#Capítulo Cinco:

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— Nē, a quanto tempo estamos andando? Quase não sinto minhas pernas, e essas sacolas pesadas também não ajudam muito

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— Nē, a quanto tempo estamos andando? Quase não sinto minhas pernas, e essas sacolas pesadas também não ajudam muito.

Shinso reclamou pela milésima vez naquele dia, enquanto se arrastava seguindo Midoryia pelo shopping, já que estava sendo usado como escravo pessoal do amigo, que o mandava segurar tudo que comprava. O verdinho lançou um olhar emburrado pro colorido, cansado de reclamações.

— Todas essas compras são pra você, seu idiota, então se você quer que tudo dê certo no seu plano ultra mega romântico, cale a boca e pare de reclamar.

O roxinho jurou que viu fumaça saindo das orelhas do rapaz e o comparou mentalmente com uma panela de pressão, já que ele estava vermelho como um camarão. Continuou seguindo-o, e dessa vez de boca calada, não queria mais irritar o amigo que estava o ajudando de bom grado.

Continuaram comprando as coisas necessárias até terminarem a lista e, quando as barrigas começaram a roncar, resolveram comer, já que haviam comprado tudo, poderiam comer e ir embora. Foram para a praça de alimentação e dividiram uma pizza juntos e depois, já na saída, resolveram comprar sorvetes, casquinhas no sabor baunilha.

— Ei, ta sujo aqui. — Midoryia avisou ao amigo, que tateou o rosto em busca da sujeira.

— Onde?

— Bem aqui.

O dedo, antes sujo de sorvete, foi parar bem no rosto do colorido, que ficou boquiaberto, desacreditado, enquanto Izuku abriu um grande sorriso brincalhão. Shinso arrastou as costas da mão no canto do rosto, lentamente, limpando o estrago e encarando o verdinho, o fulminando pelo olhar.

— Você tem cinco segundos pra correr ou você morre.

E, como as duas crianças que eram, começaram uma perseguição pelo shopping, com Midoryia gargalhando observando o amigo que tentava correr atrás dele com todas aquelas sacolas, quase tropeçando inúmeras vezes. Era uma cena única e engraçada de se ver. De repente, Shinso, que estava com a visão debilitada pelas várias sacolas, sentiu seu corpo entrar em contato com algo ou alguém e caiu sentado no chão.

— Me desculpe, não foi intencional.

Aquela voz tão conhecida. O roxinho rapidamente levantou a cabeça, seu olhar se cruzando com as íris quentes únicas de Denki, donas de toda sua atenção, que agora lhe fitavam em um misto de surpresa e confusão, pensando no por que não havia sido convidado para irem juntos ao shopping, afinal, eram melhores amigos, uma programação completamente normal entre eles.

Já se faziam anos desde que foram ao shopping sozinhos, sem a presença um do outro, e era algo tão raro que, quando acontecia, parecia não ter graça, como se algo faltasse. Ou melhor, alguém. E particularmente Shinso amava vir ao shopping acompanhado do loiro, era fofo ver o amigo preso na máquina de bichos de pelúcia, com os olhos brilhando em exitação, enquanto tentava (só tentava, mesmo) pegar um grande Pikachu de pelúcia.

Aquele maldito pokémon ainda continuava lá, silenciosamente gozando de suas caras com aqueles olhos de botão. Sabe-se lá quantas vezes o colorido voltou lá sozinho afim de consegui-lo para presentear Denki, mas todas as vezes foram um fracassos. Menos para os donos da loja que, com certeza, estavam muito felizes com o lucro que receberam só pelas tentativas do roxinho.

— Shinso!!

Kaminari viu a figura esverdeada se aproximar afobada, e observou Deku se ajoelhar ao lado do amigo, preocupado, verificando se o mesmo estava bem. Sua ficha caiu. Eles estavam em um encontro. Como uma bomba detonando em segundos, seu coração acelerou, a boca secou e o ar lhe faltou aos pulmões. Encontro. A palavra ressoava em sua cabeça como uma sentença de morte.

De repente sentiu como se o mundo tivesse puxado o tapete de debaixo de seus pés, apenas pra assistir uma queda longa e dolorosa até o limbo da emoção. Eram tantas informações, tantos sentimentos de uma vez só que não sabia como lidar com isso agora, e não queria, não na frente de todos. Não se permitiria.

Oh... Denki, oi! O que faz aqui? — Shinso levantou apressado, dando batidinhas na calça, tirando a poeira.

Kaminari piscou freneticamente, voltando ao mundo real. Abriu a boca, forçando as palavras a saírem, mas a fechou novamente, notando que, pela primeira vez na vida, não tinha o que dizer. Não sabia o que dizer. Seu corpo todo tremia, e inconscientemente, abraçou a si mesmo, numa tentativa patética de auto se proteger.

Estava em pânico.

Shinso se aproximou do loiro, esticando o braço para encostar no amigo que desmoronava a sua frente, mas Denki recuou dois passos pra trás, como uma vítima que foge de seu predador quando percebe o perigo eminente. O colorido franziu o cenho, confuso e preocupado com as reações estranhas de Denki.

— Denki? Você tá bem?

Não, não estava bem, não estava nem um pouco bem e todos conseguiam ver isso. Por que? Porque era um maldito egoísta, uma criança mimada que não consegue dividir seus brinquedos. Idiota demais, invés de trabalhar na superação, anos e anos de possibilidade, mas não fez, só adiou a cada dia.

Podia ter impedido todo esse desastre se não fosse fraco demais.

Eu preciso ir.

Foi tudo o que conseguiu sussurrar antes de sair correndo do local como se sua vida dependesse disso. Shinso abriu a boca, abismado, querendo gritar o amigo, mas ele não estava mais em sua vista. Fechou o punho indignado, preocupado, queria saber o que tanto se passava pela cabeça do loiro, mas tinha medo de não conseguir lidar com a resposta.

Um estalo.

Shinso pôs a mão na testa, tocando o lugar dolorido, observando descrente o amigo esquecido a sua frente.

— Ai! Isso doeu, sabia?

Midoryia revirou os olhos, sem paciência para explicar o que era óbvio. Não entendia como o amigo podia ser tão inteligente para algumas coisas, e tão lerdo para outras. Parecia que, quando o assunto era um certo loiro, todo seu corpo entrava em alerta, e seu cérebro demorava a raciocinar. Kaminari lhe causava um verdadeiro curto no circuito.

— Vai atrás dele.

O roxinho o encarou, seus olhos transmitindo toda a insegurança e desespero que sentia.

Por que? — Perguntou o Hitoshi, em um fio de voz.

Deku pôs os braços nos ombros do colorido, tendo sua atenção, e sorriu compreensivo vendo o amigo se apoiar em si, prendendo a respiração, ansioso pela resposta que precisava escutar.

— Porque vocês dois são dois idiotas que não conseguem perceber que se amam.

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O AMOR É MAIS RESISTENTE QUE O TEMPO (SHINKAMI)Onde histórias criam vida. Descubra agora