O AMOR É MAIS RESISTENTE QUE O TEMPO (SHINKAMI)

#Capítulo Quatro:

— Pera, deixa eu ver se entendi, você quer que eu te ajude a pedir o Kaminari em namoro, é isso?

Deku repetiu mais uma vez, com o cenho franzido, desacreditado no que ouvia. Shinso havia lhe mandando uma mensagem pedindo para que os dois se encontrarem no lado de fora da escola, onde estavam agora, sentados na grama embaixo de uma árvore, afastados de todos o bastante para que ninguém escutasse.

— Eu não sei, Shinso, eu não sou nenhum expert nesse assunto....Você deveria procurar a Mina, ela é ótima nisso.

O roxinho revirou os olhos, como se fosse óbvio a resposta.

— Eu duvido muito que ela fosse me ajudar, se fosse o caso.

Lembra quando Shinso disse que só havia ficado com uma pessoa em toda sua vida? Então, fora a garota de pele rosada e uma língua áspera, e ela não ficou muito feliz em saber que foi usada como tentativa de esquecer outra pessoa. Então, como se fosse uma lâmpada acendendo em sua cabeça, Shinso teve uma ideia.

— Vamos fazer um acordo, você me ajuda a me declarar pro Pikachu e eu te ajudo com o meio a meio, que tal?

A frase foi o suficiente para fazer o esverdeado corar dos pés a cabeça, e apressadamente, gaguejando as palavras, tentar negar aquilo em um colapso nervoso. Mas era tarde demais, via no olhar de Shinso que ele já estava convencido, e sabia bem que o menino não tirava as coisas da cabeça tão fácil.

— Eu.. bem...er.... c-como você sabe sobre isso? — Perguntou coçando o pescoço, em um ato desconfortável, e o roxo riu.

— Eu não sou cego, Deku, vejo o modo como você olha pra ele.

O esverdeado riu constrangido, não era tão na cara assim, era? Não, não é possível que fosse tão ruim assim em esconder segredos, se fosse, Todoroki já teria descoberto. Oh céus, será que ele sabia? Como chegaria perto dele outra vez? estava tão envergonhado.

— E então, o que me diz?

Midoryia suspirou fundo, derrotado. Não faria mal nenhum tentar, não é mesmo?

— Okay, eu topo.

— Só não venha reclamar comigo quando o meio a meio perceber os litros que você baba pra ele.

Uma expressão de falso choque tomou o rosto de Deku, que empurrou fraco o ombro do amigo, gargalhando com o mesmo enquanto deitavam na grama, conversando melhor sobre o plano. Passando pelo corredor do segundo andar, Kaminari olhou distraidamente para a janela, e parou no lugar quando identificou as duas pessoas conversando no pé da árvore. Sentiu seu coração apertar em ciúmes, mas voltou a caminhar, fingindo que aquilo não lhe machucava tanto.

As aulas haviam terminado e, como de costume, Shinso e Denki iam embora juntos. Os dois caminhavam lado a lado, seguindo o caminho tão conhecido, mas cada um perdido em seus próprios pensamentos. Na mente do colorido repassava o plano desde o começo, relembrando a lista do que seria necessário comprar pra que o mesmo fosse realizado com sucesso, afinal de contas, queria que tudo fosse perfeito.

Enquanto, na mente do loiro, o mesmo trabalhava em alguma maneira delicada de tocar no assunto de hoje, sem parecer indiscreto ou enciumado. Ainda conseguia sentir seu coração parar quando se lembrava da cena presenciada hoje de manhã, lógico que sabia que o amigo encontraria alguém um dia, Shinso não tinha culpa de ser a paixão de um moleque covarde, mas nunca esperaria que acontecesse tão cedo.

— Então..... você e o Midoryia, em? Não sabia que vocês eram tão próximos.

Kaminari perguntou, soltando um sorriso que implorou aos céus pro amigo não perceber o quão falso era, e voltou a encarar a sua frente, impedindo que o colorido visse seu verdadeiro estado. Shinso franziu o cenho, curioso pela escolha de assunto do loiro.

— Não somos, mas ele realmente é uma ótima pessoa, vem me ajudado bastante.

Ver como o amigo sorria ao falar sobre Midoryia destruiu todas as suas barreiras, e de repente se sentiu pequeno, inseguro, percebendo o quanto era indiferente na vida de Shinso. Não podia esperar que ele parasse sua vida por sua causa, não era justo, ele merecia encontrar alguém que o aceitasse, que visse seus defeitos e enxergasse que, além deles, existiam o dobro de qualidades.

Alguém que o olhasse nos olhos quando falava, que não se cansasse de seus beijos, que o contemplasse enquanto dormia e que o abraçasse quando estivesse triste, lhe fazendo sorrir em momentos onde a solidão se apodera. Ele merecia cada gesto, cada olhar, cada sorriso de carinho, e merecia alguém insanamente, inexplicavelmente, perfeitamente e completamente apaixonado por ele.

Denki queria ser essa pessoa, doía vê-lo amar outro, mas, sem dúvidas, a pior dor de todas era saber que não poderia amar outra pessoa, pois seu coração egoísta escolheu alguém que não podia ter. Queria ter o poder de apagá-lo da memória, e como queria, só Deus saberia quanta dor seria evitada, mas, mesmo se tivesse, não conseguiria o apagar, não tinha coragem, pois tudo que passaram juntos foram os melhores momentos de sua vida.

— Hum....

Foi tudo que conseguiu responder, sentindo seus olhos arderem pelas lágrimas que imploravam para serem derramadas. Mas, ao contrário do que se espera, ele sorriu para o amigo que retribuiu, não sabendo que, por trás daquele sorriso, escondia um coração que sangrava a cada batida.

Amá-lo foi o seu melhor erro.