𝔢𝔩𝔢𝔳𝔢𝔫

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𝕬𝖗𝖙𝖍𝖚𝖗

O trajeto de volta para a nova casa de Victor é tranquilo. Fomos em uma lanchonete, onde ele me contou tudo sobre como é estar finalizando a faculdade. Ele me disse tudo, dês do momento em que entrou, até hoje. Fico me perguntando porque diabos não prossegui a Universidade, mas minha idade não diz nada, posso muito bem correr atrás, ainda. São uma das primeiras vezes em que não fico de vela, porque Bárbara ficou em casa.

Nunca mais resolvi entrar naquele apartamento. Não só por causa de Lara, mas de todo o resto das coisas falsas que vivi ali. Estou com Victor por enquanto. A musiquinha do carro me deixa um pouco incomodado, principalmente pelo silêncio constrangedor. Olho para as gotas de água escorrendo na janela, e as luzes das ruas. Durante todo o caminho, ficando pensando em Carolina. Maldita hora em que essa garota apareceu na minha vida, bagunçando minha cabeça, mas deixando minha vida estranhamente melhor.

── Tá na onde Crusher? ── Pergunta Victor, olhando pra mim, parado no semáforo.

── No estranho mundo de Carolina. ── Respondo, sem a maior vergonha. Apoio o rosto nas mãos, e dou uma olhada em Victor, que me olha com uma expressão exasperada.

── Carolina? ── Ele repete o nome dela. ── Quem é essa aí? ── Ele se vira e continua dirigindo, segurando o volante com um certo nervosismo.

── Sei lá, ela apareceu do nada na minha vida, e já me deixou assim ó, caidinho por ela. ── Comento. ── Acho que você não conhece... cabelo loiro, olhos cinza ou... verdes? ── Me pergunto. ── Em fim, parece uma deusa.

── Nossa, tá apaixonado mesmo em? ── Victor comenta. Impressão minha ou ele está mais... tenso? Falando em ficar tenso, ainda estou meio ansioso para fazer a terapia. Será que vou conseguir me lembrar de alguma coisa? Será que minha vida de fato, vai começar a fazer sentido? Não tenho certeza de nada, mas estou bem curioso para o que ela pode me revelar. ── Ansioso pra terapia?

── Demais. ── Respondo de imediato. Victor para na calçada da nova casa dele, e nós entramos, encarando Bárbara rodeadas de livro, sentada no chão da sala. Eu subo imediatamente para o quarto de convidados, para deitar na cama e ficar pensando na vida, como geralmente faço. Como eu sabia que Babi e Victor iam ficar se pegando lá embaixo, resolvi dar uma desculpa e sair de casa, falando que ia dar uma passada no mercado.

E é exatamente isso que faço. Vou andando mesmo até o mercado mais próximo, passando por uma pracinha no caminho. De repente, sinto alguma coisa abraçar minhas duas pernas. Olho para baixo e vejo os dois olhos claros de Anthony, que nem os da mãe. Ainda me pergunto, de onde surgiu tanta beleza. A resposta é clara se você olhar para Carol, mas eu chutaria que o pai também era bonito. Esse aqui vai ser garanhão quando crescer, tenho nem dúvidas.

── Oi tio Arthur! ── Ele dá um sorrisinho. Sorrio de volta e me agacho, recebendo os bracinhos eufóricos dele. ── O que você tá fazendo aqui?

── Na verdade, eu ia no mercado. E você? Cadê sua mãe? ── Pergunto, dando uma arrumadinha no cabelo dele, por brincadeira.

── A gente tá no parquinho! ── Ele aponta para a aglomeração de crianças subindo e descendo dos brinquedos. ── A mamãe está conversando com o novo namorado dela.

── Namorado? ── Pergunto.

── É, o... Gabriel! ── Ele diz. Estendo as sobrancelhas, incomodado. De repente, me dá vontade de chutar ou socar alguma coisa. ── Você gostava da mamãe? ── Ele pergunta, com um brilinho nos olhos.

── Ah, eu gosto muito da sua mãe. Mas acho que ela gosta mais do novo amigo dela, não é? ── Dou um sorriso meio forçado.

── Não! Acho que não! ── Ele move o rostinho, falando no meu ouvido: ── A mamãe tem uma foto sua lá em casa. ── Ele sussurra, e depois dá uma risadinha. Arregalo os olhos.

Empty Space | Volsher. [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora