afterlife

Dos

-Vai, me diz quem são os novos vizinhos.-Malu diz, totalmente empolgada, se sentando na ponta da minha cama.

-Eu não os conheço bem.

-Como assim? Muni, quando eu estava vindo para cá, vi alguns dos garotos, eles são lindos.

-Espera, tem outros? Eu só vi o Ross, mas nem conversamos.

-Eu hein, você está muito lerda, deveria ir conhecê-los, se fosse eu, ontem mesmo quando eles chegaram, teria ido lá falar com eles.

-Ai Malu.-Rio.-Vamos focar no que interessa aqui.

-Verdade, como você está se sentindo?

-Bem, nenhum desmaio até agora, acho que a morte não vem por agora.

-Ai garota, credo, não brinca com isso.-Ela diz, horrorizada.

Não pude deixar de rir da sua expressão espantada.

-O que quer fazer?

-Ah, poderíamos ir lá falar com os vizinhos.-Ela sugere, com um olhar malicioso.

-Ai, meu alguém superior, que tontura.-Finjo passar mal, me deitando na cama.

-Ah, para, o que tem de mal nisso? Vamos lá.-Malu insisti.

-Não, vamos ver um filme.

Antes que ela pudesse dizer algo a mim, seu celular tocou, então, ela atendeu.

Após falar no celular, desligou o aparelho e dirigiu sua atenção para mim.

-Eu vou ter que ir, é importante.

-Tudo bem.-Me sento novamente.

-Venho assim que puder.-Ela me abraça e se retira do quarto.

Estou sozinha, novamente.

A Malu é a minha única amiga, nos conhecemos um ano depois que fui diagnosticada com a minha enfermidade, foi a única que me viu como pessoa e não como uma doença ambulante, a única que quis ser minha amiga apesar de tudo. Eu amo a minha melhor amiga, ela é tudo. Sem ela, eu ficaria assim, como estou agora, sozinha e sem o que fazer.

-Muni, desça, venha conhecer a sua nova enfermeira e companheira!-Mamãe me chama do andar de baixo.

-Estou indo!

Bom, está ai outra coisa que deixei de contar, minha mãe estava procurando por uma nova enfermeira domiciliar pois a última, eu espantei sem querer com a minha incredulidade, ela era muito religiosa e acho que o fato de eu não ser tão crédula a incomodou.
Eu preciso de uma enfermeira pois minha mãe precisa trabalhar para nos manter, e como eu não posso em hipótese alguma ficar sozinha, o que restou foi isso, ter sempre uma profissional de saúde.

Até ontem, minha mãe estava sem trabalhar há um mês pois não encontrava uma boa enfermeira, ela é muito cuidadosa em relação a isso, principalmente por ser médica e entender das coisas. Ela queria alguém que dessa vez fosse uma amiga para mim, além de profissional, pois eu fico muito sozinha, ela queria alguém confiável. Essa pessoa deve ser incrível para minha mãe ter a contratado.

Saio do quarto arrastando meu concentrador e desço as escadas com um pouco de dificuldade.

Ao chegar no andar de baixo, vejo a minha mãe perto da porta de saída, conversando com uma moça loira que suponho que seja a minha nova enfermeira. Resolvo prestar atenção na conversa.

-Seu uniforme está na nossa pequena sala que fizemos de farmácia, a Muni te mostrará onde fica.-Mamãe diz, enquanto a loira apenas assente.-Ah, olha ela ai.-Ela diz, assim que percebe minha presença, assim vindo até a mim e a enfermeira a acompanha.

-Olá.-Digo.

-Então, filha, essa é a Rydel Lynch, por incrível que pareça, é irmã do garoto que veio aqui ontem, é nossa vizinha, o que torna tudo mais fácil e acessível para nós.-Mamãe sorrir satisfeita.

-Oi Muni.-Rydel diz, sorridente.

-Oi Rydel.-Sorrio.

-Bom, tenho que trabalhar. Rydel, então, tudo que você precisa está na nossa farmácia e aliás...-Ela vai até a mesa de centro e pega um caderno e uma prancheta.-Aqui neste caderno que eu mais chamo de diário, tem tudo que você precisa saber, se caso ela sentir algo, qual remédio dar, tem o número do hospital, tudinho está ai, e na prancheta, anote tudo do check up diário, está tudo organizado.-Ela entrega tudo a Rydel.

-Fique tranquila senhora Dickinson, sei o que fazer.

-Ótimo, espero que vocês sejam grandes amigas.-Mamãe diz, enquanto beija minha testa.-Comporte-se.-Ela me adverte.

-Tchau.-Sorrio.

Mamãe pega a sua bolsa em uma mesa próxima a porta de saída e então se retira de casa.

-Ela é sempre tão preocupada e organizada assim?-Rydel pergunta.

-Ah, é sim.-Rio.

-Bom, acho melhor ir me trocar, me mostre onde fica essa sala.

-Claro.

Sigo em direção a sala que chamamos de farmácia, e que fica aqui no andar de baixo mesmo, entramos no cômodo e após deixar a prancheta e o caderno sobre o balcão de mármore que há aqui, a Rydel procurou pelo seu uniforme.

-Rydel, você tem irmãos, certo?

-Sim.

-Eles sabem da minha doença?

-Não, mas sabem que alguém está doente aqui na sua casa, óbvio.

-Posso te pedir uma coisa?

-Claro.-Ela me olha.

-Não conte para eles, por favor.

-Por que?

-Só não conta.

-Tudo bem, eles não saberão nada sobre você.

-Obrigada.-Sorrio.-Como minha mãe contratou você?

-Antes de me mudar para cá, o hospital daqui, o que sua mãe trabalha, estava procurando por boas enfermeiras, e eu estava na lista, por sorte, eu estava de mudança para cá, sua mãe conversou comigo antes, por ligação, e acho que gostou o suficiente de mim para me contratar.

-Acho que ela não sabia que você tinha irmãos.

-É, eu não disse, e eu não sabia que seria vizinha dela.

-Coincidência.

-Sim. Bom, vou me trocar, você me espera aqui para fazermos o check up matutino.

-Okay. Sabe onde fica o banheiro?

-Sim, sua mãe me mostrou um pouco da casa.

-Tudo bem.

Rydel se retira da sala com o uniforme em mãos.

Após alguns minutos, ela volta vestida com o uniforme que ficou bem nela por ela ser linda. Nos sentamos em bancos ao balcão e então iniciamos o nosso check up.

Após completo, saímos do cômodo e fomos para a sala.

-Conheceu algum dos meus irmãos?-Ela pergunta, enquanto nos sentamos no sofá.

-Não, quer dizer, vi o Ross pela janela do meu quarto, mas não nos falamos.

-Ah sim.

-Você tem quantos irmãos?

-Quatro, moramos todos juntos e meu namorado também.

-Só você de mulher naquela casa?

-Sim.

-Nossa.

-Bem, o que você costuma fazer?

-Eu leio, assisto séries, filmes e leio de novo.

-Tá, o que quer fazer?

-Sinta-se a vontade para escolher, Rydel.

-Vamos assistir série.

-Okay.

Acho que com certeza terei uma nova amiga, isso é ótimo.