Um não tão Feliz Natal!

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                                        Peter

Quando chegamos no colégio a mãe da Lu a esperava na porta da escola. E como estava chovendo aceitei a oferta da carona. Achei estranho minha mãe não está ali, ela não costuma se atrasar. Quando ela mandou mensagem avisando que teve um imprevisto e que estava indo. Avisei que eu já tinha pego carona, mas percebi que algo estava errado pela mensagem.

A Lu ao meu lado parecia ainda mais tensa, nem mesmo se movia e cada vez que eu a tocava, percebi que ela olhava o retrovisor, para ver se sua mãe tinha notado. Achei estranho, mas conhecendo a Lu sei que ela e sua mãe devem ter tido a grande "conversa". E que ela está constrangida com a possibilidade de que sua mãe perceba que demos esse passo. Então, a deixo em paz, e me distraio com o Rô que faz questão de me contar tudo de maneiro que ele fez enquanto estávamos fora.

Quando paramos na minha porta, minha mãe me espera do lado de fora. E apesar de ela forçar um sorriso pra Lu e para a mãe dela. Conheço-a o suficiente para saber que não passa de atuação. Assim que o carro delas vira a esquina a questiono.

_ O que há de errado?

_ É melhor você entrar conversamos lá dentro. – ela diz já se desfazendo do sorriso forçado e revelando sua inquietação.

Pego minha mala do chão e a sigo para dentro, com ela tagarelando de forma nervosa.

­_ Eu devia ter contado antes, mas não quis estragar a viagem. Você parecia tão feliz, deve ter se divertido muito querido! – O nervosismo era nítido em sua voz.

_ Mãe o que está havendo? – pergunto preocupado.

_ Não há nada errado! Sua mãe é quem nunca soube fazer surpresas! Não é mesmo querida! – a voz sai da cozinha revelando um homem bem à-vontade na mesa de drinks. Ao mesmo tempo que minha mãe o contradiz.

_ Eu não sou sua querida a muito tempo Jorge! – minha mãe declara ofendida.

E eu levo um tempo até assimilar.

_ Pai?! – minha voz sai mais surpresa do que feliz. E vejo minha mãe me olhar compassiva.

_ Não está feliz em ver seu pai garoto? – ele pergunta oferecendo um abraço, mas reconheço o sutil tom ameaçador que ele tem, que sempre força todos a obedecerem ao que ele pede.

_ Claro pai! Como vai? – o cumprimento com o máximo de cordialidade que consegui. E por de traz do abraço lanço um olhar para minha mãe que questiona o que ele faz aqui. E ela me devolve um dizendo que não faz ideia. E pelo seu comportamento sei que se sente mais incomodada que eu.

_ Você está mais forte que da última vez que te vi. Já se tornou um homem filho. – ele comenta testando meu perto de mão.

_ Obrigado pai. Vou guardar isso. – digo erguendo a mala do chão.

_ Claro filho, vai lá. Tome um banho para jantar conosco, sua mãe está fazendo lasanha. Nossa favorita! – ele tem a cara de pau de falar da mesma forma que dizia quando eles eram casados. Como se a traição e o divórcio nunca tivessem acontecido. Olhei para traz sentindo a indignação borbulhar dentro de mim. Estava pronto para lhe dizer umas verdades. Mas, encontrei o olhar de minha mãe aflito me pedindo para deixar para lá. Então engoli minha raiva antes de responder.

_Claro pai. – minha voz saiu dura, mas, ele parece nem mesmo ter notado. Pelo sorriso patético que surgiu em seu rosto.





Depois de quase meia hora com a cabeça debaixo da água fria acho que estou frio o bastante para suportar o comportamento insano do meu pai. Mas, quando entro na cozinha tenho certeza de que não será tão fácil assim, já que minha mãe serve a mesa, com vestido chique demais para jantar em família, enquanto ele lê o jornal a mesa, aguardando a comida ser servida. E me sinto sendo transportado a um ano atrás quando essa cena ainda era algo comum e não desconfortável, para mim.

Uma possível história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora