Empty Space | Volsher. [Concluída]

𝔱𝔢𝔫

Pude descansar bem, sem pensar em nada, a não ser em Anthony. Acordei cedo e nem me dei o trabalho de verificar como anda meu emprego, então deixei Anthony na minha mãe, e disse que eu poderia levá-lo na creche hoje.

Depois, fui pelo metrô até o prédio. A ideia da terapia de Arthur me deixa tensa, sempre que penso. Ele pode se lembrar, ou não, mas não preciso sofrer por causa de nada disso. É claro que senti saudades demais dele! Mas eu devo seguir minha vida em frente, afinal, ela não parou a partir que ele perdeu a memória, ainda continua.

Ainda tem o Anthony... por todas as coisas que Bárbara me disse ontem à noite, ainda estou pensando na ideia perigosa de contar para ele. Todos esses anos, e ele não sabia que tinha um filho. Entro no elevador e respiro fundo.

Estou com uma calça jeans simples, um all star nos pés e uma camiseta simples branca, pronta para pegar minha caixa de tralhas e sair daqui. Não sei o que será da minha vida sem trabalhar, mas ainda estou no tempo certo para começar a faculdade, algo que deixei de fazer por causa dele.

Vou caminhando pelo corredor até virar e ver minha mesa meio desajeitada. Pego uma caixa de papelão debaixo dela e vou colocando as coisas dentro. Percebo Lara me observando e dou uma parada para encará-la. Não estou à fim de briga, mas também não estou para frescuras.

Me lembro de alguns fleches de ela na festa. Acidentalmente, encontramos ela lá, e por inacreditável que pareça, ela estava com outro cara. Parecia bem feliz e bem com ele, o que me deixou com raiva por ela ter magoado Arthur, todo esse tempo, com mentirinhas.

── Então... é você, não é? A tal loirinha problemática de anos atrás. ─ Ela fala, parando de digitar e revirando os olhos para mim.

── Problemática? Olha só quem fala. ─ Solto uma risadinha. Ela me olha nervosa e depois respira fundo.

── Ele ficava sonhando com uma loira de olhos verdes. Lerdo demais, é você, não é? ─ Ela diz. Fico parada, pensando.

Não respondo, só vou jogando todas as minhas coisas para dentro da caixa. Prendo o cabelo para pegá-la e esbarro em um cara, no que me parece ser meu substituto. A empresa não perde tempo mesmo.

── Ai, desculpa. ─ Ele diz, e depois começa a me olhar. ── Você era a moça daqui, não era?

── Era sim. ─ Falo, me ajeitando e olhando para ele. ── Hum... boa sorte. ─ É o que consigo dizer.

── Obrigada. ─ O moreno diz. Vou andando até o elevador e nem me dou o favor de falar com o chefe. Desço e volto para o apartamento, ajeitando minhas outras coisas. Lembro do dia retrasado e me derreto inteirinha, lembrando dele.

Depois, saio procurando meu celular por toda a casa. Posso ter deixado an casa da minha mãe quando fui levar Anthony para lá. Resolvo tomar um banho e levo a mochilinha dele para a casa dos meus pais. Chegando lá, um aroma doce vem da cozinha, e meu estômago se abre.

── Mamãe! A vovó está fazendo bolo! ─ Anthony vem correndo com a boca coberta de chocolate e uma colher de pau pingando chocolate por toda a casa.

Levo a mão ao rosto e o encaro. Não sei se rio ou choro, mas é uma sensação boa não chorar mais por tudo, por lembrar de uma única coisa. Dou um risadinha e me agacho, ficando na altura dele.

── Anthony, é você quem vai limpar o chão depois?! ─ Falo. Ele faz que não com o rostinho. ── Então não suja o chão da vovó!

── Desculpa mamãe. ─ Ele diz. Levanto e esfrego os cabelinhos bagunçados dele, indo até a cozinha.

── E o trabalho? ─ É o que minha mãe diz ao me ver chegando.

── Não estou mais tendo psicológico pra isso. Ando pensando em tentar universidade, ter uma formação melhor... ─ Vou listando as coisas. Ela lança um sorriso para mim, continuando a mecher a panela de brigadeiro.