𝔱𝔴𝔢𝔫𝔱𝔶 𝔣𝔦𝔳𝔢

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Saio do banho com uma toalha na cabeça e Anthony no colo. Ele estava exausto de brincar na areia, e eu, cansada de ficar preocupada a todo momento para ver se ele estava muito longe de mim ou se estava somente na beira do mar. Tudo que gostaria era dormir. Sabia que acordaria dolorida novamente por ter andado a orla da praia inteira com ele.

E apesar de tudo, as praias do Caribe são uma coisa inacreditável de se ver. A água é gelada, mas totalmente limpa, dando para ver os próprios pés no chão. Arthur ficou chateado pois neguei qualquer tentativa dele de me levar para um "cantinho". Não iria ceder tão fácil assim, ainda mais em um lugar público.

Meu celular vibra quando chego na cama, e digo para Anthony vestir as roupas que coloquei em cima da cama para ele. Pensei que fossem meus pais, mas era Gabriel, e não pensei duas vezes antes de atender, educadamente. Assim que delizo o dedão pela tela, Arthur entra no quarto.

── Oi... liguei para saber se você estava bem. - Diz ele. Dou um sorrisinho, o que desperta a curiosidade do homem à minha frente. ── Como estão indo as coisas? - Ele pergunta. Demoro um pouco para responder, ocupada tentando decifrar o que Arthur quer me falar movendo a boca.

── Eu, hãm... estou bem. Chegamos bem, e desculpe por não ter ligado quando cheguei. A praia que fomos era pra lá de maravilhosa, e Anthony se divertiu demais. - Falo. Ele dá uma risada. ── Mas e você? Como andam as coisas aí? Está gostando de ocupar meu lugar? - Pergunto. Ele ri novamente.

── Não fala assim... fica parecendo que eu quis arruinar sua carreira. E, no sentido bom, sim, estou gostando. - Diz ele. ── As coisas andam bem por aqui... eu espero que vocês estejam se divertindo.

── Sim, estamos! - Falo. Quando olho para Arthur novamente, ele está com uma expressão diferente. Olhando para o lado e se movendo numa rapidez, ele me faz seguir os olhos na mesma direção. Vejo Anthony no chão, e meu coração dispara de uma vez por todas. Largo o celular sem dizer nada à Gabriel e quase me jogo no chão.

── Carol... - Arthur aproxima o rosto dele. ── Ele não tá respirando. - Ele diz. De joelhos, eu seguro as mãos pequenas de Anthony, e começo a entrar em pânico. Levanto em uma velocidade rápida, correndo para o telefone enganchado em uma das paredes na cozinha. Bárbara me olha estranha, assim como Gaby.

── Anthony desmaiou... - Falo, errando os números da ambulância. Quando menos percebi, meus olhos estavam transbordando de lágrimas. Gaby se aproxima de mim tocando meu braço, enquanto Babi subia rapidamente as escadas. ── Ele desmaiou... - Repito, ouvindo o barulho da chamada.

── Podemos ajudar? - Uma voz ressoa em meus ouvidos. A preocupação estava cada vez maior.

── Meu filho, ele... ele desamiou... estamos na casa da frente da praia, número 55... - Falo, gaguejando. A dificuldade de respirar atrapalha meu raciocínio. Ouço a mulher gritando algo por trás do telefone e confirmando para mim. Coloco o telefone no gancho e volto para cima, onde Bárbara, Victor e Arthur estavam tentando acordá-lo.

Passo pelos três e o pego no colo, ouvindo uma sirene do lado de fora da casa. Olho para o rosto dele. Eu não posso perder mais um... não posso perder justo ele. Continuo soluçando até chegar na frente de casa, e ouvindo murmuros ao meu redor, que não estava conseguindo decifrar.

── Ele está a quanto tempo desmaiado, moça? - Uma mulher o pega do meu colo. Até eu me dar conta de sua pergunta, já havia seguido os dois para dentro da ambulância. Eles o colocam em uma maca, e eu me sento em um dos lugares.

── Há cerca de... quinze minutos, ou...

── Quinze minutos. - Ouço a voz de Bárbara, sentando ao meu lado e segurando minha mão. ── Está tudo bem, não vai acontecer nada... - Apoio minha cabeça em seu pequeno ombro, com o corpo trêmulo e o rosto encharcado de lágrimas.

Empty Space | Volsher. [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora