𝔫𝔦𝔫𝔢

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— Se cuida ok? Qualquer coisa, me liga, pelo amor de deus. — Ouço minha voz.

— Eu te ligo. — Uma voz doce diz. Logo, vejo uma foto minha, distraído. O engraçado, é que nunca vi essa foto.

***

— Vai... — Ouço um gemido vindo da sala, que me acorda.

Travo a mandíbula, saindo do quarto e fechando a porta. E, como se já não bastasse mais uma surpresa ontem, pego Lara e mais um carinha se beijando na parede da sala.

De repente, tudo que passamos e tudo que ela falou pra mim não significou mais nada. Nunca parei para pensar se realmente a amava, porque estava mais preocupado em me fazer feliz para minha "nova vida". Ela me vê e arregala os olhos.

— A-arthur? Achei que estava dormindo. — Ela diz, com um sotaque embriagado.

— Sai daqui. — É a única coisa que consigo dizer. Nunca achei que ela fosse desse tipo. Achei que ela me ajudaria em tudo, mas todas as saídas escondidas e supostos remédios que ela me dava... era pra me usar.

Cerro meu punho com força. Ela me olha confusa, enquanto o carinha dá risada.

— Eu acabei de te falar...

— Desculpa! — Venham! O teatro já começou. — Meu deus, não sei o que eu fiz...

— Para, Lara. Eu sei exatamente o que você fez, e anda fazendo. Vaza, ok? Nada aqui é seu, tudo é meu, que eu construí achando que você me apoiaria e me ajudaria... mas tudo que você fez foi... me usar.

— Arthur, por favor, eu...

— Use ele agora. — Eu maneio a cabeça para o cara. — Sai daqui, vou falar uma última vez.

Ela começa a ficar furiosa. Morde o lábio com força enquanto vai até o quarto pegar as coisas, dando de cara com Carol, mas não fala nada.

— Seu otário... como você pode...

— Lara, sério isso?! Eu gostei de você, não a ponto de te amar, e o que você fez? Em? Você acha que eu sou idiota a ponto de acreditar em "amiguinha"? — Eu digo.

— Depois de três anos...

— Três anos jogados fora. Só perdi tempo com você. — Eu digo. — Agora sai daqui com aquilo que você chama de amiguinha.

Não tenho certeza se ela vai ficar magoada ou não. Para mim, é frustrante perceber que ela estava me traindo o tempo todo, e sempre achei que ela fosse uma boa pessoa. Mas, não a ponto de quebrar meu coração em pedacinhos. Ouço a porta bater com força, e respiro fundo.

Quando volto para o quarto, Carol se meche e coloca a mão na cabeça. Ela se levanta e depois de me olhar por um longo tempo, fica pasma.

— O que eu estou fazendo aqui? — Ela pergunta, baixinho.

— Foi você mesma que veio aqui. — Eu respondo, tentando dar um sorriso compreensivo. Ela balança a cabeça e morde os lábios.

— Nós... — Ela pergunta, com certa esperança nos olhos. Faço que não com a cabeça e ajeito minha bermuda meio caída. Ela dá um sorrisinho, e depois olha para a camiseta em seu corpo.

— Você queria mas... Não podia fazer aquilo com você naquele estado. — Eu digo, enquanto a observo cheirando a camiseta.

— Eu te beijei? — Ela pergunta, com a voz falhada. Seus olhos começam a se tornar meio vermelhos. Nunca estive tão emotivo ao ver essa cena na minha vida. Estendo meu pescoço para ela ver a marca meio roxa que deixou. Ela coloca a mão na boca e depois fecha os olhos. — Meu deus...

Empty Space | Volsher. [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora