#Capítulo Seis:

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Como se adivinhasse a melancolia do dia, o tempo fechou e gotas começaram a cair do céu, apenas formando palco para o grande espetáculo

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Como se adivinhasse a melancolia do dia, o tempo fechou e gotas começaram a cair do céu, apenas formando palco para o grande espetáculo. O cheiro familiar de grama molhada se fazia presente, adentrando as narinas de todos para marcar seu território, mostrar que havia chegado.

A chuva começou a apertar, obrigando o uso de guarda chuvas, mas Denki não se importava de estar ensopado. Na verdade, se tivesse que listar, tomar um banho de chuva estaria bem no final das coisas que deveria se preocupar agora. Passando afobado pela multidão, esbarrando não intencionalmente em ombros alheios com a chuva disfarçando as lágrimas que rolavam pela sua face, Kaminari conseguia pensar em nada e em tudo ao mesmo tempo.

Se sentia um brinquedo quebrado, tirado a força da prateleira e jogado na lixeira. Não estava preparado pra isso tudo, por céus, deveria ser algum tipo de masoquista por, mesmo nessa situação, se permitir continuar alimentando sentimentos. Como podia ser tão tolo? Sua mente lhe pregando peças, os pensamentos lhe deixando doentes, a insegurança pisando em si, lhe diminuindo cada dia até não sobrar nada além de um cadáver no chão.

— Denki!! Espera!!

Ignorou os chamados e apertou o passo, não conseguiria olhar pra Shinso e fingir que estava bem quando na verdade estava desmoronando. Um dominó caindo de cada vez, levando todas as peças ao mesmo destino. Catastrófico. Sentiu um aperto no braço, e de repente foi impedido de prosseguir pelo amigo que o segurava. Assim como Kaminari, ele não se encontrava diferente, ensopado dos pés a cabeça pela chuva que intensificou, ofegante da corrida, mas observava o loiro preocupado. Sabia que algo estava errado com o amigo.

— Eu tô bem.

Kaminari que quebrou o silêncio, tranquilizando o amigo e colocando um sorriso no rosto, engolindo toda dor que sentia. Apenas uma máscara e Shinso conseguia ver isso tão transparente como vidro. Por mais que falasse, seus olhos não mentiam, e ver aquela mágoa no olhar do loiro o quebrou por inteiro. Odiava ver o garoto que amava assim, e odiava mais ainda não saber o que fazer pra ajudar.

— Não minta pra mim.

Denki não se sentia confortável em compartilhar algo e isso magoava o roxinho, fazia-o crer que o amigo não confiava em si. Queria aquele Denki brincalhão de novo, queria ver a felicidade voltar ao olhar ensolarado que aquecia todos a sua volta, e faria de tudo para tê-lo de novo. Shinso soltou o braço do amigo, notando que ainda o apertava, e Kaminari abaixou a cabeça, não conseguindo encarar o amigo.

Mentir para Shinso era algo que não conseguia, tinham uma ligação tão forte que até mesmo sabiam dizer o que o outro havia comido no almoço, sem nem ver. Mesmo se os sentimentos mudassem, mesmo se o amor virasse ódio, eram interligados por um fio inquebrável, sempre teriam uma conexão.

— Não sabia que você era tão bom em ler as pessoas. — O loiro disse, dando um pequeno sorriso ladino.

Shinso nunca foi bom em dizer o que sentia em voz alta, sempre guardava pra si e aquilo ia formando uma bola de neve em sua garganta, até o momento que era necessário derrete-la. Sempre haveria a explosão, e quando isso acontecia, não conseguia controlar a língua e as palavras simplesmente fugiam de sua boca, como a letra de uma linda canção. Foi por isso que, mesmo com o coração tamborilando dentro do peito e a mente a mil, deixou as palavras fluírem movidas pela adrenalina do momento.

— Eu não sou bom em ler pessoas, só você.

Aquelas palavras pesaram no estômago do loiro, que rapidamente levantou a cabeça em choque, encarando as íris cor de vinho. Não podia Shinso sentir o mesmo, podia? Engoliu a seco com o barulho do seu coração acelerado ecoando pelos seus ouvidos, as famosas borboletas se agitando em seu estômago enquanto o Hitoshi se aproximava, unindo suas mãos e as pondo contra seu peito, que subia e descia como uma bala no alvo.

— Você tá sentindo isso? É como você faz meu coração ficar toda vez que eu te vejo. — Denki sentiu o pulmão queimar em busca de ar e soltou o ar que nem notava que prendia.— Não existe nenhuma versão de mim que não seja completamente apaixonado por você. Você é o meu frio na barriga, minhas borboletas no estômago e a inspiração 'pros meus poemas. Eu já conheci muitas pessoas, mas nenhuma delas foi capaz de me fazer sorrir como você me faz e isso é loucura. Nós somos loucura.

Kaminari mantinha os olhos arregalados, absorvendo tudo que escutava. Os trovões, apenas um bônus do clima, soando como a orquestra para o cenário principal. O loiro sentia o sangue percorrer por todas suas veias, era como se de repente estivesse vagando pelo universo, em órbita. Depois de anos sempre sonhando com esse momento, não imaginava que seria assim, e pra falar a verdade, isso era bem melhor que qualquer imaginação sua. Era real, e era perfeito.

— Eu te amo por completo, Pikachu, te amo com todo meu ser.

Kaminari não esperou mais e tomou os lábios de Shinso contra os seus em um beijo, as línguas se encontraram trazendo um choque, tamanha intensidade e vibração do momento. O Hitoshi arfou em surpresa, mas correspondeu na mesma intensidade, segurando a cintura do loiro, apertando a carne em prova de que aquele momento realmente estava acontecendo enquanto o outro contornou seu pescoço com os braços, juntando mais seus corpos

Cada sentimento que não conseguiam por em palavras era transmitido por suas bocas, em um ósculo urgente e necessitado. Os dois sentiam que nunca mais queriam respirar, só pra não perder um segundo daquele momento. O primeiro beijo do casal, ali naquele parque em um dia chuvoso, tão digno quanto um filme clichê. Mas era isso que os dois mereciam, um clichê.

Mereciam viver todas as tristezas, todas as alegrias, todas as lágrimas e todos os sorrisos. Mereciam vivenciar tudo. Terminaram o beijo ofegantes e juntaram as testas, sorrindo um para o outro ainda de olhos fechados, com seus corações aquecidos. Sentiam vontade de gritar pro mundo inteiro ouvir, mas de fato, o mundo não precisar saber, mas sim só os dois. Era melhor do que qualquer conto de fadas, era algo verdadeiro, algo puro e simples.

Um sentimento que não queriam nunca esquecer.

Um sentimento que não queriam nunca esquecer

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O AMOR É MAIS RESISTENTE QUE O TEMPO (SHINKAMI)Onde histórias criam vida. Descubra agora