Ross se mantinha sentado em uma poltrona a frente da minha cama, olhando-me reproduzir as notas que ele me ensinou. Quando errava alguma nota, ele mandava eu refazer até acertar, meus dedos estavam doendo, tocar violão, não é fácil.
-Ai Ross, chega, não aguento mais.-Digo, irritada, colocando o violão sobre a cama.
-Eu disse que aprender a tocar violão não é tão fácil quanto pensam.
-É, realmente não, mas por hoje chega, estamos nessa há três horas, merecemos um descanso.
-Okay.-Ele se senta ao meu lado, na cama.-Você não tem nenhum talento para me mostrar? Algo que fazia que achava bom.
-Eu dançava, dancei até os treze anos de idade antes da minha doença piorar e eu não conseguir fazer mais nada.
-Ah, essa eu quero ver.
-Ross, não, eu não tenho estrutura para isso, e faz tanto tempo, talvez eu esteja meio enferrujada.
-Ah, vamos lá.-Ele insisti.-Seu concentrador vai te ajudar nessa.
-Acho melhor não.
-Por favor.-Ele faz beicinho, e junta as mãos junto ao peito como forma de implorar.
-Tudo bem.-Me levanto e arrasto meu concentrador, paro de frente para o Ross.-Coloca alguma música.
-Ah, claro.-Ele diz, pegando seu celular no bolso da calça.-Qual música?
-Coloca o remix da música Do re mi do Blackbear.
-Okay.-Ele direciona sua atenção para o celular.
Assim que ele coloca a música, eu respiro fundo para pegar todo oxigênio possível e retiro minha cânula, assim a pendurando no concentrador.
Olho para o Ross que esfrega uma mão na outra e sorrir, demonstrando sua ansiedade e curiosidade.
Então sem enrola, comecei a reproduzir alguns passos de freestyle.
Não dancei muito pois faltou fôlego, então parei e peguei minha cânula rapidamente e a coloquei no rosto, novamente.
Olhei para o Ross e ele estava boquiaberto.
-Isso foi simplesmente incrível.-Ele diz, sem esconder sua satisfação, enquanto tira a música.
-Obrigada.-Sorrio.
-Como aprendeu?
-Sei lá.-Me sento na poltrona.-Acho que nasci sabendo, eu amava dançar com meu irmão mais velho, ele era bom.
-Irmão mais velho? Onde ele está?
-Morto.
Ross arregala os olhos em demonstração de surpresa.
-Como?
-Ele morreu há três anos atrás, acidente de carro.
-Sério?
-Sim, ele havia brigado com o papai, e saiu de carro, estava nervoso e isso causou um acidente horrível, ele avançou o sinal e um caminhão praticamente passou por cima do seu carro, foi fatal.
-Ah Muni, eu não sei o que dizer.
-O Matthew era meu melhor amigo.-Sorrio enquanto lembro dos momentos que vivi com ele.-O apoio dele quando fui diagnosticada com a enfermidade foi tudo pra mim, ele cuidou de mim.
-Deve ter sido horrível, perdê-lo.
-E foi.-Digo, cabisbaixa.
-E seu pai?
Rio com ironia e talvez ódio.
-Ele surtou depois da morte do Mat, se culpava, brigava com todo mundo, enfim, enlouqueceu, ele começou a ficar obcecado pela minha doença, dizia que iria encontrar a cura porque não queria me perder também, mamãe ficou assustada e pediu divórcio.
-Há quanto tempo você e seu pai não se falam?
-Dois anos.
-Ele foi embora?
-Não, ainda está na cidade, mas eu nunca quis vê-lo.
-Deveria tentar falar com ele.
-Hum, acho que não agora, talvez um dia, antes de morrer.
-Credo, não fala de morte.-Ele diz, horrorizado.
-É o que vai acontecer, okay?
-Eu sei, mas cala a boca, não fala disso.
Rio da sua careta de horror e ele fica totalmente sem reação.
-Olha, eu também sou boa no tutting.
-Em que?
-Tutting, como posso explicar?-Penso um pouco.-É uma dança usando as mãos e dedos, é praticamente dança de dedos.
-Me mostra.
-Okay.
Me mantive sentada e me posturei na poltrona, então mostrei alguns movimentos para o Ross que observou atentamente.
-Okay, isso deve ser muito difícil.
-Não é não.
-Não é para você que já faz isso há muito tempo, nasceu para isso.
-Eu ainda te ensino.
-Agradeço, mas não quero quebrar minha mão.
-Para de drama.-Digo, rindo.
-Não é drama.
Alguém bate na porta, interrompendo nossa conversa.
-Ross, você precisa ir, é hora check up da Muni.-Rydel avisa, do outro lado da porta.
-Estou indo.
-Acho que por hoje é isso, não é?
-Sim, mas amanhã estarei aqui de novo.
-Okay.-Me levanto e ele também.
-Tchau.
-O seu violão e o ukulele.
-Deixe-os aqui, usaremos amanhã.
-Okay.-Vou até ele e o abraço.-Obrigada por me ensinar, Ross.
-Disponha.-Ele retribui ao abraço.-Até amanhã.-Diz, após depositar um beijo em minha testa.
-Até.
Ross sai do quarto e eu volto a me sentar na cama.
Eu estou tão apaixonada por cada momento que passo com ele.
-Você está apaixonada por mim, não por nossos momentos.-Diz, meu Ross imaginário que acabou de aparecer, sentado em minha poltrona.
-Ai que saco, some.
-Admite que está a fim de mim.
-Não tenho que admitir nada, agora vá embora.
-Admite, vai.
-Não há o que admitir.
-Não vai demorar muito para você perceber que me ama.-Ele diz por fim e então desaparece.
Eu com certeza preciso de ajuda psiquiátrica, estou maluca!
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afterlife
Fanfiction❪ ross lynch ❫ ❝você vai me encontrar depois da vida?❞ onde Ross, sem saber, realiza um dos sonhos de Muni. ⵌ cover by @alaskayxc ❪skysolo, premades❫ ⵌ started: 01 de janeiro de 2020 ⵌ finished: 05 de fevereiro de 2020