Veinte

96 18 17
                                    

~Muni vision~

Abro os olhos lentamente e tento enxergar alguma coisa mas minhas vistas estavam turvas, pisco algumas vezes e só então enxergo melhor, tento entender o que aconteceu e descobrir onde estou.

Olho para o lado esquerdo da cama e vejo a Malu sentada em um sofá, assistindo a TV que está na parede, a frente da minha cama.

-Malu.-Chamo-a com a voz baixa.

Ela me olha surpresa e se levanta eufórica.

-Ai meu Deus, você acordou, finalmente.

-Como assim finalmente?

-Você dormiu por quarenta e oito horas seguidas.

-O que houve?

-Eu vou chamar o doutor Michael.-Ela se retira do quarto antes que eu pudesse dizer algo.

Me forcei a lembrar do que aconteceu e só então tive memórias vagas de eu e Ross na praia, tudo estava confuso e misturado, mas eu queria arrumar.

-Muni!-Mamãe exclama, entrando no quarto, acompanhada do doutor e da Malu.

-Oi mãe.

Ela vem até a mim e beija meu rosto.

-Ai meu amor, estou tão feliz em te ver acordada.

-O que aconteceu comigo?

O doutor Michael se aproxima e a mamãe se afasta, ele analisa meus batimentos cardíacos.

-Como se sente, Muni?-Ele pergunta.

-Bem, eu acho. Alguém pode me explicar o que houve?

-Você teve uma hemorragia alveolar difusa muito forte, perdeu bastante sangue mas agora está tudo bem.

-Como está tudo bem se eu perdi muito sangue?

-O seu amigo, o Ross, ele tem o mesmo tipo sanguíneo que o seu para sua sorte pois o seu tipo é o mais raro, ele te doou o necessário.-Michael, explica.

-Ele fez isso mesmo?-Pergunto, surpresa.

-Fez.

-Onde ele está?

Todos se calam e se entreolham, porque eles estão agindo assim?

-Onde o Ross está?

-Ele não veio te ver mais, apenas doou o sangue e sumiu, nós não o vimos.-Mamãe diz.

-Eu preciso ver ele, eu quero ir para casa.-Tento me levantar mas o doutor me impede.

-Você não pode.

-Sim doutor, eu posso e ninguém vai me prender aqui, eu estou bem.

-Muni.-Mamãe vem até a mim.-Fica tranquila.

-Mãe, me escuta, se eu for morrer, eu não quero morrer aqui, eu não passarei mais nem um dia aqui, então por favor, me leve para casa, você pode cuidar de mim.-Imploro.

Mamãe me olha por alguns segundos antes de assentir.

-Eu quero que o senhor dê alta para ela.-Mamãe pede para o doutor.

-Tem certeza?-Ele pergunta.

-Absoluta.

-Até hoje a tarde ela já terá alta, até lá, ela ficará em observação.

-Tudo bem.

Eu não sabia o que significava aquele vazio que estava sentindo, era imenso e inexplicável, por que me sinto assim?

afterlifeOnde histórias criam vida. Descubra agora