Ela também estava ensopada da chuva. Seus olhos violáceos pareciam arrependidos. Mas Gintoki estava tão aborrecido que seguiu sua caminhada sem lhe dirigir qualquer palavra. No entanto, a kunoichi loira segurou a manga do quimono do ex-samurai albino, impedindo-o de avançar mais um passo.
— Espera, Gintoki!
— O que você quer? Me espancar de novo?
— Sinto muito. – ela respondeu. – Eu não fiz por querer.
— O que você faz parece que nunca é por querer.
— Eu... Eu fiquei com ciúme. Eu tentei, mas não consegui me segurar. Ainda mais com aquela quatro-olhos em cima de você...!
O Yorozuya passou a mão pelo rosto encharcado, para poder retirar a água que escorria pelo rosto e atrapalhava sua visão. Suspirou aborrecido e disse:
— Você deveria ter confiado em mim, Tsukuyo.
— Eu sei. É que eu nunca passei por isso antes. – ela respondeu cabisbaixa. – Acredite, é tudo novo pra mim. Eu nunca fiquei assim por causa de alguém antes.
Gintoki olhou para ela ainda com alguma desconfiança.
— É, realmente é estranho. Mas até te ver, eu não sentia isso. Eu... Não me sentia e nem agia como uma mulher. Esta cicatriz no meu rosto não me deixava fazer isso. Sempre me lembrava que eu abri mão de ser uma mulher.
— Se você realmente abrisse mão de ser uma mulher, para começar, você abriria mão até dos seus peitos.
Por mais que a observação de Gintoki soasse rude e até mesmo estranha, era algo que o cobria de razão. Ela nunca havia deixado de ser mulher.
— Você está certo. – Tsukuyo disse. – Eu é que tô agindo como uma boba. Eu quero tentar de novo agir melhor com você. Evitar te agredir e me controlar, não ser tão ciumenta. Mas eu não gostaria de te ver com outra mulher. Parece bobagem, mas isso me machuca.
O ex-samurai cedeu:
— Então vamos tentar de novo. Mas quero que confie em mim. E não me bata se eu fizer isto!
Rapidamente, ele roubou-lhe um beijo. Estava louco pra fazer isso, mas não tivera a oportunidade antes. Embaixo de chuva que ainda persistia, aquele beijo era voraz e refletia o quanto ele queria fazer aquilo logo, mas só tivera coragem agora. Se tivesse que apanhar, apanharia feliz após tascar um beijão naqueles lábios macios.
No entanto, Tsukuyo não o agrediu. Pelo contrário, ela acabou gostando da surpresa. Sentiu que ele queria apenas a ela. Viu que a atração era recíproca agora. Ambos, ensopados, se beijavam sem tempo para respirar, devoravam os lábios um do outro com muita urgência.
Logo que se separaram para respirar, Gintoki tomou a liberdade de soltar os cabelos da loira. Estavam molhados, óbvio, mas eles emolduravam o rosto dela, conferindo-lhe um ar mais inocente. Engraçado como um cabelo preso muda a fisionomia das pessoas.
Tsukuyo afastou uma mecha do cabelo prateado do Yorozuya, para ver melhor aqueles olhos rubros tão incomuns. Para olhos de peixe morto, eram olhos até bem vivos... E de certa forma eram hipnotizantes... Tão hipnotizantes, que a kunoichi não resistiu e, desta vez, ela tomara a iniciativa para mais um beijo molhado pela chuva.
Mais uma vez os lábios macios de Tsukuyo tomavam os lábios de gosto adocicado de Gintoki. Tal era a intensidade, que dava para se notar que os dois formavam, de fato, um casal apaixonado.
Não estavam nem aí para a cena clichê na qual eles estavam inseridos. Pelo contrário, continuavam entregues àquele momento, parecendo que nada mais existia ao redor. E era isso o que realmente importava, pois queriam apenas um ao outro e nada mais.
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Isto não é mais um romance água-com-açúcar
Fiksi PenggemarTsukuyo sente-se pressionada a colocar para fora tudo o que sente com relação a uma certa pessoa. Como passar por cima de seus temores e admitir o que sente? E qual será a reação dessa pessoa?