#Capítulo Doze:

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A escuridão já começava a dominar o céu de fim de tarde, o laranja sendo imerso a negritude, acompanhado da fria ventania comum de anoitecer

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A escuridão já começava a dominar o céu de fim de tarde, o laranja sendo imerso a negritude, acompanhado da fria ventania comum de anoitecer. Shinso caminhava a passos longos pela movimentada rua, carregando sacolas de supermercado cheias em suas mãos. Estava um clima agradável, gostava de frio, andava sem pressa, sentindo a brisa gelada abraça-lo e corar as bochechas. Era sábado, dia de folga do trabalho, e agradeceu aos céus por isso, pois jurava que, se visse a palavra lei mais um vez, iria explodir. Advocacia não era fácil. Mesmo depois de terminar a faculdade, o aprendizado nunca terminava. Era muita burocracia, muito estudo. Suspirou, estalando o pescoço, afastando os pensamentos, não era hora de pensar no trabalho, e enfim notando que chegara na porta de casa.

Girou a chave, a porta rangeu ao ser aberta, não foi necessário mais que dois passos para logo ser envolvido pela melodia acústica que ressoava por toda casa, trazendo vida aos cômodos vazios. Jogou as chaves no móvel de entrada, retirou os sapatos, substituindo por confortáveis pantufas a sua espera, e seguiu em direção a cozinha, onde deixou as compras sob a pia antes de ir atrás da fonte daquele som. A medida que seus pés o guiavam pelos corredores, a música ia ficando mais alta. Olhou para os quadros pendurados no caminho, os infinitos congelados, momentos que nunca se esqueceriam. Não pode evitar de tocar na moldura de um em específico, bem destacado no meio da parede amarela pastel do corredor. Os dois abraçados, em frente a casa bege, com grandes sorrisos que nunca cessariam. O dia que se mudaram.

Sorriu, encarando a moldura por mais alguns segundos antes de seguir até a porta do quarto. Essa estava aberta, conseguia imaginar perfeitamente as notas músicas saindo por ela, como em um desenho animado, o x do tesouro pirata, indicando que o que procurava estava ali. Pôs o rosto na fresta da porta, sorrindo apaixonado e se encostando ali, apreciando a vista que nunca se cansaria. Sentado a cama, Kaminari dedilhava o violão, despreocupado, com grande parte do cabelo, agora mediano, preso a um coque despojado. Vestia uma blusa gola alta branca de lã, essa a qual sua sogra havia dado, vale ressaltar, uma calça moletom preta, e meias cinzas estampadas com raios amarelos. Denki tocava sem nenhum objetivo, apenas se aventurando pelo conjunto de cordas, e desvendando resultados.

Todo o corpo do loiro vibrava junto, a música transbordando dentro de si, como se respirar fosse uma arte. Shinso fechou os olhos, as costas encostada na batente, inspirando aquele momento enquanto um filme de suas vidas lhe passando a cabeça. Só eles sabiam o que passaram. No começo da faculdade, ficaram felizes de estarem na mesma, tiveram que morar em dormitórios diferentes e dividindo quarto com colegas de sala, mas ainda conseguiam se ver. O loiro havia começado a fazer arquitetura, e continuou por um tempo, porém não demorou para descobrir que seu verdadeiro amor era a música, e então foi em busca do seu sonho, conseguindo uma bolsa em outra faculdade a vários quilômetros de distância. Shinso ficou devastado, via pouco o namorado, mas depois de toda mudança, era quase impossível conciliar estudo e romance.

Mesmo com o coração na mão, sentia-se imensamente feliz pelo sucesso do namorado, e ver aquele sorriso no rosto do loiro fazia todo esforço valer a pena. Contou tudo para os pais, desabafava horas no celular com a mãe quando não estava em vídeos chamadas com o loiro, o que era praticamente todos os dias, e já perdeu as contas de tantas as vezes que quis desistir, largar tudo e sair correndo pros braços de seu amor. Vendo tudo que acontecia, a matriarca, junto do marido, pegaram todas as economias que tinham guardados em nome de Shinso, e não existia melhor momento para usá-las do que em uma casa para os dois. A mais velha ainda conseguia lembrar perfeitamente do sorriso gigantesco do filho e os olhos emocionados do genro quando visitaram o apartamento vazio pela primeira vez, a pequena Eri-chan, que já era uma mocinha de três anos, foi alvo de total felicidade dos dois, sendo abraçada e rodopiada pelo ar.

O AMOR É MAIS RESISTENTE QUE O TEMPO (SHINKAMI)Onde histórias criam vida. Descubra agora