disse me abraçando e logo após me dando um selinho.

  Eu tinha muitas perguntas, mas não era o momento, decidi que o melhor para nós agora era ficarmos ali, vendo o por do sol de Toronto, sentados na toalha, comendo um sonho, encostada em Tony que estava encostado na roda do bugre.

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